Fala Produtor - Mensagem

  • Mário Sérgio Cardim Neto São Paulo - SP 20/03/2008 00:00

    "Conheça seus bancos - a quebra do Bear Stearns"

    Mais um grande banco que fica insolvente e que tem que ser rapidamente absorvido por outro; desta vez, o conglomerado financeiro mundial Bear Stearns, um conjunto de diversas instituições financeiras fundado em 1923, com 14 mil empregados, e uma forte atuação no mercado de hipotecas americano, foi comprado às pressas pelo JP Morgan, por dois dólares a ação, ações que estas que estavam há menos de um ano acima de cento e cinqüenta dólares!

    Não são apenas os brasileiros que precisam conhecer melhor seus bancos; os americanos, europeus, japoneses e demais pessoas e empresas dos outros países também precisam se debruçar sobre os relatórios, balanços, ratings, etc. para constantemente avaliar seus bancos e assim reduzirem a chance de perder dinheiro.

    “O problema central, contudo, quer nos Estados Unidos, quer também no Brasil, é que as demonstrações financeiras, os relatórios periódicos, as classificações das agências de rating e os pareceres das auditorias, muitas e muitas vezes são ‘enviesados”, são comprados e pagos pelos bancos e, portanto não são completamente confiáveis. Vejamos o caso do Bear Stearns:

    O gráfico mostra a evolução das ações “BSC” na Bolsa de Nova Iorque[1], que há um ano estavam em US$ 150 e que acabaram em dois dólares, compradas “por favor” elo JP Morgan.

    O último relatório anual (2006) mostra o CEO James Cayne se vangloriando de ter atingido ativos de trezentos e cinqüenta bilhões de dólares, mas uma análise mais detalhada mostra um relativamente pequeno patrimônio (doze bilhões de dólares) e, portanto uma alavancagem de 29 vezes. Esse índice para o conjunto de cem bancos do Brasil em 2006 é de apenas 11,6 vezes[2]. Além disso, o relatório de 2006 do Bear Stearns já indicava ativos de US$ 43 bilhões compostos por hipotecas imobiliárias, quase quatro vezes seu patrimônio. Um decréscimo de 10% no valor dessas hipotecas significaria uma perda de 36% no capital e uma perda total de sua liquidez de curto prazo.

    Essa é a asfixia mortal de qualquer banco, em qualquer país do mundo: perder sua liquidez de curto prazo pela deterioração da qualidade e solvência de seus ativos. No Brasil, o recente episódio do Banco Santos terminou pela falta de dinheiro para cumprir suas obrigações de curto prazo. Por essa razão, dizemos e repetimos: conheça seus bancos!

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