Abacaxi no Maranhão: Principais pragas, manejo integrado e uso correto e seguro de pesticidas agrícolas

Publicado em 06/12/2024 17:05
Por J.O. Menten, Prof. Sênior USP/ESALQ e Presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)

Em 15 de novembro de 2024, tive a oportunidade de participar do Seminário sobre as Práticas do Uso de Agrotóxicos na Cultura do Abacaxi, organizado pela AGED e SAGRIMA, do Governo do Maranhão, com o apoio da Prefeitura de São Domingos do Maranhão e diversas instituições, entre elas o IMABA (Instituto Maranhense do Abacaxi). No evento, ministrei duas palestras: (1) Manejo fitossanitário na cultura do abacaxi e (2) Uso correto e seguro de pesticidas na cultura do abacaxi.

Mais de 100 técnicos e produtores participaram, demonstrando a relevância do seminário. São Domingos do Maranhão é o maior produtor de abacaxi do estado, e o Maranhão ocupa a 8ª posição no ranking nacional, sendo superado por Pará, Paraíba, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Tocantins, São Paulo e Rio Grande do Norte. O Brasil, com uma produção de 2,5 milhões de toneladas em 70 mil hectares, é o 4º maior produtor mundial, ficando atrás de Indonésia, Filipinas e Costa Rica.

Originário da Amazônia, o abacaxi é a 4ª fruta mais produzida no Brasil, com um valor de produção de R$ 2,22 bilhões. Assim como ocorre com outras frutíferas, a produção é quase totalmente absorvida pelo mercado interno. A fruta é rica em vitaminas, sais minerais e fibras, além de bromelina, uma enzima que auxilia na digestão e apresenta propriedades anti-inflamatórias. O abacaxi também possui ação diurética, contribuindo para o bom funcionamento do sistema imunológico, intestinal e cardiovascular.

A cultivar Pérola é responsável por mais de 80% da produção nacional. Além do consumo in natura, o abacaxi pode ser industrializado em formas como suco, geleia, desidratado ou liofilizado. Entre os maiores desafios do setor está a diversificação da oferta para alcançar o mercado externo.

No campo, a cultura enfrenta diversas pragas, incluindo doenças causadas por fungos (fusariose, mancha negra, podridão negra dos frutos, podridão do olho e podridão das raízes), bactérias (doença rosada e podridão aquosa do fruto), vírus (murcha) e nematoides (galhas, reniforme e lesões), além de problemas como a queima do sol. Insetos (broca do fruto, broca do talo, cochonilha e percevejo) e ácaros alaranjados também podem atacar a plantação. Essas pragas, que podem reduzir a produção em até 40%, devem ser controladas por meio do manejo integrado sustentável.

Se necessário, é possível utilizar pesticidas agrícolas devidamente registrados para a cultura, incluindo produtos químicos e biológicos. No entanto, por ser uma “minor crop” ou CSFI (Cultura com Suporte Fitossanitário Insuficiente), é essencial ampliar o número de pesticidas registrados para viabilizar um manejo sustentável e legal.

O uso de pesticidas, tanto químicos quanto biológicos, deve seguir práticas corretas e seguras, que incluem a aquisição com receita agronômica, transporte adequado, armazenamento correto, uso de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), preparo de calda, aplicação com tecnologia adequada e destinação correta de sobras e embalagens. Esses cuidados permitem a certificação e rastreabilidade da produção, consolidando mercados e melhorando a qualidade de vida dos produtores.

O IMABA (Instituto Maranhense do Abacaxi), criado em 2022, está sediado em São Domingos do Maranhão, a cerca de 380 km de São Luís, na região central do estado, em uma área de transição entre os biomas Amazônia e Cerrado. Com experiência no cultivo do abacaxi desde 1980, o município foi reconhecido como “Capital do Abacaxi” por meio de decreto estadual.

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Por:
José Otávio Menten
Fonte:
CCAS

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