Como a “hiperpersonalização” impacta o agronegócio
A adoção de tecnologias digitais já é realidade entre os produtores rurais. Da preparação do solo à colheita, passando pela aplicação de nutrientes e defensivos, a gestão das atividades no campo requer cada vez mais soluções modernas e inteligentes que agreguem valor à produção, em consonância à necessidade de práticas agrícolas sustentáveis para atender a crescente demanda por alimentos em nível global.
No Brasil, conforme levantamento feito por Embrapa, Inpe e Sebrae, 84% dos agricultores utilizam alguma solução tecnológica. O uso de ferramentas, entre outras finalidades, está concentrado na previsão climática e no mapeamento das propriedades. Neste ambiente digital, a chamada “hiperpersonalização” tem se destacado no agronegócio.
O termo, originalmente relacionado ao marketing, busca oferecer uma experiência altamente personalizada aos consumidores. Adaptado ao universo agro, a “hiperpersonalização” utiliza dados detalhados para criar soluções específicas e individualizadas. Essa prática permite fornecer recomendações customizadas no campo, otimizando, por exemplo, cada talhão agrícola de forma precisa e eficiente.
O mais interessante é que isso é viável tanto para as grandes empresas do agronegócio quanto para o seu protagonista: o produtor rural. Tecnologias avançadas de análise de dados tornam possível transformar dados em conhecimento, permitindo decisões mais assertivas sobre plantio, irrigação, fertilização e colheita. Esse nível de personalização não só maximiza o rendimento e a qualidade das culturas, mas também reduz custos e minimiza o impacto ambiental.
E é neste cenário que o papel das agtechs é fundamental. As startups agro estão na vanguarda da transformação digital do setor, utilizando dados personalizados para otimizar a produção e aumentar a eficácia em cada área agrícola. Uma das iniciativas vem da IMBR Agro, um data lake agrometeorológico que permite um maior conhecimento sobre a relação solo, planta e atmosfera. A partir da “hiperpersonalização”, a tecnologia viabiliza a coleta de dados e entrega de análises para o produtor tomar a melhor decisão de como e quanto de recurso deve reservar para suas estratégias climáticas.
As ações em busca de soluções tecnológicas, contudo, também dependem de um trabalho colaborativo entre as agtechs, união crucial para a entrega eficiente e assertiva do conhecimento. Segundo o “Radar Agtech Brasil 2023”, elaborado por Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens Research and Consulting, o país conta com aproximadamente 2 mil startups atuando diretamente no agronegócio.
A própria IMBR Agro, em conjunto à Varda, a startup de tecnologia agrícola criada pela Yara, exemplifica a importância de unir expertises. É através da ferramenta Global FieldID, de Varda, que a IMBR Agro consulta a geolocalização de propriedades agrícolas para, assim, obter o conhecimento agroclimático mais detalhado e relevante.
O agronegócio é dinâmico. A sinergia entre os agentes desse ecossistema potencializa a tomada de decisão, de produtores rurais aos gestores de grandes empresas, tornando os negócios mais resilientes e competitivos. Ao adaptar práticas agrícolas às necessidades individuais de cada porção de terra, a “hiperpersonalização” está redefinindo as operações do setor, promovendo um futuro mais inovador, produtivo e sustentável.
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