Viva Mácron! Viva a França! Por Eduardo Lima Porto
Me dei conta de que nos últimos anos adotei uma postura arrogante, muito equivocada e pouco inteligente ao criticar constantemente as declarações do Presidente reeleito da França sobre a agricultura brasileira, assim como o seu posicionamento firme em relação a forma como tratamos o nosso meio-ambiente.
Mácron sempre esteve certo. Admito que o errado era eu.
Com o maior respeito, preciso alertar os meus ícones sobre tais questões, como o Dr. Evaristo de Miranda (ex-presidente da Embrapa Territorial), o ex-ministro Ricardo Salles e tantos outros nomes relevantes do cenário brasileiro. Todos, sem exceção, estão grotescamente equivocados em relação ao que o Presidente Mácron tem se manifestado sobre o assunto.
Precisamos ter humildade e respeitar a magnitude da liderança francesa no contexto mundial.
Não é de hoje que a França é considerada o berço da virtude intelectual do ocidente. Não é por outro motivo que os nossos artistas mais destacados, políticos influentes e pensadores democráticos costumam dirigir-se a Paris para tratar de assuntos da maior importância para o futuro da humanidade.
Precisamos nos redimir diante da superioridade francesa, enaltecendo os seus predicados e a correta escolha ocorrida no último domingo.
Proponho corrigirmos o trato com a França, principalmente no tocante aos aspectos ambientais mais espinhosos que dizem respeito a nossa produção agrícola. A ideia é justamente adotarmos as mesmas métricas francesas.
Imaginem o que o Brasil poderia estar produzindo a mais. Certamente, o Mundo não estaria experimentando a atual escalada inflacionária dos alimentos causada por uma ganância desmedida dos agricultores brasileiros, agravada por nossa miopia regulatória.
Nosso Código Florestal é obtuso, assim como o comportamento dos produtores rurais que insistem teimosamente na manutenção de uma reserva florestal exagerada.
Torna-se indefensável do ponto de vista moral e econômico a preservação de 80% da área total das propriedades, como ocorre no norte do Mato Grosso. Algo que literalmente não podemos nos orgulhar e muito menos reverberar, como sendo digno de registro, na comparação com o avançado sistema francês de agricultura sustentável.
Se assim não fosse, a França que é um país mais evoluído haveria de ter estabelecido algo semelhante ao nosso padrão e não o contrário. O fato de os agricultores franceses aproveitarem quase que 100% da área disponível para a produção demonstra que estamos no caminho oposto da “racionalidade”.
A França possui uma longa tradição de ser um País justo, tratando questões delicadas com notável senso de responsabilidade e isonomia.
Definitivamente, há que se buscar uma aproximação mais construtiva com o Presidente Mácron no sentido de eliminarmos todas as asperezas políticas e adotarmos de imediato as regras ambientais aplicadas na produção agrícola francesa, diminuindo com isso a nossa excessiva reserva florestal e as áreas de proteção nas proximidades dos rios.
Os críticos de plantão dirão que o governo francês se pronunciará como no ditado: “Façam o que eu digo e não o que faço”. Seria improvável que as ONG’s ambientalistas e a imprensa internacional viessem a nos condenar.
O risco de uma contradição desta magnitude merece ser descartado, tendo em vista que a comunidade internacional age sempre com impressionante coerência e inegável boa-fé nestes temas.
A bem da Justiça, é importante destacar a generosidade histórica da França no relacionamento com as suas “ex-colônias” na África. Tanto é assim que vigora há décadas uma política monetária benevolente, denominada “CFA Franc”, a qual vem permitindo que estes países tenham uma magnífica capacidade de investimento, acesso a financiamentos de longo prazo a juros baixos e competitividade diferenciada.
Países como a Costa do Marfim, Guiné Equatorial, Chade, Camarões, Gabão, Senegal, República Democrática do Congo, entre outros, são verdadeiros exemplos de prosperidade econômica, paz e bem-estar social.
O confronto ideológico com Mácron, além de injustificável sob vários ângulos, nos distancia da possibilidade de atingirmos patamares elevados de desenvolvimento econômico e sustentabilidade.
Por tais motivos, daqui para frente enaltecerei as virtudes da política agrícola francesa e combaterei vigorosamente qualquer iniciativa que contrarie a adoção dos parâmetros ambientais superiores adotados por este País.
Viva Mácron! Viva a França!
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