Coluna da Reuters: Sem pressão! Sucesso do milho do Brasil é crítico diante de incertezas da Ucrânia, por Karen Braun
FORT COLLINS, Colorado (Reuters) – A seca na América do Sul foi a principal história nos mercados de grãos e oleaginosas apenas algumas semanas atrás, antes que o conflito Rússia-Ucrânia se transformasse em uma invasão em grande escala, voltando a atenção do mundo para a crise global de segurança alimentar em meio à paralisação das exportações do Mar Negro.
As preocupações com a seca na América do Sul foram completamente justificadas, já que o Brasil, maior exportador de soja, sofreu suas piores perdas de safra nos últimos tempos.
A Argentina, principal fornecedora de subprodutos de soja e em terceiro lugar no milho, experimentará um segundo ano consecutivo de cortes de produtividade relacionados ao clima.
Mas a próxima safra de milho do Brasil pode ser mais importante do que nunca à luz da crise no quarto maior exportador, a Ucrânia, onde os embarques de milho agora são mínimos e o destino da próxima safra é desconhecido. Os agricultores brasileiros também esperam se recuperar da terrível segunda safra de milho do ano passado.
Enquanto isso, os exportadores de milho dos EUA podem garantir mais negócios nos próximos meses se a safra do Brasil vacilar. No entanto, a demanda não foi necessariamente redirecionada para o principal fornecedor de milho no ano passado, apesar do déficit do Brasil.
A segunda safra de milho, que é fortemente exportada pelo Brasil, deve representar três quartos da produção total brasileira neste ano, e o plantio está quase concluído nas principais regiões de cultivo. O país espera que a segunda safra do cereal aumente 42% em relação ao resultado do desastre do ano passado.
Já a safra de soja do Brasil, que está cerca de 64% colhida, deverá ter resultados ruins. No entanto, houve anos em que o rendimento da soja falhou e a segunda safra do milho foi boa e vice-versa, então o problema da soja pode não se traduzir necessariamente em um problema para o milho.
A segunda safra de milho geralmente começa a ser colhida em junho e acelera os trabalhos em julho, com ênfase no clima até então, principalmente em maio. As condições estão excepcionalmente secas no sul do Brasil, apesar de algumas chuvas nas últimas semanas.
Dados meteorológicos da Refinitiv indicam que o intervalo março-maio pode apresentar seca em algumas áreas de milho safrinha, embora a confiança na precipitação seja baixa em geral. No entanto, as chances desse período ser mais frio do que o normal podem ajudar a compensar parcialmente quaisquer condições secas que possam surgir.
A Refinitiv também sugere que as chuvas podem aumentar na Argentina nas próximas semanas e meses, mas isso seria útil apenas para as culturas plantadas tardiamente.
Karen Braun é analista de mercado da Reuters. As opiniões expressas acima são dela.
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