Os efeitos da estiagem na cultura da soja, por Valdir Fries
SAFRA 2018/2019, E OS DEMAIS FATORES QUE AGRAVAM AS PERDAS DE PRODUTIVIDADE
A baixa precipitação pluviométrica que ocorreu em diversas regiões do País, de forma mais severa no Paraná e no Mato Grosso do Sul, tem provocado perdas significativas de produção na cultura da soja nesta safra .
De uma forma geral, nesta temporada, a falta de chuvas provocou as perdas. Perdas que se agravaram devido as altas temperaturas e o sol esturricante, que acabou provocando a escaldadura da superfície foliar, e o necrosamento das vagens. São perdas que de fato ocorreram.
A gravidade das perdas de produção desta safra, em consequência da estiagem, pudemos observar que em determinadas lavouras de soja, os índices de perdas se agravaram significativamente devido inúmeros fatores…
Fatores que muitas vezes passam despercebidos ao simples olhar dos produtores rurais, em anos que se tem umidade adequada no solo ao longo do ciclo da cultura, porém, em anos de poucas chuvas como acontece nesta temporada, a falta de ESTRUTURA e a FERTILIDADE DO SOLO, foram fatores determinantes em termos de produtividade, como se pode observar nesta imagem a baixo:
Nesta imagem, temos plantas de soja, que de uma forma geral, sofreram perdas de produção devido a ocorrência da estiagem, no entanto, podemos observar que a gravidade das perdas são significativamente maior nas plantas da direita, que sofreram perdas de desenvolvimento vegetativo e de produção, devido a falta de correção do solo e de estrutura do perfil do solo.
Todas as plantas de soja, são da cultivar 6410, cultivadas em uma unica propriedade, plantadas no dia 7 de SETEMBRO/18, em talhões lado a lado, com a mesma tecnologia de tratamento das sementes, inoculação e adubação, e receberam ao longo do ciclo, o mesmo manejo fitossanitário aplicado na lavoura, porém cada talhões receberam tratamento diferenciado quanto ao manejo e a correção do solo nestes últimos anos. Isto comprova que as perdas de produção provocada pela ocorrência da estiagem, se agravou significativamente devido a ESTRUTURA DO SOLO, e falta de uma simples correção de solo.
A colheita dos talhões da cultivar 6410, plantados no dia 7 de setembro/18, foram colhidos entre os dias 03 a 05 de janeiro/19, e podemos constatar que o índice de perdas de produção do talhão cultivado em solo bem estruturado foi de 30% de perdas sobre a estimativa inicial…
Já a lavoura de soja cultivada no talhão de menor fertilidade, as perdas de produção foi de 65% sobre a estimativa inicial, o que nos comprova, que os investimentos realizados no manejo e no perfil de solo, apresentam resultados econômicos compensadores, principalmente em anos que se tem ocorrência de falta de chuvas, como é o caso desta safra.
Em consequência da falta de umidade no solo, determinadas lavouras sofreram agravamento de perdas de produção a depender da variedade de soja plantada, época de plantio, a depender da fase de desenvolvimento vegetativo das plantas na ocasião do período critico da estiagem, relacionado ao próprio ciclo de cada cultivar. Cada um destes fatores provocam perdas, com maior ou menor índices de perdas de produção em cada lavoura plantada.
Em termos de perdas, um dos fator determinante que influencia nos índices da produtividade, e deve ser analisado e levado em conta, é a escolha da cultivar a ser plantada, conforme podemos observar nas imagens a seguir:
Cada cultivar, tem seu ciclo, e sua tolerância a altitude, e para podemos melhor definir a cultivar de cada material a ser plantado, temos na propriedade uma UNIDADE DE OBSERVAÇÃO E DEMONSTRAÇÃO, e fizemos questão de manter esta área de pesquisa em parceria com a COCARI, através do Departamento Técnico/Agronômico da Cooperativa, onde são cultivadas 30 diferentes cultivares, sendo que cada uma delas é plantada em 4 parcelas distintas, plantadas no mesmo dia, com a mesma tecnologia aplicada pelo produtor rural, o que nos da um parâmetro do potencial produtivo de cada um dos materiais em análise.
Da mesma forma que a questão da estrutura e fertilidade do solo, em anos com ocorrência de chuvas/precipitações bem distribuída e dentro da média anual, aos nossos olhos não observamos a resistência e o potencial produtivo de cada uma das variedade, em safra como esta com ocorrência de intempéries climáticas, na área de pesquisa instalada, podemos observar o diferencial de cada uma das cultivares, e assim poder melhor definir o qual plantar em anos subsequentes.
Com base em resultados obtidos na unidade de observação das cultivares de soja implantada na safra de 2017/2018, nos levaram a definir as 3 principais cultivares como carro chefe que foram plantadas nesta ano safra de 2018/2019, as quais tem resistido a estiagem, e apresentam um bom potencial produtivo, conforme imagens abaixo:
2 comentários
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Valdir Edemar Fries Itambé - PR
Em relação a opinião do nosso amigo LINDALVO JOSÉ TEIXEIRA, produtor rural e excelente profissional, digo que divergências existem..., respeito suas posições, e diante das divergências, devo esclarecer, quanto a data de plantio do soja, e quanto à viabilidade econômica do cultivo do milho safrinha.
PRIMEIRO: Quanto a sua afirmação de que o plantio realizado em 7 de setembro é muito cedo: "Por elevar muito os riscos de perdas decorrente da exposição das plantas a um déficit hídrico" ...É questionável, até porque as perdas decorrentes da exposição das plantas a um possível déficit hídrico, se agravam em decorrência do ciclo da cultura, e não devido a data do plantio. Sabemos que, quanto mais precoce a cultivar, mais perdas as plantas sofrem a qualquer período de deficit hídrico, isto vem se confirmando nesta safra, observamos que as lavouras plantadas com soja super precoce, são as que mais sofrem as perdas de produção decorrentes da estiagem. Tenho plantado soja "muito cedo" porque é possível SIM, sempre levando em conta a questão clima, e principalmente a escolha da cultivar que mais se adapta ao plantio em setembro. Um dos motivos pelo qual faço questão de manter a área de OBSERVAÇÃO com dezenas de variedades na propriedade, é justamente para melhor escolher e definir qual a cultivar plantar (fiz questão de alertar no artigo que: "Em termos de perdas, um dos fator determinante que influencia nos índices da produtividade, e deve ser analisado e levado em conta, é a escolha da cultivar a ser plantada"). Voltando a questão do "défict hidrico, apesar de todos os instrumentos e estudos de previsões meteorológicas, sempre é previsão, e nunca temos a certeza de quando, e em que faze do ciclo da cultura possa ocorrer a falta de chuvas. Neste sentido, um dos fatores que mais considero antes de iniciar o plantio a cada ano, é o fator clima, considerando inclusive as "previsões" futuras... A questão de clima, é cíclico, no ano safra 2017/2018, não foi possível iniciar o plantio de soja no decorrer do mês de setembro por falta de chuvas, e sem uma reserva hídrica, e umidade adequada no solo, NÃO realizo plantio nenhum, muito menos soja. Já neste ano safra de 2018/2019, os 215 mm de chuvas que aconteceu em agosto/2018 garantiram uma reserva hídrica, e as boas condições de umidade no solo, e boas previsões de chuvas para setembro, nos permitiu realizar o inicio do plantio em 7 de setembro/18. As boas chuvas de 154 mm acumuladas em setembro garantiu a germinação a emersão das plantas, e os 259 mm de chuva acumulados no mês de outubro/2018 beneficiaram o desenvolvimento vegetativo das plantas. Na área de soja em questão, plantada em 7 de setembro, dos 44 colhidos sub divididos em dois talhões, a baixa precipitação pluviométrica de apenas 85 milimetros de novembro e a estiagem que se estendeu até meados de dezembro provocou perdas de produção, porém as perdas se agravaram ainda mais, em um dos talhões cultivados (conforme cito os danos ilustrado na primeira imagem publicada no artigo), perdas que se agravaram significativamente devido a questão da estrutura e fertilidade em uma parcela da área, que tinha no passado o cultivo da cana de açúcar, mesmo assim, e aproveitando, para conhecimento dos amigos produtores, na área plantada em 7 de setembro apesar de TODOS OS FATORES DE PERDAS, obtivemos uma média final com a PRODUTIVIDADE DE 43 SACAS POR HECTARE, índices de perdas significativa, com resultados de média bem abaixo da média obtida na safra 2016/2017, quando na época, também tivemos oportunidade de realizar o plantio em setembro. Quanto as demais áreas plantadas no mês de SETEMBRO, as imagens das três cultivares estão publicadas no artigo, e apesar da ocorrência do déficit hidrico em dezembro/2018, pode se observar nas imagens o potencial produtivo de cada uma. QUANTO A QUESTÃO MILHO SAFRINHA: Devo afirmar que NUNCA joguei fora uma safra de soja para plantar milho safrinha. Na verdade, somos muitos os produtores rurais de diversas micro regiões do Paraná que vem adequando a data de plantio da soja para realizar uma BOA SAFRA DE MILHO no segundo plantio, e abrir uma janela adequada para o PLANTIO DA TERCEIRA SAFRA, com o objetivo de melhorar a cobertura do solo com a palhada do cultivo da cultura do TRIGO ou de AVEIA... Esta pratica é possível,e temos conseguido realizar isto, obtendo excelentes produtividades de milho na segunda safra, e bons resultados de palhada com a terceira safra, que é realizaa a depender dos fatores climáticos de cada ano. O plantio de milho no BRASIL , "não é aquele negócio de outro mundo" ... E só NÃO é um negócio melhor aqui no BRASIL, por causa do resultado de certas estimativas de safras publicadas, que a ponderação da "CAUTELA" nos resultados das estimativas de safras pelo DERAL e pela CONAB, que divulgam suas estimativas de super safra do novo ano agrícola, em meio ao período de comercialização da produção de milho safrinha, conforme aconteceu no segundo semestre de 2017, quando de certa forma, suas publicações de estimativa iniciais de produção de milho para o ano 2017/2018, acabam comprometendo os preços de mercado, comprimindo os preços de mercado a baixo dos preços mínimos em determinadas regiões do País. Fatos como estes, tem desanimando os produtores rurais. Prova disto, foram as estimativas de área de cultivo e produção de milho no ano decorrer de 2017 a e meados de 2018, onde observamos nas publicações, ÁREAS de PLANTIO DE MILHO VERÃO muito superior das ÁREAS REALMENTE PLANTADA pelos produtores rurais, em especial os do Estado do Paraná. Este fato, levou ao desestimulo dos produtores rurais em relação a questão investir ou não no plantio da safrinha de 2018. Denunciamos este fato na época, em entrevista ainda em 2017 aqui no SITE NOTICIAS AGRÍCOLAS, e em artigo publicado também aqui no mês de janeiro (https://www.noticiasagricolas.com.br/artigos/artigos-geral/205455-a-perserveranca-do-produtor-rural-e-a-desagregacao-da-cadeia-produtiva-por-valdir-fries.html#.XDR8iFVKgnQ)... E o que acontece agora em 2019??? Após comercializado a produção do milho safrinha colhido na safra de 2017 e safra de milho 2017/18??? O que vimos agora, e esta AQUI nos arquivos de vídeo do SITE NOTICIAS AGRÍCOLAS para se confirmar ... Vimos o próprio Secretario de Agricultura do Paraná em entrevista concedida no dia 02 de janeiro ao JOÃO BATISTA OLIVI ...(logo após aos 6 minutos de entrevista) afirmando com base nos resultados finais das estimativas da safra 2017/2018, dizendo que na safra de 2017/2018 o Paraná realizou um dos MENORES plantio de milho primavera verão. Ou seja, venho a confirmar o que justamente vinhamos cobrando e denunciando em 2017/2018... Portanto sr. LINDALVO, diante das produtividades que estamos obtendo com o plantio da PRIMEIRA SAFRA, da SEGUNDA SAFRA cultivando MILHO, podemos dizer que esta cultura de milho segunda safra se viabilizou pelas altas produtividades que estamos conquistando, e entre o milho plantado no primeira safra (primavera) e o plantado na segunda safra, é a produção de milho da segunda safra já é a "safrinha" que garante a maior produção de milho no BRASIL... Portanto, "NÃO é aquele negócio de outro mundo", porque atras de uma "CAUTELA" manipulada nas estimativas de safra, o mercado do milho tem de certa forma comprometido a renda do produtor rural, e para que isso não aconteça devemos cobrar dos Governantes a implantação de um sistema de levantamento e computação dos dados referente as estimativas de safra mais eficiente e eficaz, até porque até então, os dados das estimativas publicadas, são dados de campo coletados 15 a 20 antes da sua publicação... NÃO PODEMOS ACEITAR: O Brasil no mercado futuro com "estimativas" do passado ... denuncio isto a muito tempo ACESSE https://www.noticiasagricolas.com.br/artigos/artigos-geral/102004-o-brasil-no-mercado-futuro-com-estimativas-do-passado.html#.XDS0NlVKgnQ No BRASIL, temos produtores rurais com perseverança, temos terra, clima, tecnologia, profissionais com capacidade técnica para difundir os resultados de pesquisa e produzirmos cada vez mais, pesquisando e se adequando para viabilizarmos a produção e a garantia de renda. VALDIR FRIES - PRODUTOR RURAL em ITAMBÉ - PR.Tem que colocar este Valdir como secretário da agricultura. Tem que levar ele para Brasília. Avisem o Bolsonaro.
Clicar positivo e' pouco,---- Eu me sinto na obrigaçao de agradecer ,o conteudo e o tempo que o sr Valdir dedicou aos colegas produtores----Itambe' nao e' longe de casa, portanto as dicas sao uteis no meu caso... Todavia o Brasil e' grandao e isso nao serve para todo mundo---
Lindalvo José Teixeira Marialva - PR
Dia 7 de setembro é muito cedo para o plantio de soja em nossa região, elevando muito os riscos de perdas com exposição das plantas a um déficit hídrico, "termoperíodo", menor insolação e outros fatores. Dentro da minha ótica, vejo que não compensa o risco, pois o milho safrinha não é aquele negócio de outro mundo para jogar uma safra de soja fora com o plantio muito cedo. Tenho acompanhado lavouras semeadas em setembro e muitas estão produzindo abaixo dos índices esperado. Lavouras muita fracas.