Os caminhos da erosão na chamada "agricultura de precisão", por Valdir Fries
Ao longo das ultimas décadas a tecnologia tem proporcionado grandes facilidades aos produtores rurais. Maquinas de maior porte, equipadas com tecnologias de informática cada vez mais avançada, desenvolvidas e disponibilizadas aos produtores rurais para realizarem as operações de plantio, correção e fertilização do solo, tratos culturais e colheita com mais eficiência e eficácia.
Toda esta estrutura tecnológica de maquinas e equipamentos quando adquirida de forma planejada e utilizadas/aplicada em conformidade as condições físicas de cada propriedade, seguindo as orientações técnicas/agronômicas, certamente o produtor rural estará fazendo uso de uma tecnologia de precisão, e estará, no curto, no médio e ao longo prazo colhendo os resultados dos investimentos feitos em maquinas e equipamentos.
A pesquisa agronômica ao longo da história do desenvolvimento agropecuário, já confirmou na prática, registrou e difundiu as boas maneiras de se cultivar as lavouras proporcionando o solo para se ter cada vez mais estrutura ao solo e consequentemente aumento da produtividade.
Porém muitos dos produtores rurais, e até mesmo os técnicos responsáveis por determinadas lavouras, NÃO tem dado valor ao solo, e nem mesmo à água das chuvas que as propriedades recebem, mesmo sabendo que o maior patrimônio que temos, e se tem repetido milhares de vezes, ao que sabemos são os dois fatores de produção, é o solo, e a água.
Tomados pela chamada “agricultura de precisão” técnicos e agrônomos tem vedado os olhos e se calado diante de produtores rurais que estão realizando inúmeras praticas de cultivo, tratos culturais e colheita de forma totalmente IMPRECISA.
Todo aquele sistema de conservação do solo implantado nas propriedades, todo sistema integrado com as estradas rurais, e toda estrutura do próprio solo é colocada a perder quando se desafia a natureza.
Imagens como esta primeira vistas acima, é possível observar junto às margens de muitas estradas, são sulcos de erosão provocados pelo rodado das maquinas (ao contrário do recomendado tecnicamente), o produtor deixa de realizar as operações seguindo o traçado em nível (acompanhando o sistema de terraceamento do terreno) para realizar as operações de mecanização agrícola desafiando a topografia do terreno, subindo e descendo morro e cochilhas.
Resultado disto tudo, já podemos ver hoje e prever para o futuro, solo cada vez mais degradado, estradas que tão embora se tenha um sistema integrado de conservação com as propriedades, o sistema não comporta armazenar toda água, e toda esta água certamente, em algum dos trechos, vai provocar estragos cada vez maior…
A chamada “agricultura de precisão”, desenvolvida por muitos dos produtores rurais esta longe de ser PRECISA, e esta provocando ao longo dos períodos de chuvas, estradas cada vez mais danificadas pela erosão da malha viária, rios cada vez mais barrentos e consequentemente com seu leito mais assoreados, sem falar nas enchentes que já voltam a arrastar bueiros, danificar pontes e interditar estradas e rodovias…
O solo e a água sempre foi, e sempre serão os elementos principais na garantia da produção de alimentos, o solo e a água são nossos maiores patrimônios… Sendo assim, muitos dos responsáveis técnicos da área agronômica devem repensar o que estudaram e o que andam recomendando, para não levar determinados produtores rurais a praticar uma “agricultura de precisão” totalmente imprecisa e destruidora.
4 comentários
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Lindalvo José Teixeira Marialva - PR
O investimento em Conservação de Solos foi relegado a segundo plano nos últimos anos, tanto pelos órgãos públicos como pelos produtores. A busca incessante pela adequação à falta de falta de mão-de-obra e adoção de novas tecnologias em máquinas tem provocados estragos de forma generalizada. Fui presidente e comandei o Programa de Micro-Bacias hidrográficas no Município de Marialva dentro do Programa Paraná Rural, e, de lá para cá, muita coisa mudou. O Estado do Paraná ficou atrasado no conceito de conservação de solos, nossas estradas rurais foram abandonadas (o que tem provocado prejuízos ao sistema de conservação), muitos produtores foram obrigados a realizar adaptação no sistema de plantio direto e pulverização, e isto tem contribuído para elevação do processo erosivo..., enfim, esquecemos praticas de cobertura do solo, rotação de culturas, plantio em nível e outras..., mas nem tudo está perdido..., precisamos de um Novo Programa de Conservação de Solos e Água, que contemplem as novas tecnologias e as praticas culturais conservacionistas.
R L Guerrero Maringá - PR
Senhor Valdir Fries, desculpe, mas o senhor fala de uma realidade estranha à minha. Eu vivo na estrada entre minha lavoura e a cidade, observando atentamente as outras lavouras, e o que o senhor descreveu é bem diferente.... Onde trabalho, erosão é exceção e não regra. As estradas públicas, peço que o senhor me diga onde é que elas estão "integradas" com as lavouras. Aqui elas são a origem do fluxo erosivo, e frequentemente causam danos em nossas terras. Tive três terraços que transbordaram este ano graças a estrada pública e ao DER PR. Seus encarregados são tão negligentes na conservação dos recursos naturais que sempre, sem nenhuma cerimônia, abrem valas para jogar o fluxo a enxurrada das estradas diretamente dentro dos rios, arroios e até sobre nascentes. Soa absurdo, mas se quiserem em uma semana eu mando vinte fotos de valas abertas pelos departamentos de manutenção de estradas jogando enxurrada diretamente nos rios.
Esta foto que o senhor postou comprova o que eu digo. A erosão ocorreu dentro da estrada, enquanto as lavouras em volta estão sem danos. E o senhor vem pôr a culpa em nós? Quanto à marca do rodado de um autopropelido, sim, pulverização é feita em linha reta. Chega a ser risível pedir para fazer pulverizações em nível, a menos que alguém pague o desperdício de defensivos. E existem situações geológicas onde o plantio em nível é utópico. Para estes casos, manter a capacidade de infiltração do solo e uma boa cobertura tem funcionado mesmo sob as maiores chuvas e altas declividades. Eu vi isso. Desculpe, mas não aproveitei nada de seu artigo. O senhor fala de um mundo estranho ao nosso.Se a lei ambiental valesse para o poder público, tinha muito prefeito na cadeia. Na zona rural, o maior estrago é feito pelas estradas mal feitas. Mas não podemos ignorar o fato de que muitos agricultores não fazem a sua parte. Plantio em nível é o mais básico dos básico e tem gente que nem isso está fazendo. Tem um monte de exemplos por aqui. A retirada das bases larga pode sim ser amenizada pelo aumento da infiltração e cobertura verde. Agora pergunto, com o milho safrinha sendo colhido em agosto e a soja sendo plantada em setembro, como faz palhada pra segurar erosão? Palha de milho não segura nada. Pelo que ando lendo aqui e ali, é uma questão de tempo até a fiscalização ir a campo verificar se a lei de conservação de solos está sendo cumprida. Cada um é dono de sua terra. Faça o que achar melhor, e arque com as consequências de seus atos. Se um vizinho despeja um rio na sua propriedade, por ter tirado as curvas de nível e plantar morro abaixo, é só denunciar para o Banco central. Isso mesmo, pois quando fazemos custeio, assinamos uma declaração que temos conservação de solo. Se não for verdade, o financiamento terá que ser liquidado em 24 horas, com juros de mercado. Um gerente de banco me explicou isso. Resolve qualquer problema com vizinho, sem discussão. É só pedir pro agente financeiro avisar o cidadão que se ele não arrumar o problema, vai dar um problemão. quem não teve um problema com vizinho por causa de erosão despejada na sua propriedade? Uma tromba dágua é uma coisa. Outra coisa é despejar água de qualquer chuvinha.
Comentário de uma infelicidade total: um bom assunto, porém muito mal explorado... Poderia ter sido exposto de uma forma diferente.... Até, talvez, dizendo que os nossos métodos, ainda são insuficientes, para um ano catastrófico como esse. Mas essa forma de falar do assunto, me vez lembrar da tragédia da boate KISS. Onde somente os proprietários foram condenados pelo mundo todo, e que com o tempo, perceberam que há muito mais pessoas responsáveis envolvidas... Eu fico tentando me colocar na pele de um
Produtor que tenha recebido 500 mm de chuvas em uma semana, sofre um solo já encharcado é que leu essa mensagem, depois de anos tentando conservar ao máximo seu solo.... Deve ter dado vontade de encontrar, com o DR em práticas conservacionistas, num canto próximo a uma muita de urtiga
Caro amigo GUERREIRO, em nem um momento afirmo que erosão é regra, fiz uso de palavras afirmando sim que muitos produtores fazem uso de praticas que provocam os caminhos da erosão, e que de certa forma eles mesmo sofrem sim as consequências ao longo do tempo, e isto já se pode confirmar em inúmeros casos. NÃO TIRO SUAS RAZÕES em relação ao desleixo quanto a manutenção e conservação do sistema viário por parte dos municípios e do estado, até porque tudo o que foi feito no passado em relação a integração do sistema de conservação do solo com as estradas, grande parte esta hoje destruído, porém ainda em muitos municípios onde se tem cobrado dos administradores, podemos encontrar sim todo sistema integrado de cosnervação de solo e água de forma adequada e pode ser visto na própria região de Maringá.. NÃO TIRO SUAS RAZÕES em relação as águas dos leitos das estradas, até porque já escrevi a respeito ainda em 2014 (não me recordo se o site NOTICIAS AGRÍCOLAS chegou a repercutir na época), o assunto levantado pelo senhor é relevante sim, tanto é que escrevi a respeito e o Senhor pode confirmar lendo o artigo publicado no link que deixo disponível a seguir, se assim a equipe do NOTICIAS AGRÍCOLAS disponibilizar o acesso... Sendo assim, espero que o Senhor e os amigos possam acessar e melhor entender a questão em relação a realidade... ok. Segue link https://valdirfries.wordpress.com/2014/06/05/do-passado-ao-presente-a-recuperacao-e-conservacao-do-solo-e-das-aguas-deve-ser-prioridade/
Tem um ditado que diz"Na casa que falta pão,todos reclamam e ninguém tem razão", e o pão que falta nisto tudo,mais uma vez é a falta de integração.O programa de bacias hidrográficas é perfeito,só que fica no papel,como tudo neste país não tem gestão.Existem planos estratégicos perfeitos só que quem elabora não sabe como implanta-lo,quem que vai pegar o mapa da bacia hidrográfica e envolver todos os interessados,inclusive as prefeituras e estabelecer metas de implantação.O "empresário agrícola faz tudo certo na sua área e após algum tempo vai encontrar tudo no rio que compõe a bacia.Resolvam as enchentes em São Paulo e serão capazes de chegar a um denominador comum,caso oposto estaremos que nem os moradores em São Paulo,perdendo tudo e falando a mesma coisa.O ser humano é complexo a ponto de mantermos um governo que tem tudo a ver com este tema.Previsibilidade e planejamento senhores,caso contrario estaremos discutindo a mesma coisa mais a frente. Ufa!
Senhor Valdir, reconheço que há produtores negligentes, mas é para estes que o assunto deve ser direcionado, não para todos os produtores. Alias, não fico triste se a fiscalização for atrás dos mesmos. Com solo não se brinca.
Terraços, por exemplo, conheço somente três produtores que os tiraram, e um já reconstruiu eles de volta. Dizem que na natureza não há terraços, mas eu só vou abrir mão dos meus quando eu souber elevar a matéria orgânica do solo ao mesmo nível da mata vizinha da lavoura. Onde o clima frio diminui a degradação de matéria orgânica, a história é outra.
Quanto a questão levantada pelo Sr. Nascimento, de fato precisamos pensar melhor como produzir matéria orgânica nessa sucessão de soja milho. Se tudo der certo, vou tentar sobressemeadura aérea de Panicum maximum quando o milho estiver próximo de fechar a linha. Mas eu só posso fazer isso por que não financiei a lavoura.
Não há nenhuma política por parte de quem planeja os financiamentos de custeio para estimular a recuperação da matéria orgânica do solo, pelo contrário, consorciar milho com braquiária, por exemplo, é contra as normas. Poderiam haver financiamentos estimulando o uso de culturas de cobertura em esquema de rotação, pacotes que financiassem a sucessão de culturas de cobertura junto as principais, pacotes prevendo um esquema de rotação de culturas e várias outras medidas de estimulo. Hoje quem quer fazer o plantio de uma lavoura de cobertura, faz por iniciativa e custas próprias, o que nem sempre é prioridade na sobrevivência financeira de uma propriedade.
Se eu quiser escolher um híbrido de milho a partir da quantidade de matéria orgânica que ele deixa, este dado não existe, enquanto a pesquisa insiste em lançar variedades de trigo que só tem cacho e nada de talo e que não deixam quase cobertura no solo.
Virtualmente todas as culturas de cobertura disponíveis foram desenvolvidas para alta palatabilidade animal e baixa lignina, quando o que precisamos para agregar biomassa ao solo é exatamente o inverso. Nós temos sido obrigados a usar pastagens para produzir matéria orgânica por absoluta falta de interesse da pesquisa em focar no assunto e desenvolver variedades de baixo valor forrageiro e alta capacidade de cobertura, que é o que, diferente da pecuária, nós precisamos na agricultura.
Na minha opinião, depois da primeira onda de conservação de solos que implantou os terraços e o plantio direto décadas atrás, é hora de retomarmos o enfoque no assunto, mas considerando que a realidade e as questões são outras. Aquelas ficaram no passado e novas surgiram, sendo talvez a principal a recuperação e manutenção dos níveis de matéria orgânica.
Marco Antonio De Grande Campo Mourão - PR
Muito oportuno e inteligente, comungo totalmente.
Também sou de Campo Mourão/PR, concordo com algumas colocações dos colegas daqui, porém há muita negligência sendo praticada. É preciso sim uma revisão no comportamento de certos agricultores. Muitos estão passando por cima dos fundamentos na conservação e preservação dos solos e dos mananciais! Realmente este ano houve um excesso de chuvas nesta região, porém muitos estragos poderiam ser evitados com cobertura do solo com as Brachiárias, sobretudo nas proriedades que ficam no Arenito do Caiuá, mais propensa às erosões e formação de verdadeiras vossorocas! Onde foi para este solo? Na bacia do Rio Paraná, entupindo o Lago da Itaipu. Trata-se portando de uma questão de interesse Federal. Nossas autoridades precisam e devem agir, com coerência, antes que seja tarde demais! Donizet de Jesus Sereia / Zootecnista.
Carlos William Nascimento Campo Mourão - PR
Para caber plantadeira e colhedeira grande, tiraram os terraços... Plantam-se morro abaixo, demonstrando total descaso com os solos, rios e vizinhos. Por que isso não é fiscalizado?
Cada caso e um caso naao facam d algumas escessoes regras pois ja tem.muita gente que atrapalha agricultura evem agricultor tambem affff
esta corretissimo cada caso um caso ,temos que ver sempre os procedimentos que estao incorretos .
Carlos o proprietario e' o maior responsavel pela fiscalizaçao-----As vezes o arrendatario nao tem o devido cuidado com aquilo que nao e' dele.--------As vezes a chuva ultapassa os limites e alem das casas estraga o terreno-------Sao
EXCEÇOES que devem ser recuperadas pelo proprietario.---