Performance Medíocre: Como a história da agricultura é contada de forma equivocada
Esta tendência de artistas utilizarem sua imagem pública para opinar sobre temas variados, portanto, não é fato novo. A revista Veja da semana passada estampou na sua capa a reportagem “o nocaute das estrelas” onde literalmente desmontou o modismo assumido pelos ecochatos atores da TV brasileira. Ao gravarem o vídeo “gota d’água” alguns atores globais criticaram pesadamente a construção da usina de Belo Monte no Pará. Manifestaram-se sobre o que desconheciam e foram desmascarados com magnífica competência por inúmeros estudantes universitários que ousaram se aprofundar no tema. A revista captou com a costumeira sensibilidade editorial que lhe é peculiar esta tendência de pessoas famosas, aproveitando-se da sua popularidade, opinarem sobre assuntos diversos, sem que possuam o mínimo conhecimento para tal.
Estas manifestações equivocadas já vêm ocorrendo sistematicamente, principalmente quando o assunto da moda refere-se ao aquecimento global, ao novo Código Florestal e ao desmatamento das florestas. Nestes momentos surgem alguns “engajados” artistas e posam de preocupados com o meio ambiente. Porque defender o meio ambiente hoje em dia é “fashion”. Dá Ibope. Nesta linha, produtores rurais passam a ser rotulados como destruidores do planeta, pois modificam a paisagem idílica que os citadinos possuem do ambiente rural. Posições discriminatórias, preconceituosas e desprovidas de realidade são estampadas nas faces das torlonis, dos jucas, dos fasanos e outros tantos artistas que, em última análise, são formadores de opinião, incrementando desta forma a distorcida visão do campo brasileiro.
A história da agricultura brasileira precisa ser recontada para os cidadãos urbanos, agora com responsabilidade e isenção. É preciso que se diga, por exemplo, que do ano de 1975 até 2011 o preço dos produtos da cesta básica brasileira caíram para 1/3 do seu valor original, o que permitiu a milhões de pessoas melhorarem sua dieta com menor comprometimento do seu salário. Muitos programas sociais divulgados com ufania pelos governos não tiveram, nem de longe, o alcance social desta depreciação nos preços dos alimentos.
Também convém destacar que nos últimos 35 anos o Brasil passou de importador a um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, utilizando menos de 10% do seu território nesta produção. Tudo isto foi conseguido graças ao esforço e competência de milhares de produtores rurais aliados às tecnologias de clima tropical geradas aqui mesmo e que hoje também já são exportadas para vários países, entre eles os países africanos.
No ano de 1940, por exemplo, um agricultor brasileiro alimentava 19 pessoas, na década de 70 este número subiu para 71 pessoas e, nos dias de hoje, alimenta 155 pessoas. Ou seja, cada vez mais cidadãos urbanos dependem do trabalho incansável dos “ruralistas”, termo este usado pejorativamente por muitos setores da imprensa descompromissada com a realidade dos fatos. Milhares de hectares de terras foram “poupados” pelo significativo aumento de produtividade gerado dentro da porteira das fazendas, a despeito da precariedade na infraestrutura de portos, estradas e armazéns que comprometem sobremaneira a competitividade da agricultura brasileira.
Em respeito ao esforço diuturno de milhares de produtores rurais pelo Brasil afora, é necessário que aquelas pessoas que desejem manifestar-se sobre temas relativos ao agro o façam de maneira responsável, sobretudo se possuem grande visibilidade como é o caso dos artistas da televisão. Ao representar seu papel como ator o artista busca o reconhecimento do seu público. Ao produzirem alimentos os agricultores buscam apenas a valorização do seu trabalho, mas exigem, pelo menos, um pouco mais de consideração e respeito.
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