Boletim Carvalhaes: floradas enfrentam déficit hídrico, calor intenso e baixa umidade relativa do ar
Depois das chuvas que caíram na semana passada sobre grande parte dos cafezais brasileiros, com volume bem abaixo do mínimo necessário para amainar o déficit hídrico, voltou o tempo quente e seco sobre o sudeste brasileiro. A estiagem nas regiões cafeeiras do Brasil em 2020 é uma das mais severas dos últimos anos.
Desde o último final de semana enfrentamos uma onda de calor intenso e baixa umidade relativa do ar, com diversas regiões onde o termômetro passou dos 40ºC em pleno início da primavera. O sudeste brasileiro pode ter um declínio nas temperaturas nos próximos dias, devido à passagem de uma frente fria, mas as temperaturas voltam a ficar elevadas na semana que vem. Somente após o próximo dia 10 nossas regiões cafeeiras deverão voltar a receber chuvas mais consistentes.
As chuvas da semana passada precipitaram a eclosão de bonitas floradas – as flores se destacam nos cafeeiros desfolhados - em diversas regiões, deixando os cafeicultores preocupados. Essas floradas enfrentam agora o déficit hídrico, o calor intenso e a baixa umidade relativa do ar.
Os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque oscilaram bastante esta semana, os com vencimento em dezembro próximo somaram perdas de 470 pontos. As incertezas sobre o volume das novas chuvas que devem chegar a partir da segunda semana de outubro, e consequentemente, como será o tamanho da próxima safra em 2021, continuam dando espaço para especuladores e fundos de investimentos pressionarem as cotações. A forte desvalorização do real frente ao dólar é outro fator que ajuda a pressionar as cotações do café em Nova Iorque.
Repetimos o que já afirmamos em boletins anteriores. As perdas para a próxima safra brasileira de café 2021/2022 já existem. O déficit hídrico, as altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar que castigaram nossos cafezais nos últimos meses, já infligiram perdas irrecuperáveis para nossa produção em 2021, que naturalmente já seria menor que a atual devido à bianualidade de nossa produção de arábica. Só não é possível quantificá-las. As chuvas estancarão as perdas, desde que continuem regularmente até o final do primeiro trimestre de 2021.
Setembro terminou em meio a uma quase unanimidade: foi um período de perda generalizada para as principais classes de ativos, da renda fixa às ações, com exceção do dólar. Até o ouro, um tradicional porto seguro, terminou o mês em queda (jornal Valor Econômico).
O mercado físico brasileiro passou a semana calmo, trabalhando pouco. Os compradores fazem suas ofertas acompanhando o que acontece na ICE em Nova Iorque e os preços oferecidos não motivam os vendedores. A percepção de perdas e estragos com a seca e o calor anormal é forte entre cafeicultores e agrônomos. Os cafeicultores querem aguardar as chuvas para terem uma visão melhor do que poderá ser a próxima safra 2021/2022.
Até dia 1, os embarques de setembro estavam em 2.181.393 sacas de café arábica, 673.188 sacas de café conillon, mais 210.654 sacas de café solúvel, totalizando 3.065.235 sacas embarcadas, contra 2.315.440 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 1, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em setembro totalizavam 4.152.739 sacas, contra 3.387.065 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 25, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 2, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 470 pontos ou US$ 6,22 (R$ 35,24) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE fecharam no dia 25 a R$ 834,97 por saca, e hoje dia 02 a R$ 816,58. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em dezembro a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 190 pontos.
Escritório Carvalhaes
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