Café: Mercado deverá ter grande instabilidade acompanhando as oscilações do dólar (Escritório Carvalhaes)
Com o término da greve dos caminhoneiros no final da semana passada, analistas esperavam que esta semana fosse mais calma. A surpresa aconteceu com a forte turbulência apresentada pelo mercado financeiro. O cenário econômico já se mostrava conturbado no Brasil e também no exterior desde o início do ano e a longa greve dos caminhoneiros acrescentou a esse cenário no Brasil mais um dado: o risco político em um ano de eleição presidencial.
A greve levou os agentes financeiros a olharem com mais atenção para a indefinição no quadro eleitoral brasileiro. A semana foi de muito nervosismo com desvalorizações diárias do real frente ao dólar. Só ontem a moeda americana subiu 2,25% frente ao real, fechando o dia a R$ 3,9233 seu maior valor desde março de 2016. Esse nervosismo levou o presidente do Banco Central a anunciar ontem, no início da noite, que oferecerá ao mercado os dólares necessários para conter a desvalorização do real frente à moeda americana, que desde janeiro já atingia 15,54%. Com a intervenção do banco Central brasileiro, hoje o dólar recuou 5,34% fechando a R$ 3,7050.
Em Nova Iorque, os operadores no mercado de café reagiram às turbulências no mercado financeiro do maior produtor e exportador de café do mundo, derrubando as cotações do café na ICE Futures US na mesma proporção da desvalorização do real frente ao dólar. Em reais por saca, as cotações do café na ICE fecharam praticamente estáveis de segunda até ontem quinta-feira. Hoje, com a intervenção do banco Central, o dólar caiu 5,34% frente ao real e a bolsa de Nova Iorque inverteu sua direção, trabalhando em alta. A alta hoje nos contratos de café negociados na ICE ficou abaixo da desvalorização do dólar frente ao real porque grande parte dessa desvalorização ocorreu quando o pregão em Nova Iorque já havia se encerrado.
O mercado físico brasileiro teve uma semana de poucos negócios. Estamos na entressafra , o volume de café da atual safra 2017/2018 ainda em mãos de produtores é pequeno e esses produtores não mostraram interesse em vender nesta semana de tanta incerteza no cenário político e econômico. O valor das ofertas oscilou bastante com o descontrole do mercado de câmbio e incertezas no valor dos fretes para a retirada dos lotes que estavam sendo negociados. Ainda são poucos os lotes de café arábica da nova safra que chegam ao mercado e só agora os trabalhos de colheita começam a acelerar.
No decorrer da semana foram retirados e pagos os lotes de café que estavam vendidos e não podiam ser transportados devido à greve dos caminhoneiros e os exportadores brasileiros voltaram a executar os serviços de embarque de café, bastante prejudicados pelo movimento grevista.
Em nossa opinião as incertezas políticas e seus reflexos na economia deverão dificultar o fechamento de negócios no mercado físico brasileiro nesta entrada da nova safra de café. Os cafeicultores tendem a serem ainda mais conservadores em suas vendas. A forte oscilação do dólar frente ao real nesta semana mostrou que teremos muita instabilidade nos próximos meses e como café é cotado em dólares, é um bom ativo para os tempos de turbulência que enfrentaremos.
Até dia 5, os embarques de maio estavam em 1.383.346 sacas de café arábica, 36.181 sacas de café conillon, mais 201.658 sacas de café solúvel, totalizando 1.621.185 sacas embarcadas, contra 2.043.492 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 5, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 1.791.091 sacas, contra 2.386.570 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 07, os embarques de junho estavam em 78.202 sacas de café arábica, mais 10.892 sacas de café solúvel, totalizando 89.094 sacas embarcadas, contra 211.807 sacas no mesmo dia de maio. Até o mesmo dia 07, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 431.253 sacas, contra 489.618 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 1, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 8, caiu nos contratos para entrega em julho próximo 550 pontos ou US$ 7,28 (R$ 26,97) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 1 a R$ 610,53 por saca, e hoje dia 8 a R$ 574,64. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 155 pontos.
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