Café brasileiro negociando a "par"
Publicado em 14/02/2011 09:20
Comentário Semanal - de 7 a 11 de fevereiro de 2011
A China aumentou a taxa de juros mais uma vez na última terça-feira para tentar conter sua inflação, e o efeito imediato foi uma queda para as commodities – que acabou não sendo tão grande. Relatórios mais altistas do USDA para os mercados dos grãos e o algodão, e a continuação da situação incerta na Costa do Marfim ajudaram alguns componentes da cesta de commodities a subir.
No mercado financeiro os bonds americanos caíram mais, em um misto de uma demanda reduzida dos leilões de títulos no país, e uma realocação de recursos que tem levado mais dinheiro para o mercado acionário – com uma aposta na recuperação da economia dos Estados Unidos. Na sexta-feira a saída do presidente do Egito Hosni Mubarak também ajudou as bolsas – os militares tomaram o poder e o ex-presidente parece que foi para um “resort” (ele tem uma fortuna estimada em quase 70 bilhões de dólares).
O café em Nova Iorque fez uma nova alta de 13 anos e meio, com as casas comerciais dando suporte para o mercado. Os fundos de fato tomaram lucro vendendo parte de suas posições compradas, porém não pressionaram as cotações para baixo pois a compra dos “commercials” deram suporte, como vimos no relatório de participantes (o COT).
O destaque da semana ficou por conta do barateamento do spread de março contra maio na ICE com os fundos rolando uma boa parte de suas posições compradas e provocando o alargamento para um desconto de US$ 3.25 centavos/libra. A surpresa ficou por conta da certificação de café colombiano, 2,750 sacas no porto de Nova Iorque, algo de difícil explicação dado que o diferencial que a bolsa paga é US$ 2 centavos/lb acima da cotação de tela, bem abaixo dos atuais US$ 20 centavos/lb acima que o mercado paga. Claro que a certificação não significa que o dono do café vai entregar seu café, mas por que fazer isto se os armazéns certificados são mais caros do que os não certificados? Vamos monitorar o andamento disto.
Os mais maldosos dizem que não deve ser café colombiano de verdade, e sim um teste, o que não dá para acreditar.
Para o capítulo “Quase nunca se viu isto na história do café”, vai o barateamento dos diferenciais dos cafés lavados e a manutenção dos cafés brasileiros em níveis altos. Enquanto vimos o café colombiano caindo de 40 a 45 centavos acima para 22 a 28 centavos acima em menos de um mês, o fine-cup brasileiro saiu de quase 15 abaixo para “par”, ou seja o mesmo nível que negocia o contrato “C”. O motivo talvez venha dos quase 80% da safra corrente já ter sido comercializada, sendo que os cafés finos provavelmente tem um percentual ainda maior de desaparecimento.
No mercado físico brasileiro está acontecendo o que comentamos aqui há 4 semanas atrás, uma diminuição da diferença de preço entre os cafés medianos/bons para os finos no mercado interno. É aquele negócio: tem que usar o café que existe, alternativa melhor do que desabastecer as prateleiras. Também ouví que estão saindo mais negócios a termo (ou “futuro de gaveta” como alguns chamam) para a safra 2011/2012, o que é mais um exemplo da disciplina dos fazendeiros em aproveitar os preços altos e garantirem a venda de pelo menos uma porção do que produzirão. Parabéns!
Do lado da indústria, um grande torrador americano aumentou os preços do torrado e moído em 10% nesta semana, motivo que ajuda a elevar o nível de fixação no mercado futuro (de bolsa).
O mercado tecnicamente deu sinais de fraqueza com o fechamento da semana, e para não sofrer uma onda de realização precisa se manter acima de 250.00 centavos. Uma queda acentuada, caso venha a acontecer, deve encontrar um bom interesse de compra e muito provavelmente evitar perdas que levem o mercado abaixo de 240.00 centavos.
Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,
Rodrigo Costa*
No mercado financeiro os bonds americanos caíram mais, em um misto de uma demanda reduzida dos leilões de títulos no país, e uma realocação de recursos que tem levado mais dinheiro para o mercado acionário – com uma aposta na recuperação da economia dos Estados Unidos. Na sexta-feira a saída do presidente do Egito Hosni Mubarak também ajudou as bolsas – os militares tomaram o poder e o ex-presidente parece que foi para um “resort” (ele tem uma fortuna estimada em quase 70 bilhões de dólares).
O café em Nova Iorque fez uma nova alta de 13 anos e meio, com as casas comerciais dando suporte para o mercado. Os fundos de fato tomaram lucro vendendo parte de suas posições compradas, porém não pressionaram as cotações para baixo pois a compra dos “commercials” deram suporte, como vimos no relatório de participantes (o COT).
O destaque da semana ficou por conta do barateamento do spread de março contra maio na ICE com os fundos rolando uma boa parte de suas posições compradas e provocando o alargamento para um desconto de US$ 3.25 centavos/libra. A surpresa ficou por conta da certificação de café colombiano, 2,750 sacas no porto de Nova Iorque, algo de difícil explicação dado que o diferencial que a bolsa paga é US$ 2 centavos/lb acima da cotação de tela, bem abaixo dos atuais US$ 20 centavos/lb acima que o mercado paga. Claro que a certificação não significa que o dono do café vai entregar seu café, mas por que fazer isto se os armazéns certificados são mais caros do que os não certificados? Vamos monitorar o andamento disto.
Os mais maldosos dizem que não deve ser café colombiano de verdade, e sim um teste, o que não dá para acreditar.
Para o capítulo “Quase nunca se viu isto na história do café”, vai o barateamento dos diferenciais dos cafés lavados e a manutenção dos cafés brasileiros em níveis altos. Enquanto vimos o café colombiano caindo de 40 a 45 centavos acima para 22 a 28 centavos acima em menos de um mês, o fine-cup brasileiro saiu de quase 15 abaixo para “par”, ou seja o mesmo nível que negocia o contrato “C”. O motivo talvez venha dos quase 80% da safra corrente já ter sido comercializada, sendo que os cafés finos provavelmente tem um percentual ainda maior de desaparecimento.
No mercado físico brasileiro está acontecendo o que comentamos aqui há 4 semanas atrás, uma diminuição da diferença de preço entre os cafés medianos/bons para os finos no mercado interno. É aquele negócio: tem que usar o café que existe, alternativa melhor do que desabastecer as prateleiras. Também ouví que estão saindo mais negócios a termo (ou “futuro de gaveta” como alguns chamam) para a safra 2011/2012, o que é mais um exemplo da disciplina dos fazendeiros em aproveitar os preços altos e garantirem a venda de pelo menos uma porção do que produzirão. Parabéns!
Do lado da indústria, um grande torrador americano aumentou os preços do torrado e moído em 10% nesta semana, motivo que ajuda a elevar o nível de fixação no mercado futuro (de bolsa).
O mercado tecnicamente deu sinais de fraqueza com o fechamento da semana, e para não sofrer uma onda de realização precisa se manter acima de 250.00 centavos. Uma queda acentuada, caso venha a acontecer, deve encontrar um bom interesse de compra e muito provavelmente evitar perdas que levem o mercado abaixo de 240.00 centavos.
Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,
Rodrigo Costa*
Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Archer Consulting
0 comentário
Café/Cepea: Chuvas seguem satisfatórias, mas, em excesso, podem atrapalhar manejo
Preços do café seguem voláteis em meio a especulações sobre o tamanho da safra 2025/26
Café: preço do arábica avança no início da tarde desta 3ª feira (14) diante estimativa de queda de 11% na produção de 2025
IBGE estima queda de 6,8% na safra de café 2025 do Brasil
Preços do café seguem em lados opostos nas bolsas internacionais no início desta 3ª feira (14)
Mercado do café termina sessão desta 2ª feira (13) com movimentações mistas nas bolsas internacionais