Análise do mercado de café
Publicado em 07/12/2009 10:16
DÍVIDAS, DESEMPREGO, DÓLAR E DÚVIDAS
A Dubai World está negociando uma nova programação de pagamento para US$ 26 bilhões de seus débitos. O valor é menos da metade do que inicialmente especulava-se, e portando deu mais tranquilidade aos mercados.
O índice de produção de manufaturados da China, em novembro, teve o maior incremento em cinco anos, animando os investidores.
Na Europa, o presidente do Banco Central do bloco sinalizou que pode começar a drenar um pouco de dinheiro da economia, provocando uma forte queda do dólar americano na quinta-feira.
Na sexta-feira a moeda americana firmou acentuadamente com a divulgação do índice de desemprego no país, que caiu de 10.2% em outubro para 10 % em novembro. A perda de postos de trabalho também veio mais baixa do que esperada, 11 mil ante a previsão de 125 mil.
A performance positiva do dólar na sexta-feira causou surpresa para muitos.
O dólar tem firmado quando se acredita que a situação mundial está perigosa (fuga para um porto-"seguro") e também tem subido quando se acredita que está tudo bem nos Estados Unidos (perspectiva de recuperação economica). Ao mesmo tempo como o país está com a taxa mais baixa de juros do mundo, a moeda gringa tem servido como o principal financiador do chamado "carry-trade", em que os investidores tomam emprestado em dólar e colocam o dinheiro em moedas de outros países que remuneram melhor o capital. Lembrando que parte deste dinheiro é direcionado também para ativos de risco.
A percepção do mercado, depois do dado do desemprego, foi de que o governo americano pode desistir de deixar as taxas de juros entre 0% a 0.25% por um tempo muito prolongado.
As commodities também vivem uma dicotomia. "Elas" têm subido com o enfraquecimento do dólar, e com uma perspectiva inflacionária, provocada pela liquidez provida pelos bancos centrais mundiais e pelos pacotes de estímulos de vários governos. Por outro lado se as economias voltarem a crescer, as commodities também tem um potencial de valorização com um aumento de demanda por matérias-primas.
Estas explicações, ou estratégias, misturadas em um mesmo balaio tem causado uma volatilidade grande e reações de curto prazo que deixam os participantes dos mercados atordoados.
O café em Nova Iorque começou a semana com uma forte alta, e conseguiu fechar o período subindo US$ 4.37 por saca na ICE, e US$ 1.45 na BM&F.
Em Londres o robusta ficou largado, apesar de estar bem próximo das mínimas. Os elevados estoques certificados do produto e o andamento da colheita no Vietnã, maior produtor mundial da variedade, está afungentando compradores, que creêm em mais baixas.
Por outro lado os produtores vietnamitas não estão pressionando o mercado, e o volume negociado para esta época do ano está em apenas 50% do normal. A desvalorização do Dong (moeda do país) e sua negociação mais baixa no mercado negro, está fazendo com que os fazendeiros e intermediários segurem o produto como uma proteção cambial. Além disso os preços atuais estão muito baixos e o governo local estuda maneiras de ajudar os cafeicultores.
No arábica vimos uma movimentação maior no mercado físico, principalmente no Brasil. Entretanto o nível de preços negociados em diferenciais não mudou muito. Parece que o produtor que teve dificuldades em entregar seu café no primeiro tranche do plano de opções, resolveu aproveitar a alta do terminal para vender parte de seus cafés.
Falando do plano, de um total de 1 milhão de sacas que o governo poderia receber, apenas 837 mil sacas foram exercidas, fato curioso dado o preço elevado. Os altistas dizem que isto se deve ao problema de qualidade e da crença dos produtores de que receberão preços maiores pelo seu café. Os baixistas descordam, e apontam que os fazendeiros não vão ter paciência e devem pressionar o físico acima de R$ 280.00 a saca. De qualquer forma, com encerramento do prazo de entrega e com os problemas de não enquadramento de qualidade de alguns cafés entregues, o fluxo no físico melhorou - resta saber se a melhra é pontual ou não.
A situação díspar entre o arábica e o robusta fez com que a arbitragem entre os dois mercados alargasse para US$ 82 centavos por libra peso. O estado letárgico do mercado Londrino e a puxada do dólar na sexta impediram que Nova Iorque atingisse os 148.00 / 150.00 base março, mas o fechamento da semana não tecnicamente ruim.
Se tivermos a comprovação de que a alta do dólar foi apenas uma tomada de lucro ou uma leve redução do carry¬, e se a moeda não firmar mais, creio que para o vencimento de opções de janeiro, que acontece nesta sexta dia 11 de dezembro, podemos ver o mercado fazer novas altas.
Tenham todos uma ótima semana e muito bons negócios.
A Dubai World está negociando uma nova programação de pagamento para US$ 26 bilhões de seus débitos. O valor é menos da metade do que inicialmente especulava-se, e portando deu mais tranquilidade aos mercados.
O índice de produção de manufaturados da China, em novembro, teve o maior incremento em cinco anos, animando os investidores.
Na Europa, o presidente do Banco Central do bloco sinalizou que pode começar a drenar um pouco de dinheiro da economia, provocando uma forte queda do dólar americano na quinta-feira.
Na sexta-feira a moeda americana firmou acentuadamente com a divulgação do índice de desemprego no país, que caiu de 10.2% em outubro para 10 % em novembro. A perda de postos de trabalho também veio mais baixa do que esperada, 11 mil ante a previsão de 125 mil.
A performance positiva do dólar na sexta-feira causou surpresa para muitos.
O dólar tem firmado quando se acredita que a situação mundial está perigosa (fuga para um porto-"seguro") e também tem subido quando se acredita que está tudo bem nos Estados Unidos (perspectiva de recuperação economica). Ao mesmo tempo como o país está com a taxa mais baixa de juros do mundo, a moeda gringa tem servido como o principal financiador do chamado "carry-trade", em que os investidores tomam emprestado em dólar e colocam o dinheiro em moedas de outros países que remuneram melhor o capital. Lembrando que parte deste dinheiro é direcionado também para ativos de risco.
A percepção do mercado, depois do dado do desemprego, foi de que o governo americano pode desistir de deixar as taxas de juros entre 0% a 0.25% por um tempo muito prolongado.
As commodities também vivem uma dicotomia. "Elas" têm subido com o enfraquecimento do dólar, e com uma perspectiva inflacionária, provocada pela liquidez provida pelos bancos centrais mundiais e pelos pacotes de estímulos de vários governos. Por outro lado se as economias voltarem a crescer, as commodities também tem um potencial de valorização com um aumento de demanda por matérias-primas.
Estas explicações, ou estratégias, misturadas em um mesmo balaio tem causado uma volatilidade grande e reações de curto prazo que deixam os participantes dos mercados atordoados.
O café em Nova Iorque começou a semana com uma forte alta, e conseguiu fechar o período subindo US$ 4.37 por saca na ICE, e US$ 1.45 na BM&F.
Em Londres o robusta ficou largado, apesar de estar bem próximo das mínimas. Os elevados estoques certificados do produto e o andamento da colheita no Vietnã, maior produtor mundial da variedade, está afungentando compradores, que creêm em mais baixas.
Por outro lado os produtores vietnamitas não estão pressionando o mercado, e o volume negociado para esta época do ano está em apenas 50% do normal. A desvalorização do Dong (moeda do país) e sua negociação mais baixa no mercado negro, está fazendo com que os fazendeiros e intermediários segurem o produto como uma proteção cambial. Além disso os preços atuais estão muito baixos e o governo local estuda maneiras de ajudar os cafeicultores.
No arábica vimos uma movimentação maior no mercado físico, principalmente no Brasil. Entretanto o nível de preços negociados em diferenciais não mudou muito. Parece que o produtor que teve dificuldades em entregar seu café no primeiro tranche do plano de opções, resolveu aproveitar a alta do terminal para vender parte de seus cafés.
Falando do plano, de um total de 1 milhão de sacas que o governo poderia receber, apenas 837 mil sacas foram exercidas, fato curioso dado o preço elevado. Os altistas dizem que isto se deve ao problema de qualidade e da crença dos produtores de que receberão preços maiores pelo seu café. Os baixistas descordam, e apontam que os fazendeiros não vão ter paciência e devem pressionar o físico acima de R$ 280.00 a saca. De qualquer forma, com encerramento do prazo de entrega e com os problemas de não enquadramento de qualidade de alguns cafés entregues, o fluxo no físico melhorou - resta saber se a melhra é pontual ou não.
A situação díspar entre o arábica e o robusta fez com que a arbitragem entre os dois mercados alargasse para US$ 82 centavos por libra peso. O estado letárgico do mercado Londrino e a puxada do dólar na sexta impediram que Nova Iorque atingisse os 148.00 / 150.00 base março, mas o fechamento da semana não tecnicamente ruim.
Se tivermos a comprovação de que a alta do dólar foi apenas uma tomada de lucro ou uma leve redução do carry¬, e se a moeda não firmar mais, creio que para o vencimento de opções de janeiro, que acontece nesta sexta dia 11 de dezembro, podemos ver o mercado fazer novas altas.
Tenham todos uma ótima semana e muito bons negócios.
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Fonte:
Archer Consulting
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