Mercado de café: "Ladeira a baixo?", por Marcelo Fraga Moreira*
Desta vez, a semana começou surpreendendo, com o contrato Setembro-20 (U0) caindo -5% logo na segunda-feira (não aguentando a média móvel dos 50 e tampouco a média móvel dos 9 dias)!
Nas demais sessões tivemos a briga no suporte importante da média móvel dos 9 dias (terminou a semana nos 100,30 c/lb**) e novamente terminamos a semana abaixo dos 97 c/lb.
Agora temos a primeira resistência importante nos 100,30 c/lb e depois nos 102,50 c/lb e um suporte bem importante nos 92,20 c/lb! O câmbio fechou a semana @ 5,3218 R$/usd, praticamente no “zero a zero” desvalorizando na semana -0,22% e oscilando entre a máximo @ 5,4007 e a mínima @ 5,2472.
Os fundos terminaram a semana vendidos em -23.843 lotes (esse número deve ser maior pois tivemos novas quedas nos pregões da quinta e sexta-feira).
As condições climáticas ao redor do mundo continuaram no radar, principalmente no Brasil, porém as previsões meteorológicas frustraram os altistas!
Geadas no Brasil seguem descartadas pelos próximos 10-15 dias! As chuvas e o bom tempo seguem favoráveis nos principais países produtores com safras previstas para começar já para novembro/dezembro.
A safra brasileira segue avançando com aproximadamente 50% já colhida, com bons rendimentos e maior disponibilidade de produto no mercado.
Mesmo com o avanço da pandêmia nos Estados Unidos e com o receio de novas medidas de isolamento social e restrições em viagens, as economias globais seguem firmes e fortes no rumo da recuperação!
Bolsas ao redor do mundo voltaram a subir, e Ibovespa fechou a semana acima dos 100.000 pontos pela primeira vez desde 06 de março de 2020 (após atingir a mínima em 61.690 pontos dia 19 de março de 2020).
Apesar dos constantes estímulos globais inundando os mercados com dinheiro barato os mercados agrícolas seguem “de lado”, e caindo!
É a lei da oferta e demanda! E isso vale também para o café!
Com o clima seguindo favorável, não só no Brasil mas também nos demais países produtores conforme dito acima, e com o avanço da colheita no Brasil (estimativas acima dos 65 milhões de sacas), temos e teremos café a vontade para saciar a demanda mundial para os próximos 2 anos. Conforme falamos em relatórios anteriores, o USDA esta prevendo um superávit de 8 milhões de sacas para safra 21/22!
Com os fundos vendidos em “apenas” 23-25.000 lotes, e com o mercado trabalhando com pouca liquidez, se os fundos decidirem vender mais 5-10mil lotes o mercado tem tudo para cair mais 500-1000 pontos, e vir a negociar abaixo dos 90 c/lb no Setembro-20! E nos demais vencimentos abaixo dos 100 c/lb!
Seguimos baixistas no médio/longo prazo, ficando atentos a eventual risco de geadas até final de julho-20 no Brasil e na posição dos fundos (caso alguma resistência venha a ser rompida no curto prazo)!
Nossa recomendação continua a mesma: Produtores fiquem atentos aproveitando as oportunidades para garantir preços mínimos para safra 2021/22 e 2022/23.
- “Fazer conta” e aproveitar os preços nas telas Julho/Setembro/Dezembro 21 acima dos 100 c/lb e nas telas Julho/Setembro/Dezembro 22 acima dos 110 c/lb e aproveitando a curva do câmbio spot acima dos 5.25 R$/usd.
- Para a safra a 21/22, sugerimos a proteção contra novas baixas comprando o “Put-Spread” (compra e venda simultanêa da opção de Venda com strike mais alto vendendo a opção com strike mais baixo) no Julho-21 de 105,00 x 90,00 c/lb vendendo a Call (opção de Compra) de 117,50 c/lb no Julho-21 (N21) junto com hedge cambial.
Cuidado com as operações alavancadas, com os acumuladores, tanto para café quanto para câmbio! Nesse momento de baixa, mercado “andando de lado” as operações com “knock-in” (operações que aparecem se mercado tocar certos níveis “bem acima do mercado atual” dobrando a posição) podem machucar e vir a quebrar muita gente!
Como vimos acontecendo em Fev19 e Nov-Dez19! As vezes precisamos “olhar pelo retrovisor” e aprender com as experiências do passado!
Boa semana a todos!
Marcelo Fraga Moreira*
(** c/lb = centavos de dólar por libra-peso).
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