Mercado de café: "Para onde vamos?", por Marcelo Fraga Moreira
A semana começou surpreendendo com o contrato Setembro-20 (U0) subindo +6,72%, logo na segunda-feira, buscando a média móvel dos 50 dias (103,20 centavos de dólar por libra-peso), e chegando a negociar acima dessa resistência e fechando a semana exatamente nesse nível! O Real na semana valorizou +2,58% saindo de 5,46 para 5,31 R$/usd.
Condições climáticas seguiram sendo monitoradas de perto pelo mercado e risco de geadas foram descartadas e seguem descartadas para os próximos 10 dias.
Algumas chuvas pontuais no Brasil não chegaram a impedir o andamento do colheita, agora com estimativa entre 45-50% já colhidos. Comerciantes e produtores seguem recebendo e entregando os compromissos já assumidos e café disponível, voltando a normalizar a oferta do grão. O mercado spot chegou a negociar entre R$ 520-540/sc em algumas regiões.
Nos demais países produtores o clima segue positivo favorecendo o desenvolvimento das lavouras para as próximas safras.
O que levou a essa alta no terminal? Apesar dos fundos estarem vendidos em -27,669 lotes, podendo voltar aos níveis de -40/-45.000 lotes, outro indicador de curto prazo, a média móvel de 9 dias (que estava nos 97,00 centavos de dólar por libra-peso) foi rompida na segunda-feira. Esse rompimento deve ter acionando “stops” em algumas empresas resultando na necessidade de zerar, reduzir o prejuízo, reduzir o risco. Aliado a esse movimento técnico a semana também foi reduzida com o feriado da sexta-feira nos Estados Unidos, e nos pregões seguintes algumas casas também devem ter decidido passar o final de semana “sossegadas”, com suas posições zeradas.
No lado geopolítico as tensões entre China e Estados Unidos voltaram a ser manchetes nos jornais horas após a China aprovar uma lei de segurança nacional para Hong Kong e o governo americano imediatamente se pronunciando prometendo retaliações.
Novo risco da pandemia, com novos casos voltando a aparecer nos Estados Unidos e na China, tambem preocupam os mercados, pois a expectativa geral para a retomada das principais economias voltaram a preocupar. Desemprego global, novo padrão de consumo e queda na renda da população seguem sendo monitorados pelos economistas/analistas e isso poderá reduzir o consumo das principais commodities agrícolas, como café e açúcar!
O contrato Setembro-20 (U20) agora trabalhando com a próxima resistência nos 114,20 centavos de dólar por libra-peso e suportes importantes nos 99,40 e 92,80 centavos de dólar por libra-peso.
O contrato com vencimento Julho-21 (N21) fechou a semana cotado a 110,25 centavos de dólar por libra-peso valorizando +6,42%!
Seguimos baixistas no médio/longo prazo, ficando atentos a eventual risco de geadas até final de julho-20 no Brasil e posição dos fundos! No caso do mercado continuar subindo e câmbio acima dos 5.30 R$/usd recomendamos “fazer conta” e aproveitar para novas fixações para safra 21/22 e 22/23.
No curto prazo seguimos sugerindo a proteção contra eventual alta, seja em função do risco de geadas ainda estar no radar ou em função dos fundos seguirem zerando posição. Sugestão: comprar o “Call-Spread” (compra e venda simultanea da opção de Compra com strike mais baixo vendendo a opção com strike mais alto) no Setembro-20 de 110,00 x 122,50 centavos de dólar por libra-peso vendendo a Put (opção de venda) de 85,00 centavos de dólar por libra-peso no Dezembro-20 (Z20).
Para a safra a 21/22 sugerimos a proteção contra novas baixas comprando o “Put-Spread” (compra e venda simultanêa da opção de Venda com strike mais alto vendendo a opção com strike mais baixo) no Julho-21 de 110,00 x 90,00 centavos de dólar por libra-peso vendendo a Call (opção de Compra) de 120,00 centavos de dólar por libra-peso no Julho-21 (N21) junto com hedge cambial (essa operação, considerando o câmbio no Julho-21 @ 5,45 R$/usd representa uma venda ao redor dos 720 r$/saca e um piso a 650 r$/saca (desde que o contrato liquide no vencimento das opções no Julh0-21 acima de 90 centavos de dólar pro libra-peso).
Produtores fiquem atentos aproveitando as oportunidades para garantir preços mínimos para safra 2021/22 e 2022/23.
Cuidado com as operações alavancadas, acumuladores, tanto para café quanto para câmbio!
Boa semana a todos!
Marcelo Fraga Moreira*
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