Café: Clima pode começar a agitar mercado, por Rodrigo Costa
Uma temporada ativa de tempestades tropicais agita os mercados expondo a população, agora, do Caribe e Flórida, com custos crescentes de reconstrução pressionando ainda mais o orçamento dos Estados Unidos e enfraquecendo a moeda americana.
No México um dos maiores terremotos que se tem registro tristemente matou mais de sessenta pessoas. A sequência de desastres naturais somados aos frequentes testes de mísseis e nucleares do audacioso e provocador líder da Coréia do Norte fizeram as bolsas de ações cair nos Estados Unidos e Ásia, enquanto na Europa as performances foram mistas desde o começo de setembro.
O índice do dólar negociando no mais baixo patamar desde 5 de janeiro de 2015 empurrou o CRB para próximo das máximas de maio último, com o maior ganho registrado pelo suco de laranja, 15.10%, em função do furacão Irma que chega na Flórida. Os contratos de algodão, gado, prata e ouro também subiram desde o fim de agosto, e entre os que caíram estão o gás-natural, o açúcar, o cobre e o níquel.
O café em Nova Iorque perdeu US$ 0.75 centavos por libra desde meu último comentário, encerrando a semana acima de US$ 130.00 centavos por libra, parcialmente ajudado pelo vencimento das opções de outubro na sexta-feira. Londres por outro lado teve quedas fortes saindo de US$ 2,112 /ton para negociar a US$ 1,914 /ton, o mais baixo nível desde maio, levando a arbitragem entre os dois mercados de volta à US$ 40 centavos por libra.
Fundamentalmente o quadro pouco se alterou, com diferenciais se mantendo em níveis que continuam não atraindo a atenção de compradores, principalmente para as duas maiores origens produtoras, dada a valorização o Real Brasileiro e do Peso Colombiano.
O fim da colheita no Brasil com um fluxo de negócios aquém do imaginado agora tem como ingrediente adicional um prognóstico de chuva que apenas aponta precipitações para possivelmente o final do mês de setembro, colocando em risco a florada das regiões que despertaram as árvores há três semanas atrás.
O preço do mercado futuro pouco se alterou, mas nota-se uma movimentação no “pit” de opções com a volatilidade das opções de compra (calls) apreciando e causando uma mudança na curva contra as opções de venda (put).
Fotos de cafezais desfolhados nas áreas que estão secas há mais de dois meses têm circulado pelos e-mails dos participantes, que por ora imaginam uma recuperação do cafezal tão logo o período das águas comece. Eu não me surpreenderia em ver os traders que anteciparam vendas após as floradas nos estados de São Paulo, Rondônia e Espírito Santo começarem a se sentir desconfortáveis e provocar uma puxada nas cotações.
Um movimento acima de US$ 131.50 centavos por libra pode também atrair os fundos de sistema e outros especuladores que adicionaram mais de trinta mil lotes vendidos desde meados de agosto às suas posições, possivelmente levando o contrato “C” para próximo de US$ 140.00 centavos por libra.
Isto não contando com o terminal ansiosamente começando a precificar um prêmio de seca, diga-se de passagem.
Os argumentos contra uma alta, entretanto, permanecem nublando as esperanças dos altistas, como os estoques altos no destino, a proximidade de uma safra grande de Honduras, Colômbia a menos de dois meses da colheita, Vietnã entrando no mercado no fim do ano e o mercado do robusta em liquidação de apostas de altas dos fundos.
O pano de fundo macroeconômico junto com o gráfico dando sinais técnicos de uma recuperação ainda me faz crer que no curto-prazo um rally está se desenhando. Olhando para o posicionamento dos participantes observamos que a última vez que vimos os fundos vendidos como agora no arábica o CRB fazia a mínima de um ano e meio, o índice do dólar beirava os 100.00 pontos e o Real estava acima a 3.34 (contra os atuais 3.0875).
Me parece improvável que os fundos entrem com o mesmo apetite de venda de junho, quando então montaram um recorde de posição vendida, diante do cenário traçado acima. Vale lembrar também que as novas vendas que fizeram estão basicamente no atual nível que Nova Iorque está negociando e uma cobertura pode facilmente encontrar pouca resistência, pois sem chuvas os comerciais devem ficar mais reticentes em vender.
O retorno das férias no hemisfério norte também deve prover suporte no curto prazo e os atrasos de embarques no Brasil pode ajudar a não permitir uma elevação significativa dos inventários nos países consumidores (pelo menos até a chegada de outras origens).
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
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