Café: Bolsa perde 10% em moedas de principais produtores, por Rodrigo Costa
Os três principais índices acionários americanos, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq, atingiram novas altas históricas, encerrando a semana nas máximas.
A promessa de Donald Trump de em breve anunciar uma “fenomenal” reforma de impostos para as empresas dos Estados Unidos, junto com reuniões que o novo presidente tem tido com os CEOs de grandes empresas ajudaram a renovar as apostas dos investidores na bolsa. Tudo será “fantástico”!
Os mercados europeus têm sustentado movimentos positivos de carona com os EUA, assim como os emergentes, com destaque ao IBOVESPA que acumula quase 10% de alta em reais desde o começo do ano e quase 15% se convertido em dólar.
As commodities não ficam de fora do maior apetite ao risco, mesmo com a recuperação do índice do dólar no mês de fevereiro. Dos componentes do CRB apenas o cacau, o açúcar demerara e o gás natural cederam nos últimos cinco dias. O café em Nova Iorque teve um modesto ganho de 1% e o robusta, que não faz parte da cesta de matérias-primas, cedeu um pouco, talvez em função do vai e vem sobre a autorização do Brasil importar café.
Chuvas prometidas para a região do Espírito Santo por ora foram aquém do que se esperava, mas os operadores de Londres não parecem muito preocupados, ainda. Em uma nota paralela, é uma tristeza o que tem passado os capixabas recentemente, não bastasse o sofrimento dos produtores de conilon, agora o estado vive uma crise de segurança.
A firmeza do Real brasileiro proveu um suporte para o contrato “C”, atraindo compras de comerciais e de alguns fundos de sistema. Os preços do terminal ainda são insuficientes para estimular o giro nas origens, potencialmente deixando mais leve o mercado. Se convertermos o arábica em centavos de Real e de Pesos Colombianos por libra-peso nota-se uma perda de quase 10% dos preços de meados de janeiro, o que em um cenário de estoques mais baixos resulta em vendas dosadas a conta-gotas pelos produtores.
Por falar em estoque, na discussão sobre a autorização de importação de café algumas associações de produtores tem dito que o número de inventário divulgado pela CONAB representa 50% do que os cafés depositados nos armazéns e/ou em fazendas – informação publicada pela imprensa local e claro transpirando entre os operadores internacionais.
As exportações brasileiras em janeiro totalizaram 2,56 milhões de sacas, segundo a CECAFE, volume que deve continuar caindo até a entrada da próxima safra. A respeitada entidade estima que os embarques de 2017 serão menor em dois milhões de sacas comparados ao ano anterior, ou seja, totalizarão 32 milhões de sacas.
A Cooxupé divulgou sua avaliação de safra para o ciclo 17/18, durante a sempre bem organizada FEMAGRI. A maior cooperativa do mundo trabalha inicialmente com uma produção entre 43 e 47 milhões de sacas, com o arábica ficando entre 35 e 38 milhões de sacas e o conilon entre 8 e 9 milhões de sacas.
Já o IBGE vê a produção brasileira em 47,78 milhões de sacas, uma queda de 12% no arábica e um aumento de 11% do conilon – sendo que para o Espírito Santo o órgão aponta um crescimento de 14% da produção.
Há poucas novidades para ajudar o terminal a romper o intervalo de preços entre US$ 140 e US$ 160 centavos por libra, ainda mais durante o período de rolagens de contratos do contrato de Março17, que entra em notificação de entregas a partir da próxima sexta-feira, dia 17.
Uma continuação da apreciação do Real deve dar novo folego para a alta, sem falar, é claro, de precipitações pequenas nos cafezais capixabas.
Não haverá relatório nas próximas duas semanas, retorno com os comentários semanais regulares a partir do dia 4 de março.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da ArcherConsulting
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