Café: Equilíbrio de oferta limita baixa no médio-prazo, por Rodrigo Costa
Os mercados acionários mantiveram a trajetória de alta no primeiro mês de 2017 empurrados pela expectativa de uma política fiscal expansionista da maior economia do planeta. Donald Trump tem surpreendido a muitos com seus atos e declarações intempestivas (várias via Twitter), muito embora quem o defende diz que ele está fazendo o que tinha prometido durante a campanha – raro, segundo seus admiradores.
Embora diplomaticamente desastroso o novo governo republicano deve beneficiar alguns setores como, por exemplo, o financeiro já que uma das promessas do atual presidente foi diminuir a pesada regulamentação sobre os bancos desde a última crise.
O índice do dólar começou o ano firme negociando a 103.82 pontos, o mais alto patamar desde 13 de dezembro de 2002, mas cedeu desde então encerrando sexta-feira a 99.75. As commodities se beneficiaram da “queda” do dólar, tendo quatro dos componentes do CRB subido mais de 8%: a prata, o açúcar demerara, o algodão e o alumínio.
O café arábica teve uma queda forte no fim de 2016 negociando a US$ 132.85, após o meu último comentário, mas recuperou desde então chegando a US$ 156.95 centavos por libra em 24 de janeiro e encerrando esta semana quase no meio do intervalo, a US$ 146.25. O Robusta em Londres performou melhor com o contrato de Março17 negociando a US$ 2,269 por tonelada na quarta-feira última, acima dos níveis de Novembro quando NY foi a US$ 179.55 centavos por libra-peso.
A diferença de comportamento se dá em função da oferta limitada do café Vietnamita durante o período de comemoração do ano novo lunar e também dada a expectativa de uma tímida recuperação da produção do conilon para a safra 17/18 – após um ano de déficit mundial da variedade (robusta/conilon).
Três respeitados exportadores brasileiros divulgaram suas estimativas para a safra 17/18. A Comexim inicialmente trabalha com uma perspectiva de produção de 49.4 milhões de sacas, sendo 38.8 milhões de arábica e 10.6 milhões de conilon – respectivamente 15% menor e 18% maior do que a colheita anterior. A Terra Forte estima a safra em 48.1 milhões, 38.2m de arábica e 9.9m de conilon, abaixo das 44m e 10.5m de 16/17. A Unicafé divulgou uma expectativa de 47.4 milhões de sacas (38.6m + 8.8m).
Já a CONAB, em seu primeiro levantamento, apontou um intervalo de produção entre 43.65 e 47.51 milhões de sacas, sendo na média 36.45 milhões de arábica e 9.13 milhões de conilon (16% maior e 15% menor do que a corrente, respectivamente).
O fortalecimento do Real Brasileiro faz com que Nova Iorque a US$ 150.00 centavos pouco ajude o fluxo de cafés no mercado interno, apertando o diferencial e estrangulando quem precisa cobrir vendas no livro. O basis dos cafés suaves está em geral mais fraco, sendo uma das razões para os certificados do contrato “C” terem subido 60 mil sacas em janeiro – voltando para o nível de junho do ano passado.
A verdade é que a cobertura da indústria é boa no físico e melhorou bem nos futuros gerando tranquilidade, por ora, ainda que o quadro fundamental não tenha espaço para perdas significativas de produção entre as principais origens.
No Brasil as escassas chuvas de janeiro no Espírito Santo voltaram a trazer ansiedade entre os participantes ajudando o terminal Londrino. Prognósticos de um fevereiro “molhado” pode ter um efeito negativo para o contrato futuro do robusta, que tem os fundos segurando uma posição recorde comprada.
Uma realização de preços por lá vai pressionar Nova Iorque, provavelmente paralisando as negociações nas principais praças. Acontecendo isto será uma nova oportunidade para comprar futuros apostando no aperto que deve se confirmar caso a próxima safra fique abaixo de 50 milhões de sacas.
A dúvida, e o que deixa ressabiado o investidor internacional, é uma eventual produção maior de conilon do que se estimam, já que os fundos discricionários tem vivo na memória a safra do arábica maior do que se esperava quando da seca no Sul de Minas há três anos...
No curto-prazo um fechamento acima de 148.30 é preciso para evitar uma liquidação dos fundos de sistema, que buscarão os níveis de 143.30 e 141.10.
Um excelente 2017 para todos nós!
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
0 comentário
Preços do café estendem alta de 3 semanas e fecham sessão desta 6ª feira (22) com ganhos de mais 4% na bolsa de Londres
Café: Mesmo nas máximas em 13 anos, preços não afastam compradores e mercado ainda é bastante resiliente
Safra de café da Colômbia 24/25 projetada em 12,9 mi sacas, diz USDA
Concurso de Qualidade dos Cafés de Minas decide os vencedores de 2024
Café no varejo: vendas aumentaram 1,1% de janeiro a setembro em comparação com o mesmo período de 2023
Preços do café seguem em volatilidade e apresentam altas no início da tarde desta 6ª feira (22)