Alta de preço do boi gordo em 43% das praças pecuárias, por Scot Consultoria
O mercado do boi gordo amanheceu agitado. Das 32 praças pesquisadas pela Scot Consultoria, os preços subiram em 43% delas.
A diminuiçõ da oferta de animais é o que está ditando o ritmo das cotações. Em praças em que a escassez de boiadas está dificultando as programações de abates, os preços subiram mais.
Este foi o caso de Mato Grosso do Sul. Na média das três praças pesquisadas, a valorização foi de 0,4% na comparação dia a dia. No estado, as escalas de abate atendem, em média, cinco dias.
Em Mato Grosso também houve valorização nas quatro praças de, em média, 0,7%, considerando no mesmo período.
Já em São Paulo, a arroba do boi gordo subiu 0,3% na comparação com terça-feira e está cotada em R$ 159,50 à vista, livre de Funrural.
Maranhão, Santa Catarina e Sul de Tocantins também tiveram altas nos preços do boi gordo nesta quarta-feira.
Frigoríficos voltam a se destacar como maiores altas do Ibovespa; entenda o motivo
Investing.com - As ações dos frigoríficos que fazem parte do lideram, mais uma vez, os ganhos do índice no começo da parte da tarde desta quarta-feira, repetindo assim o que tem sido comum nos últimos dias, com notícias positivas e perspectivas de maiores exportações para países asiáticos, principalmente com o surto de gripe suína africana.
Com isso, por volta das 14h20, Marfrig (SA:) avançava 3,09% a R$ 11,69, com JBS (SA:) somando 0,67% a R$ 33,10 e BRF (SA:) ganhando 1,91% a R$ 40,60. Já Minerva (SA:) subia 1,01% a R$ 10,00.
Com a gripe africana, a China está comprando mais carne do mundo inteiro e as cotações da , de frango e suína ao redor do planeta estão subindo, enquanto o gigante asiático tenta suprir as perdas em sua oferta doméstica causada.
No caso do Brasil, as exportações de frango para a China aumentaram 31% em relação ao ano passado e os preços domésticos de peito e coxa de frango aumentaram aproximadamente 16% no varejo.
Com isso, os consumidores europeus estão pagando em média 5% a mais por carne suína, porque a maior parte da carne produzida domesticamente está sendo enviada à China.
Nos EUA, os futuros de suínos, com vencimento em dezembro, subiram 4,5% este mês após oficiais chineses afirmarem que o país poderia excluir carne suína e outros produtos agrícolas norte-americanos de tarifas punitivas, embora o presidente Donald Trump, tenha afirmado na sexta-feira que o país não precisa de um acordo comercial completo com a China antes das eleições de 2020.
No final do mês passado, a Indonésia autorizou que dez frigoríficos brasileiros exportem ao país. De acordo com o ministério da Agricultura, as unidades possuem um potencial de exportação de pelo menos 25 mil toneladas de produtos bovinos.
A autorização vem depois de a ministra Tereza Cristina ter negociado em maio com o ministro indonésio, Amran Sulaiman, como parte de um tour por países asiáticos em busca da abertura de novos mercados para os produtos agrícolas brasileiros.
Em 2018, a Indonésia importou cerca de 150 mil toneladas de , com a Austrália representando cerca de 40% do volume, acrescentou a companhia.
Consequencias da habilitação de 17 frigorificos para exportação de carne para a China
No início da segunda semana de setembro o GACC (órgão de sanidade chinês) comunicou ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a habilitação de 25 plantas frigoríficas brasileiras para exportar carnes para a China.
Dos 25 frigoríficos habilitados, 17 são de carne bovina, seis de carne de frango, um de suínos e um de asininos.
A notícia é positiva, pois os chineses são os maiores compradores da carne bovina brasileira. Em 2018, do total de carne bovina in natura exportada (1,35 milhão de toneladas), 24% foi para a China (322 mil toneladas).
Importante ressaltar que devido aos casos de Peste Suína Africana que acometeram os suínos no país, a demanda chinesa por carnes no mercado internacional está aquecida, tendo em vista o déficit na produção doméstica.
Ou seja, o aumento da oferta de carnes no mercado internacional poderia causar uma retração no preço da tonelada exportada, entretanto, como a procura do país asiático está em patamares elevados, esse cenário não é muito provável.
Esclarecido este ponto, voltamos para as plantas que ganharam habilitação. Com a decisão do órgão de sanidade chinês, o número de plantas habilitadas passa de 15 para 32, considerando os frigoríficos produtores de carne bovina.
De todos os frigoríficos habilitados, seis estão localizados em Mato Grosso, quatro estão no Pará, dois no Tocantins e dois em Mato Grosso do Sul. Já em Goiás, São Paulo e Rondônia apenas uma planta foi habilitada por estado.
Veja na tabela 1 como ficou distribuição de plantas aptas para exportar para a China, por estado, antes e depois do comunicado.
Tabela 1.
Localização das plantas habilitadas para exportar carne bovina para China.
|
Antes |
Depois |
Total |
---|---|---|---|
MT |
1 |
6 |
7 |
MG |
4 |
0 |
4 |
RS |
2 |
0 |
2 |
SP |
7 |
1 |
8 |
GO |
1 |
1 |
2 |
TO |
0 |
2 |
2 |
PA |
0 |
4 |
4 |
RO |
0 |
1 |
1 |
MS |
0 |
2 |
2 |
|
|
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|
Fonte: MAPA / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Veja que São Paulo ganhou apenas uma habilitação, mas como já possuía sete plantas habilitadas anteriormente, continua sendo o detentor do maior número de frigoríficos aptos para exportar carne bovina para a China.
Por esse motivo, São Paulo também é o estado que mais vende carne bovina para a China, seguido de Minas Gerais.
Em 2018, do total embarcado, 41,3% foi proveniente de São Paulo, o que corresponde a 133 mil toneladas. Veja na figura 1 como foi a distribuição naquele ano.
Figura 1.Exportação de carne bovina in natura em 2018, por estado.
Fonte: MDIC / Elaborado por Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br
Contudo, é provável que haja um rearranjo nesta participação, pois agora Minas Gerais perdeu a posição no pódio para Mato Grosso e ainda enfrentará uma disputa acirrada com o Pará, no que diz respeito à quantidade de plantas habilitadas (tabela 1).
Vejamos Mato Grosso, por exemplo. Com somente uma planta habilitada, o estado vendeu 30 mil toneladas de carne bovina in natura para a China em 2018, agora com mais seis plantas aptas, o potencial de exportação aumentou exponencialmente.
Dessa forma, a forte demanda chinesa deve trazer mais liquidez para o mercado do boi gordo e, conforme o apetite das indústrias pela matéria-prima aumenta, os preços da arroba tendem a ganhar força.
Analisando as cotações do boi gordo nestes estados que tiveram a maior quantidade de plantas habilitadas (MT, PA, TO e MS), é possível perceber que somente o efeito da entressafra já tem causado valorizações para o boi gordo. Veja na figura 2.
As altas mais significativas ocorreram no Tocantins, onde, considerando as médias mensais, a cotação do boi gordo subiu 4,1% de julho a setembro (preços até dia 10/9).
Figura 2. Média de preços do boi gordo em julho e setembro de 2019.
Portanto, é provável que a trajetória de altas ganhe ainda mais intensidade, apoiada no aumento da demanda por animais terminados.
Lembrando que, dentre os atributos requeridos pela China, os animais devem ser jovens, com menos de 30 meses. As boiadas que se encaixam nessa categoria recebem ágios normalmente de R$2,00 a R$3,00 sobre o preço do boi comum.
As novilhas também têm sido demandadas para este fim. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no primeiro semestre, enquanto os abates totais aumentaram 2,7%, os de novilhas cresceram 21%, frente ao mesmo período de 2018.
Portanto, esse cenário sugere que o produtor procure adotar tecnologias para terminar seus animais em menor tempo.
Lembrando que tecnologia é qualquer processo que melhore a produção, podendo ser desde uma adequação da taxa de lotação das pastagens, até o fornecimento de suplementação para os animais, sempre de acordo com as possibilidades de caixa da fazenda.
De qualquer forma, a intensificação do sistema deve ser buscada não somente para atender a demanda de países específicos, mas porque aumentar a eficiência tem um objetivo simples, que é aumentar o resultado financeiro da atividade. (por Marina Zaia)
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