Mercado de açúcar: "O outro lado da história", por Arnaldo Luiz Correa, da Archer

Publicado em 17/10/2020 06:58
“Nunca compre uma ação só porque ela teve
uma grande queda desde sua última alta.”
Jesse Livermore (1877-1940)
Corretor da Bolsa

 

O mercado de açúcar em NY bem que tentou quebrar durante a semana o nível dos 14.50 centavos de dólar por libra-peso, sem sucesso, mas terminou a semana com o contrato para vencimento março/20 cotado a 14.45 centavos de dólar por libra-peso, apresentando uma valorização de 87 pontos, equivalentes a pouco mais de 19 dólares por tonelada. Todos os vencimentos fecharam em terreno positivo.

O dólar, por sua vez, perdeu força na própria sexta-feira e encerrou a semana cotado a R$ 5.6525 uma queda de 0.5% comparativamente à semana anterior. Na semana, o valor médio do açúcar em NY para a safra 2021/22 e 2022/23 teve uma valorização de 38 e 60 reais por tonelada, respectivamente.

Não há dúvida que o impulso altista observado em NY tem sido sustentado pela posição comprada dos fundos (estimada em 244,000 contratos) estimulando ainda mais a força ascendente por meio da compra compulsiva do spread março/maio, e também do maio/julho, que estreitou sete e cinco  dólares por tonelada na semana, respectivamente. Com a compra, o fundo alimenta a alta do março sem adicionar risco direcional.

A narrativa altista tem entre seus componentes principais o fato de a Índia estar demorando na implementação do programa de subsídio, do déficit hídrico nunca antes sentido em várias regiões (algumas sem chuva há 160 dias), da seca e dos incêndios que atingiram e atingem parcela da área ocupada pelos canaviais no Centro-Sul, da redução da safra tailandesa e do expressivo volume de exportação de açúcar do Brasil. Mas, o outro lado da história pode ser cruel.

Como exemplo, a Europa apresentando 700 mil casos de covid-19 na semana que passou e dando um passo atrás na reabertura da economia e os EUA exibindo sensível piora dos casos da doença na maioria dos estados. Dessa forma, aumenta o temor de uma segunda onda global da pandemia que pode provocar enorme turbulência no mercado financeiro e nas commodities nos moldes do ocorrido naquela fatídica primeira quinzena de março.

Também, no meio do caminho, tem uma eleição americana extremamente polarizada cujo resultado, independentemente do vencedor, pode reprisar as manifestações e violências de grupos radicais com consequências inimagináveis nesse momento. Está super fácil tomar decisão, não é mesmo?

Não dá para desperdiçar os preços negociados pelo mercado. O valor presente da safra 21/22 equivale a R$ 1,724 e a da safra seguinte R$ 1,622. Garantir esses preços é certeza de um excelente resultado no ano. E pode-se sempre participar na alta comprando calls (opções de compra) out-of-the-money (opções fora-do-dinheiro).

O modelo da Archer Consulting, como informado em comentário anterior, aponta que o total de açúcar de exportação fixado para a safra 2021/22 no mercado futuro de NY é de 8.125.000 de toneladas, representando 32.5% do volume estimado para a próxima safra.

O número tem sido contestado e, como se trata de um modelo, resta-nos tentar identificar falhas no modelo para futura correção, se for o caso. Esmiuçando o cálculo, contudo, sabemos que 40% das usinas mais saudáveis financeiramente fixaram 54% das vendas, enquanto as 60% restantes fixaram apenas 18% do volume do próximo ano, principalmente por limitações creditícias.

Já estão abertas as inscrições em número limitado para os dois cursos lançados pela Archer Consulting, inteiramente on-line, ao vivo/pré-gravado: um é o Curso Essencial de Futuros em Commodities Agrícolas que vai ocorrer de 23 a 27 de novembro, destinado àqueles que precisam dos conhecimentos essenciais acerca do funcionamento do mercado de commodities; outro é o Curso Avançado de Opções em Commodities Agrícolas, de 30 de novembro a 04 de dezembro. Todos das 17 às 19 horas por meio da plataforma Zoom®, e gravados para posterior revisão. Mais informações no e-mail [email protected]

Tenham um excelente final de semana.

Arnaldo Luiz Corrêa

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Fonte:
Notícias Agrícolas

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