Futuros do açúcar sobem mais de 2% com revisão dos estoques brasileiros para mínima recorde
Nesta quarta-feira (23), os preços futuros do açúcar registraram altas acima de 2% bolsas de Nova York e Londres, após informações divulgadas pela trading de commodities Wilmar, com sede em Singapura, de que os estoques do adoçante no Brasil estão em 900 mil toneladas, o nível mais baixo já registrado.
Em reportagem publicada pela Reuters, o chefe de pesquisa da Wilmar, Karim Salamon, disse que depois de uma revisão longa, detalhada e precisa dos estoques de açúcar do Centro-Sul pela Unica, usina por usina, os estoques foram revisados para muito menos, com uma diferença surpreendente de 2,4 milhões de toneladas.
“Os dados dos estoques de açúcar da Unica não são públicos, ao contrário de outros números de produção que o grupo divulga semanalmente. Somente as empresas associadas ao grupo têm acesso a essas informações”, destacou a Reuters.
Segundo o Barchart, “a Wilmar International, uma das maiores comerciantes de açúcar do mundo, disse que o mercado de açúcar enfrenta um ‘enorme risco de escassez de açúcar brasileiro’ no primeiro semestre de 2025 devido aos baixos estoques brasileiros e um início tardio da temporada 2025-2026 devido às recentes condições de seca que impactaram o desenvolvimento da cana”.
Ao Notícias Agrícolas, o especialista em inteligência de mercado Filipi Cardoso já havia apontado que a safra do deveria ter um encerramento antes do que aconteceu na safra passada, com uma finalização no máximo final de outubro, primeira quinzena de novembro, o que é um período maior de entressafra, de certa forma sem produção.
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Além disso, o Barchart cita também que o o Rabobank reduziu no início desta semana a previsão de produção de açúcar do Brasil na safra 2024/25 para 39,3 milhões de toneladas de uma previsão anterior que era de 40,3 milhões de tonelada, redução atribuída ao tempo seco no país.
De forma similar, a Datagro diminuiu na última segunda-feira (20) em 8,8% sua estimativa de produção de açúcar do Centro-Sul do Brasil de 2024/25 para 38,70 milhões de toneladas.
“Entre os principais problemas enfrentados pelos produtores estão a seca severa, que retardou o desenvolvimento das soqueiras e da cana-de-açúcar, além da proliferação de doenças como a murcha, que comprometeram a qualidade da matéria-prima. A seca também aumentou a incidência de queimadas, afetando áreas em desenvolvimento e prejudicando o andamento da produção”, informou a Datagro.
Preços no mercado internacional
No fechamento desta quarta-feira, em Nova York, o contrato março/25 subiu 0,61 cents (+2,81%), sendo cotado a 22,34 cents/lbp. O maio/25 avançou 0,48 cents (+2,38%), fechando a 20,61 cents/lbp. O julho/25 registrou uma alta de 0,35 cents (+1,81%), negociado a 19,67 cents/lbp, enquanto o outubro/25 teve um aumento de 0,31 cents (+1,62%), fechando a 19,42 cents/lbp.
Na Bolsa de Londres, o dezembro/24 subiu US$ 9,90 (+1,76%), fechando a US$ 571,10 por tonelada. O março/25 avançou US$ 11,50 (+2,03%), sendo negociado a US$ 578,50 por tonelada. O maio/25 teve uma alta de US$ 10,70 (+1,91%), cotado a US$ 569,90 por tonelada, enquanto o agosto/25 subiu US$ 8,60 (+1,58%), fechando a US$ 551,50 por tonelada.
Mercado interno
Como mostra o indicador Cepea Esalq, o açúcar cristal branco, em São Paulo, está cotado em R$ 156,30/saca, com aumento de 0,53%. O açúcar cristal em Santos (FOB) tem valor de R$ 157,79/saca, após desvalorização de 0,50%. O cristal empacotado, em São Paulo, vale R$ 16,1640/5kg, avanço de 0,41%, o refinado amorfo está cotado em R$ 3,5909/kg, com elevação de 0,55%, e o VHP permanece com preço de R$ 112,81/saca.
Em Alagoas, também com base no que mostra o indicador Cepea Esalq, o preço do açúcar está em R$ 165,02/saca. Na Paraíba, a cotação é de R$ 148,00/saca. Em Pernambuco, o valor é de R$ 155,47/saca.