Preço da gasolina e do diesel descola mais de 20% ao internacional e pressiona Petrobras por reajuste; companhia se posiciona

Publicado em 01/08/2023 14:33 e atualizado em 02/08/2023 09:59
Petrobras disse em Fato Relevante ontem (31) que tem monitorado as movimentações do mercado e os impactos ao Brasil e que eventuais ajustes serão feitos com base em análises técnicas e independentes

O descolamento do preço praticado pela Petrobras pela gasolina e diesel, que são vendidos às distribuidoras no Brasil, atingiu nos últimos dias o maior diferencial ante o praticado no mercado internacional desde que a companhia petrolífera anunciou, em 16 de maio, mudanças em sua estratégia comercial – deixando de lado a política de paridade de importação (PPI) que foi usada por mais de cinco anos.

A nova estratégia da companhia passou a usar o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e seu valor marginal.

Após pouco mais de dois meses sem o PPI e utilizando a nova estratégia, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) verificou que nesta segunda-feira, dia 31 de julho, a gasolina da Petrobras já estava 24% abaixo do que o preço praticado pelos importadores, cerca de R$ 0,78 por litro. Já o diesel estava 22% mais baixo do que o praticado no mercado externo, ou R$ 0,83 por litro.

Segundo Bruno Cordeiro, analista de inteligência de mercado da StoneX, em julho, houve valorização internacional de indicadores da gasolina e diesel na New York Mercantile Exchange (NYMEX). "Há avanço das principais referências globais de ambos os combustíveis nas últimas semanas, com o RBOB [gasolina reformulada] e o ULSD NY Harbor [diesel com baixo teor de enxofre] registrando um crescimento acumulado na ordem de 11% e 22%, respectivamente, ao longo do mês", disse.

Petrobras deixou de usdar em maio política de paridade de importação (PPI), após mais de cinco anos - Foto: Reuters

Os cálculos de paridade da consultoria vão em linha aos dos importadores. Até a manhã desta terça-feira (1º), a Petrobras poderia fazer um reajuste de 25,1% para o diesel A, aproximadamente R$ 0,76 por litro, para alcançar a paridade com os preços no mercado internacional, e de 19,6% para a gasolina A, cerca de R$ 0,49 por litro.

"Em relação aos reflexos dessa defasagem, o principal fator que o mercado poderá observar ao longo das próximas semanas será um aumento do repasse da defasagem pelas importadoras ao consumidor final. Ainda assim, é importante frisar que não há qualquer risco de desabastecimento de combustíveis no país, mas sim a possibilidade de redução das cargas compradas por importadoras de pequeno porte e concentração dos volumes em importadoras maiores, que conseguem arcar com maiores custos de internalização do produto", explica Cordeiro.

Já o presidente da Abicom, Sergio Araújo, vê sim risco de um desabastecimento, após inviabilidade das importações diante desse cenário. Ele também aponta como reflexos do alto diferencial de preços neste momento, uma pressão sobre as operações de outros produtores de derivados de petróleo (refinarias privadas), além de inviabilidade de uma transição energética no longo prazo, e insatisfação dos acionistas da companhia.

PETROBRAS SE POSICIONA

Esse diferencial recorde dos preços praticados pela companhia ante o internacional fez, inclusive, com que a Petrobras divulgasse aos seus acionistas um Fato Relevante ontem (31) em que ressalta que tem monitorado as movimentações do mercado e os impactos ao Brasil e que eventuais ajustes serão feitos com base em análises técnicas e independentes.

"A Petrobras tem observado com atenção os desdobramentos dos fundamentos do mercado global, assim como seu impacto no Brasil. Eventuais reajustes, quando necessários, serão realizados suportados por análises técnicas e independentes", disse. "Os reajustes continuam sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio", complementou.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, se reuniu nesta terça-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Possivelmente, a questão do reajuste esteve na pauta. Nesta tarde, ele disse para o Estadão que a estatal não vai aumentar os valores da gasolina e do diesel neste momento por considerar que está numa situação “confortável”.

Veja o Fato Relevante da Petrobras na íntegra:

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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