Argentina: Eleições presidenciais deste domingo definem futuro da agricultura

Publicado em 21/10/2015 15:11

Neste domingo, 25 de outubro, é dia de eleição presidencial na Argentina e o futuro da agricultura do país está nesse resultado. Essa é a expectativa dos analistas internacionais. O principal candidato da oposição é Mauricio Macri, prefeito da cidade de Buenos Aires, e da situação é Daniel Scioli, governador de Buenos Aires que está encerrando seu mandato. 

E entre os principais desafios dentro do agronegócio para ambos os políticos estão o controle da moeda local, as taxações sobre as exportações - as chamadas "retenciones" - e as atuais barreiras comerciais. Os movimentos assumidos podem ser bastante perigosos em uma economia onde a ameaça da inflação de consumo é bastante presente, mas o grupo que mais anseia por mudanças efetivas ainda é formado pelos produtores rurais. 

Candidatos

A corrida presidencial se aproxima do fim com o candidato da situação na frente. Daniel Scioli é considerado um moderado membro da esquerda argentina, do grupo Peronista. Já Mauricio Macri se define como um reformador liberal, que irá varrer do país as taxas fixas de câmbio, as taxas das exportações e as cotas que limitam as vendas externas, fatores que, durante anos, pesam sobre as os agricultores. 

Perspectivas 

Para Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, as expectativas são realmente elevadas, porém, as perspectivas preocupam justamente por as pesquisas indicarem, até o momento, uma vitória do sucessor de Cristina Kirchner, o que não deve mudar muita coisa para o setor. 

"Os produtores por lá estão muito desanimados", diz Brandalizze, explicando que, com a vitória da situação, já é esperado um quadro de menos investimento na agricultura do país, com redução de área de plantio, de produção, e muitos agricultores quebrando. "A oposição hoje tem uma visão mais aberta da economia, o que é importante neste momento", completa. 

O consultor afirma ainda que mesmo que as projeções de órgãos do governo indiquem ao menos uma manutenção da área cultivada com soja na temporada 2015/16 ou até mesmo um aumento, as perspectivas reais são de uma queda de 5% até 10%, isso sem falar da expressiva baixa que deve registrar a área plantada com milho nessa próxima safra. Atualmente, muitas áreas de ambas as culturas já são economicamente inviáveis na Argentina. 

A opinião de Brandalizze é semelhante à do consultor internacional Michael Cordonnier. Entretanto, o especialista do site internacional Soybean and Corn Advisor diz que por o milho ser, entre os dois, o cultivo menos rentável nesse cenário, os produtores argetinos têm migrado cada vez mais para a soja. 

"Ao invés de terem uma divisão entre as culturas similar ao que acontece nos Estados Unidos, com 50% de soja e 50% de milho, os agricultores argentinos hoje plantam, basicamente uma 'monosafra' de soja ano após ano", diz. "Os agricultores sabem que essa não é uma prática sustentável, porém, se dizem 'forçados' a realizá-la diante das atuais políticas de governo. 
 
Trabalhos de Campo e Comercialização

Michael cordonnier diz ainda que, mesmo que o resultado destas eleições não chegue nem mesmo até meados de novembro, o tempo para que os agricultores do país se definam sobre as áreas a serem cultivadas é apertado. 

Além disso, há ainda, por conta das incertezas trazidas pelas eleições, um ritmo bem mais lento de comercialização, principalmente da soja, instalado na Argentina. Afinal, a taxação sobre as exportações de soja no país, as quais foram implementadas em 2002, são de, atualmente, 35%. 

O candidato da oposição, Mauricio Macri, prometeu retirar, se eleito, as taxas de exportações de commodities, enquanto seu oponente, Daniel Scioli, afirmou que irá rever o assunto. Enquanto isso, as discussões seguem acaloradas e evitando que os produtores locais voltem ao mercado vendedor. 

"Atualmente, parece fácil para o opositor afirmar que irá retirar as taxas, porém, a implementação de uma ação como esta será bastante difícil, já que os volumes arrecadados correspondem a algo entre 10% e 11% das receitas do governo", explica Cordonnier. 

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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