Soja: Prêmios terão forte valorização no BR com suspensão de compras da China nos EUA
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Entrevista com Marcos Araújo - Analista da Agrinvest sobre o Suspensão da China na Soja Americana
O mercado mundial de soja começou junho com a notícia de que a China suspendeu, por parte de suas estatais, as compras de soja e carne suína dos Estados Unidos e a medida trará, inevitavemente, um espaço ainda maior para a já demandada oleaginosa brasileira. O mês de junho, que começa nesta segunda-feira (1), deverá reservar, portanto, intensa volatilidade.
"A tendência disso é que o Brasil continue com um fortalecimento dos prêmios da soja tanto no mercado FOB quanto pelo interior do Brasil diante de um enxugamento das ofertas no país", explica o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
No entanto, Araújo explica que o Brasil já não tem soja suficiente para atender a toda a necessidade de demanda até o final deste ano. As exportações podendo chegar as 80 milhões de toneladas este ano, já é esperado que haja um racionamento da demanda interna. "Ou seja, devemos sim ter uma redução do esmagamento interno, ao contrário do que ainda acredita a Abiove de um aumento do processamento de soja este ano", diz o analista.
Parte das compras chinesas até poderia ser feita na Argentina, porém, por problemas logísticos, políticos internos e cambial tiram sua competitividade e não mudam muito as perspectivas do aumento de demanda esperado pela nação asiática no mercado brasileiro, o que deverá ser refletido diretamente nos prêmios.
"Vários traders, diante dessas informações, estão revendo suas posições custo e frete, e a quanto será negociado o basis na China. Nós esperávemos um basis de pelo menos 92 centavos acima de Chicago para agosto, contra uma média de 112, mas já era realidade na sexta-feira, com compradores do basis da soja FOB agosto a 120 acima de Chicago. E a tendência natural é de que esses prêmios, deverão continuar a subir, e o descolamento do mercado do Brasil, diante dessas tensões", explica Araújo.
O avanço destes prêmios, porém, não será suficiente para compensar a intensa desvalorização do dólar frente ao real que, segundo o analista da Agrinvest, já impactam em cerca de R$ 10,00 por saca a menos se comparado aos melhores momentos do ano. "Tivemos um terço do ganho de competitividade em dólares em função da desvalorização do real", afirma.