Cenário do mercado futuro mostra que produtor de soja precisa fazer "hedge" (proteção) o quanto antes
Dólar fecha em queda de 1,61%, a R$ 5.27787
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda e abaixo de 5,30 reais nesta quinta-feira, no menor valor desde janeiro, com a moeda brasileira liderando com folga os ganhos no mundo em dia de visível apetite global por risco e de reação a sinais mais firmes na política monetária doméstica.
O dólar à vista caiu 1,61%, a 5.2778 reais. A cotação variou entre 5,3759 reais (+ 0,20%) e 5,2581 reais (-2,00%).
Barclays dólar mais fraco com política monetária
SÃO PAULO (Reuters) - O ajuste mais intenso na política monetária ao mesmo tempo em curso e sinalizado pelo Banco Central é positivo para os mercados brasileiros e ampara posições a favor de redução da curva de juros, além de aproximar a taxa de câmbio de seu valor justo, disse o Barclays.
"Continuamos esperando a descompressão do prêmio de risco apoiado por um Banco Central mais proativo e continuamos comprados em DI janeiro de 2022 e vendidos em DI janeiro de 2024", relatou Roberto Secemski e Juan Prada em relatório.
A posição comprada refletida de alta aposta (no caso, alta dos juros futuros), enquanto a posição vendida indica o contrário.
Apostas em juros futuros mais elevados no curto prazo apontam expectativa de Selic maior. Um tom mais "hawkish" (duro com a informação), por sua vez, tende a baixar conforme as expectativas de entrada e aumentar a confiança no BC, potencializando a política monetária. Isso ajuda a reduzir o prêmio de risco em vencimentos mais dilatados, o que ajuda a explicar a recomendação vendida em DI janeiro de 2024.
De acordo com o Barclays, o mercado prevê intenso ciclo de alta de juros e sem pausa, o que levaria a Selic ao patamar neutro (6,5%) em janeiro de 2022.
"Achamos que deve haver pouca mudança na precificação (do mercado nos juros), já que o banco está abrindo a possibilidade de remover uma referência à normalização 'parcial' no futuro, o que validaria a precificação de mercado atual. A curva pode ser negociada com um viés de achatamento na compressão do prêmio de risco, já que o ritmo acelerado de altas deve continuar. "
O impacto das indicações de política monetária também se estende ao câmbio, segundo os profissionais do banco estrangeiro, que veem o movimento em curso como um suporte ao real.
Eles lembraram que a moeda tem se valorizado desde a resolução do impasse do Orçamento 2021, no mês passado, em trajetória que aproximou a cotação do valor justo pelo modelo FFV.
O dólar cai 7,8% desde um máximo de 12 de abril (5.7258 reais) e era cotado a 5.2803 reais nesta quinta-feira, nas mínimas desde janeiro.
"Acreditamos que a lenta restauração do 'carry' ea potencial descompressão de risco são positivos para o real e esperaríamos um viés mais alto na moeda", disse.
"No entanto, o ritmo de ganhos provavelmente será muito moderado em comparação com os movimentos vistos no mês passado", ressalvaram. O Barclays segue com estratégia de long put spreads sem par dólar / real, indicação de queda de dólar, mas ainda em meio a um ambiente de alta volatilidade.
Espaço para valorização do câmbio agora é "marginal", diz Western Asset; Valor seria de 5 reais a 5,15 reais
SÃO PAULO (Reuters) - O espaço para valorização da taxa de câmbio a partir de agora é "marginal", depois do forte movimento de abril e que tem se estendido a este começo de maio, disse Paulo Clini, chefe de investimentos da Western Asset , que já vê a moeda brasileira não tão subvalorizada quanto antes.
O valor "justo", segundo ele, estaria entre 5 reais e 5,15 reais. O dólar futuro cai 10,4% desde as máximas acima de 5,88 reais alcançadas em março e 8,6% desde os picos de abril, em torno de 5,76 reais.
"Não me parece haver mais o mesmo para avaliação do real visto no último mês. Uma parte relevante do choque de commodities e alguma medida da sinalização de política monetária parece já estar no preço", disse Clini.
O dólar à vista caía 1,5% nesta quinta, com o real liderando os ganhos entre as principais moedas um dia depois de o Banco Central adotar um tom mais duro em seu comunicado de política monetária após subir a Selic para 3,50% ao ano.
A valorização do câmbio desde abril, segundo o profissional, decorreu da combinação de três fatores: exterior favorável ao risco, sinalização de alta de juros pelo BC e trégua nas obrigações fiscais.
Com o câmbio menos descolado do que a evolução dos fundamentos, Clini volta às considerações para os prêmios da curva de juros, que segundo ele embute aperto monetário bem mais agressivo que o apontado no cenário-base do Western Asset.
A curva projeta Selic próxima de 6,25% para o fim de 2021 e entre 8,5% e 8,75% para o término de 2022. Mas no cenário de Clini o juro deve ir para 5,5% neste ano e ficar perto de 6,5% em 2022 --com pausa no aperto monetário e retomada mais para o encerramento de 2022. A taxa está em 3,50%.
"O real ainda está fora de lugar, mas menos. Os juros, sim, parecem estar fora de lugar. O mercado parece estar precificando um aperto monetário maior do que o necessário para colocar a informação introduzida na meta."