Brasília vive uma "hecatombe" moral. Foram anos de corrupção aberta, alcançando muitos políticos e está na hora da limpeza
Ainda com algumas novidades sendo divulgadas no cenário político, com vídeos sendo veiculados a partir de agora, o senador Álvaro Dias (PV-PR) diz que "as denúncias são gravíssimas" e consistem em uma "hecatombe moral". "Não há como ignorar a gravidade", aponta.
Ele diz que este processo, que já vem de alguns anos de corrupção aberta, alcançou muitos políticos e que "é hora dessa limpeza". Para Dias, este é um momento decisivo para o futuro e que, se a população tiver coragem de enfrentar essa situação, será aberta uma estrada para caminhar para um futuro melhor.
Dias aponta que a operação Lava-Jato vem fazendo seu trabalho com competência. A indignação, para ele, é ver que os irmãos Batista estão livres porque delataram. "As delações acabam beneficiando os principais criminosos", destaca. Ele lembra que os irmãos Batista anteciparam a compra de dólares e venderam ações da JBS sabendo de tudo o que a delação poderia causar. "Na véspera do vazamento, aplicou-se um golpe financeiro já sabendo que o dólar se valorizaria" - fato que está sendo investigado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O senador também vê que o presidente Michel Temer, que já estava impopular, tem sua rejeição aumentada por este episódio. Dias salienta que "é evidente que ele participou de delitos graves", como crime de responsabilidade, prevaricação, obstrução de justiça, entre outros. Já tramita um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que implica nesses três crimes praticados pelo presidente. "Ninguém gostaria de estar falando em denúncia, mas, diante dos fatos, fomos obrigados", avalia. Com isso, as reformas em andamento também estão comprometidas, em modo de espera.
O deputado Rocha Loures, citado também na delação da JBS, ainda é uma incógnita, já que não se sabe o que ele, enquanto um homem de confiança do presidente, irá dizer a respeito das relações. Dias diz também não saber se o impeachment será instaurado, mas lembra que foi a favor do impeachment de Michel Temer junto ao impeachment de Dilma Rousseff há um ano. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também avalia a possibilidade de recursos para uma eleição direta.
Agora, os parlamentares, bem como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), devem decidir a votação do foro privilegiado, projeto proposto por dias. No Senado, a projeção é de uma aprovação tranquila e este momento deve ajudar. Entretanto, alguns senadores propõem emendas legislando em causa própria.
Por fim, ele diz que "não é o povo que não sabe votar, somos nós [políticos] que não sabemos apresentar boas alternativas para a população". Para ele, um partido que "quer nascer para ter futuro, sem esse passado triste, é uma obrigação apresentar uma alternativa". Dias diz que, caso o seu partido acredite que ele é uma boa alternativa, ele será candidato a presidente.