Debate das queimadas da Amazônia esconde outra intenção: a de retirar os habitantes do Cerrado, diz Aldo Rebelo

Publicado em 15/07/2020 14:12 e atualizado em 15/07/2020 17:01
Ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo alerta que europeus querem desmatamento zero, fim do Código Florestal e impedir agricultura no cerrado
Aldo Rebelo - Jornalista e Ex-Ministro

Os mais recentes ataques estrangeiros à política ambiental do Brasil, principalmente com relação às queimadas e ao desmatamento na Amazônia, escondem outros objetivos com consequencias inimagináveis para o nosso País. "O primeiro seria impedir a vigencia do Novo Código Florestal Brasileiro", diz  Aldo Rebelo, ex-ministro, ex-presidente da câmara e jornalista. "Em seguida os ambientalistas querem implantar o desmatamento zero em todo o territorio nacional, e, por fim, desentropizar as regiões de Cerrado ocupadas por agricultores.

-- "Eles querem recolocar a vegetação nativa sobre as áreas plantadas, e, por mais incrivel que isso possa parecer, querem também retirar todos os seres humanos que habitam o Cerrado" denuncia.

A campanha internacional contra o Brasil não é só ambiental, envolve também interesses políticos e econômicos", disse  Aldo Rebelo, apontando que o mercado de carbono é o alvo da cobiça dos financistas europeus

-- "Isso significa muito dinheiro... eles poluem por lá e querem usar a Amazonia para abater as emissões, mas controlando todo o mercado avaliado em bilhões de dólares. Esse é interesse maior da cobiça estrangeira". 

Segundo Rebelo, o Novo Código Florestal foi feito para atender às demandas de produtores rurais e ambientalistas; no entanto, os ambientalistas se mostram contrários aos pontos que favorecem a produção agrícola em biomas nativos. Como as metas internacionais visam zerar a emissão de carbono, os ataques tem se intensificado, já que o Brasil é um dos únicos países com capacidade de sequestrar o carbono gerado por outros países.

"Há um extremo desses ambientalistas, que é retirar toda a presença humana de áreas preservadas, ou seja, quando se coloca em dúvida o Novo Código Florestal, isso fica em aberto. Ainda mais quando se confunde os biomas com conceitos fiscais, como é o caso da Amazônia Legal. Esse extremismo traria um outro risco, o de ter que retirar toda a presença humana do Cerrado por causa desse tipo de confusão", alertou.

Veja também:

>> Inpe confirma redução de 23% nos focos de incêndio no Bioma Amazônia em relação a 2019 e queda de 10% na comparação de 20 anos 

As razões de Mourão em relação à Amazônia, por Aldo Rebelo

Ao comentar a carta de 38 executivos de grandes empresas nacionais e multinacionais com pedido de providências do governo contra o desmatamento na Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão ponderou que a região é alvo de disputa geopolítica e que incomoda os críticos o fato de o Brasil despontar em breve como a maior potência agrícola do mundo. E acrescentou que os incomodados com a ascensão do Brasil buscam impedir que a produção agropecuária do País evolua.

Não há uma única inverdade nem uma só novidade nas observações de Mourão. A Bacia do Amazonas é cobiçada desde o Tratado de Tordesilhas (1494) e a presença das três antigas Guianas —francesa, holandesa e inglesa— na fronteira setentrional do Brasil é o testemunho da história de cobiça de todos os impérios coloniais pela natureza exuberante da região.

Mas a declaração foi suficiente para desencadear uma tempestade de críticas contra ele e o governo. Aqui mesmo, nesta Folha, um articulista chegou a atribuir os argumentos de Mourão à geopolítica de general de pijama, ufanismo de liberal gagá e ignorância do que se passa no mundo. Não fosse o articulista em questão crítico do atual governo, seria de se imaginar que se inspirara na obra "Como Vencer um Debate Sem Precisar Ter Razão", do filósofo alemão Schopenhauer, livro de cabeceira do ideólogo da hora no Palácio do Planalto.

Cobiça, inveja, curiosidade e interesse são substantivos que movem tantos quantos no mundo manifestam opiniões sobre a Amazônia. A indiferença foi o único sentimento que não percebi em relação à Amazônia nas viagens oficiais internacionais como presidente da Câmara dos Deputados, ou ministro em quatro pastas que ocupei.

O governo erra ao adotar uma atitude defensiva ou beligerante quando trata do tema Amazônia. Está certo ao repudiar qualquer tese de limitação da soberania do Brasil, mas peca ao não promover um esforço que reúna competência diplomática e científica para explicar a Amazônia, esforço que carece de autoridade e credibilidade, infelizmente em declínio no Itamaraty.

O estado do Amazonas isolado tem mais florestas do que os territórios somados da França, Alemanha, Noruega, Holanda e Dinamarca, campeões do ambientalismo interesseiro. Em que país da Europa o agricultor destina 80% da área de sua propriedade para proteção ambiental? Em nenhum, no mundo isso só acontece na Amazônia brasileira. A lei europeia não obriga seus fazendeiros a destinarem um mísero hectare para a proteção do meio ambiente. Aqui, 80% do Amapá e 70% de Roraima estão imobilizados em unidades de conservação e terras indígenas, e do que resta com potencial de aproveitamento para a agricultura ou pecuária 80% são reserva legal.

Em resumo: a Amazônia está protegida por terra, mar e ar e não se pode confundir atividades ilegais com a ocupação laboriosa e secular de brasileiros honrados e trabalhadores que vivem e produzem na região mais abandonada, mais pobre e mais incompreendida da Pátria.

Brasil precisa de resultado concreto na queda do desmatamento, diz Mourão após reunião com empresários

BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira que o principal problema levantado por empresários durante reunião por videoconferência sobre a política ambiental do governo é o desmatamento, e que a questão estará resolvida se o Brasil apresentar resultado concreto na proteção da floresta.

"O maior problema que foi expressado por todos é a questão do combate ao desmatamento. Na realidade, o que acontece, vamos ser muito claros: se nós apresentarmos resultados concretos de queda do desmatamento, está resolvido o problema. A coisa é simples", disse Mourão em entrevista a jornalistas após a reunião.

Participaram do encontro por videoconferência com o vice-presidente, que também é presidente do Conselho da Amazônia Legal, representantes de empresas como Natura, Suzano, Shell, Cargill, Marfrig, Itaú e Vale.

Estas e outras empresas pediram nesta semana, em carta enviada a Mourão, providências urgentes contra o desmatamento ilegal e alertaram contra o impacto que a questão ambiental tem na imagem e nos negócios do Brasil no exterior.

O ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung, presidente da Indústria Brasileira da Árvore (Ibá), disse que “as mais altas autoridades do país terminam a semana conscientes de que precisam agir com urgência para debelar o desmatamento, as queimadas, o garimpo e a grilagem ilegais da região amazônica".

"Cuidar da Amazônia é interesse do Brasil e dos brasileiros", acrescentou.

Os números do desmatamento do mês de junho, revelados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta sexta, mostram que o desmatamento continua acelerando no país pelo 14º mês consecutivo. Em relação a junho de 2019, quando a retirada e mata nativa já havia batido recordes, o avanço foi de 10,7%.

Nos primeiros seis meses do ano, a área desflorestada cresceu 25%, chegando a 3.066 quilômetros quadrados.

Na véspera, Mourão participou de videoconferência com fundos de investimento estrangeiros, que também enviaram carta ao governo, por meio das embaixadas do Brasil, pedindo a abertura de um diálogo com o governo para tratar do desmatamento.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

Por: João Batista Olivi e Ericson Cunha
Fonte: Notícias Agrícolas

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