Ainda com demanda enfraquecida, setor de hortifruti e hortaliças deve demorar mais do que esperado para ver recuperação

Publicado em 28/06/2021 15:53 e atualizado em 28/06/2021 17:08
Menor poder aquisitivo vem impactando setor; Cepea aponta alta no custo de produção nas culturas de tomate e cebola
João Paulo Deleo - Pesquisador do CEPEA

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Entrevista com João Paulo Deleo - Pesquisador do CEPEA sobre os Custos da Produção do Tomate e Cebola

 

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De acordo com informações do Cepea, No caso do tomate, foram avaliadas a pequena e grande escalas de produção em Caçador (SC). Além disso, foi feita uma apuração na região de Mogi Guaçu (SP) da última safra encerrada de tomate (2020) e uma estimativa para a produção que está em curso (2021). Quanto à cebola, dados da safra 2020/21 foram levantados em Lebon Régis (SC) e comparados com os custos de 2018/19, já que não houve apuração para a temporada 2019/20.

FERTILIZANTES, O VILÃO DA ALTA DOS CUSTOS

Dentre os insumos utilizados nas culturas de tomate e de cebola, a valorização dos fertilizantes se destaca. A  alta no preço desse produto, por sua vez, esteve atrelada, especialmente, ao dólar e ao petróleo em elevados patamares e às demandas nacional e internacional bastante aquecidas, sobretudo por fosfatos. Assim, em todas as regiões levantadas pelo Cepea, exceto para a grande escala de Caçador, o aumento dos gastos com  fertilizantes foi expressivo. Em Mogi Guaçu (SP), de 2020 para a safra 2021, houve elevação de 29,8% nos custos com este insumo. Como os adubos utilizados e as dosagens foram as mesmas nas duas safras de tomate, essa alta nos gastos é totalmente atribuída ao aumento dos preços. Em Lebon Régis, o incremento nos custos com os fertilizantes também foi significativo, de 27,3%, neste caso, em dois anos.

O maior avanço nos gastos com fertilizantes foi registrado para a pequena escala de produção de tomate  em Caçador (+62,5%). A surpresa ficou para a tomaticultura de grande escala em Caçador, que, em dois anos, registrou queda de 9,4% nos gastos com o insumo. Os motivos seriam uma mudança nos produtos utilizados  e o uso mais racional – produtores disseram que utilizaram fórmulas mais concentradas, e as quantidades foram bem dimensionadas, de acordo com recomendação técnica. Aqui ressalta-se que, apesar de os gastos totais com fertilizantes ter sido menor que há dois anos, a alta de preços desse insumo ocorreu na mesma intensidade que nas demais praças analisadas nesta edição.

Para os próximos meses, o recente enfraquecimento do dólar frente ao Real e a possível menor demanda por fertilizantes – já que boa parte das compras foi antecipada – podem impedir, ou ao menos frear, novos reajustes ainda em 2021.

DEFENSIVOS AGRÍCOLAS TÊM ALTA MENOS EXPRESSIVA

A alta nos preços dos defensivos foi menos acentuada do que a observada para os fertilizantes. Isso porque  a precificação dos fertilizantes é mais sensível à variação do dólar do que a dos defensivos. Nesse sentido, muitas vezes, desvalorizações na moeda norte-americana podem resultar em quedas nos preços dos fertilizantes, mas não em recuos nos dos defensivos.

Em Mogi Guaçu, estima-se aumento de 10% nos gastos com defensivos no inverno de 2021 – esse resultado é ainda parcial, tendo em vista que a temporada está em curso. Para as demais regiões, não se observou aumento expressivo nos gastos com defensivos, havendo, inclusive, redução em Lebon Régis (cebola) e para a grande escala de Caçador (tomate). A razão é que o uso de fungicidas (que são mais caros) na safra de verão foi menos
necessário diante do clima mais seco na temporada.

DÓLAR TAMBÉM ENCARECE MÁQUINAS E IMPLEMENTOS

O dólar valorizado elevou o custo fixo das propriedades levantadas pelo Cepea, calculado nesta edição pelo indicador CARP (Custo Anual de Recuperação do Patrimônio). Isso porque, como boa parte das peças e/ou máquinas e implementos agrícolas é importada, a elevação nos preços desses itens tem sido bastante forte.Mesmo para os componentes nacionais, o aumento dos custos para a fabricação foi repassado ao produto final.

Além disso, a maior demanda por máquinas e implementos agrícolas, especialmente por parte de produtores de grãos, reforçou o movimento de alta nos preços desses insumos. A valorização da moeda norte-americana, somada às altas do petróleo e à inflação, também elevou os gastos com outros itens que compõem os custos de produção, apesar do menor peso de tais componentes sobre o custo total. 

Por: Virgínia Alves e Cepea
Fonte: Notícias Agrícolas

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