Índia deve mesmo restringir exportações de açúcar e anúncio será em breve, diz Bloomberg

Publicado em 11/10/2023 15:39 e atualizado em 11/10/2023 16:10
País asiático registrou as monções mais fracas dos últimos cinco anos, o que fatalmente impactará na produção da safra que acabou de começar

A Índia, segunda maior exportadora global de açúcar, deve mesmo restringir suas exportações do adoçante na safra 2023/24 (outubro-setembro), que acabou de começar, em meio ao clima adverso no país com o fenômeno climático El Niño. O anúncio deve ser em breve, segundo a agência de notícias Bloomberg, com base no relato de fontes familiarizadas com o assunto que pediram para não serem identificadas.

A possibilidade de adoção de cotas de exportação está no radar, mas somente será utilizada se a oferta doméstica melhorar.

"A Índia registrou as monções mais fracas dos últimos cinco anos e qualquer queda na produção agrícola aumentará a pressão sobre o primeiro-ministro Narendra Modi para controlar a inflação alimentar antes das eleições do próximo mês e em 2024. As restrições às exportações irão comprimir o mercado e possivelmente impulsionarão os futuros em Nova Iorque e Londres", destaca a Bloomberg.

Áreas dos estados indianos de Karnataka e Maharashtra – principais regiões de cana do país asiático – foram as mais secas desta monção, de acordo com o serviço meteorológico.

Se a proibição às exportações de açúcar for confirmada, essa seria a primeira vez em sete anos que a estratégia para garantir o abastecimento local é adotada. No ciclo 2022/23, o país usou um sistema de cotas para restringir os embarques, com uma máxima de 6 milhões de toneladas depois de as chuvas terem reduzido a produção. Em 2021/22, foram exportadas 11 milhões de toneladas do adoçante.

Futuros do açúcar atingiram máximas de 12 anos em setembro devido às preocupações com a oferta restrita, incluindo Índia e também Tailândia - Foto: Reuters

Os ministérios de Alimentação e do Comércio da Índia não responderam a reportagem da agência Bloomberg sobre a restrição nas exportações.

Uma pesquisa realizada pela Bloomberg com 14 analistas de mercado, traders e processadores no mês passado apontou, por maioria, que a Índia pode mesmo não exportar açúcar nesta temporada devido à menor produção. Apenas dois dos entrevistados disseram que os embarques do país no ciclo produtivo que acabou de começar podem totalizar pelo menos 2 milhões de toneladas.

Apesar da informação desta quarta-feira (11) sobre a Índia – que impactaria fortemente o cenário de oferta global e elevaria a dependência da safra do Brasil, que está caminhando positivamente –, os preços do açúcar nas bolsas externas despencaram. A baixa do petróleo e dados sobre o avanço da safra no Centro-Sul brasileiro pesaram.

Os futuros atingiram máximas de 12 anos em setembro devido às preocupações com a oferta restrita, incluindo Índia e também Tailândia.

Leia mais:

+ Açúcar despenca mais de 2% em NY seguindo petróleo e avanço da safra no Brasil

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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