EUA determina novos percentuais para a mistura de bicombustível em 2016 e aumenta a participação do etanol brasileiro
A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, sigla em inglês) anunciou nesta terça-feira (01) os novos níveis de combustível renovável no âmbito do programa Renewable Fuel Standard (RFS), para 2016. Com a revisão agência ampliou em 2,68 bilhões de litros o uso de todos os combustíveis no próximo ano.
A RFS é uma política que determina o quanto de combustível renovável deve ser misturado com o abastecimento de combustível para os próximos anos. A proposta definitiva estabelece níveis de mistura de 61,6 bilhões de litros para 2014, 64 bilhões de litros para 2015, e 68,5 bilhões de litros para 2016.
"Com a regra final de hoje, e que o Congresso destina, a EPA está estabelecendo volumes que vão para além dos níveis históricos para crescer a quantidade de biocombustível no mercado ao longo do tempo", disse em nota o administrador da EPA, Janet McCabe.
Do total de 68,54 bilhões de litros de biocombustíveis que serão misturados nos EUA em 2016, 7,5 bilhões são oriundos da soja e pouco mais de 60 bilhões de litros vindo do etanol e da biomassa americana, explica o analista da Agrinvest, Marco Araújo.
A proposta inicial da agência, lançada em maio, ficou aquém dos níveis obrigatórios estabelecidos pela legislação de 2007, exigindo que as refinarias usem 65,8 bilhões de litros de combustíveis renováveis no próximo ano, com cerca de 52,9 bilhões provenientes do etanol a partir do milho tradicional.
Mas para o Brasil, o novo mandato para 2016 traz um aumento de 340 milhões de litros na comparação com a proposta inicia. Na revisão cerca de 5,6 bilhões correspondem aos "outros combustíveis avançados" que incluem o etanol brasileiro.
Volumes combustível renovável finais
Ainda que tenha mostrado um avanço, o volume ficou abaixo do esperado para o etanol de milho, saindo de 52,99 bilhões para 54,88 bilhões de litros - 4% mais que a proposta de maio, mas 5% abaixo do estabelecido por lei - o que causou forte reação da indústria de etanol dos EUA.
Segundo levantamento do Agriculture.com com a produção de aproximadamente 10 litros de etanol por bushel de milho, a projeção abaixo do esperado poderia causar uma redução na demanda do cereal em cercar de 520 milhões de bushel.
A proposta final do EPA também desagradou o setor petroleiro, ao elevar para 10,10% a fatia dos biocombustíveis no setor de transporte dos EUA em 2016, acima do limite de 10% do chamado "blend wall". Em entrevista ao Agriculture o comercial American Petroleum Institute declarou que "o Congresso deve intervir para revogar ou reformar a RFS significativamente".