Pessoal acha que com CPI vai derrubar um presidente, diz Bolsonaro ao criticar comissão

Publicado em 04/06/2021 09:52

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro minimizou os impactos da CPI da Covid do Senado por considerar que não apura desvios de recursos, mas apenas a sua conduta em relação à pandemia, atacou dirigentes da comissão e voltou a defender medicação sem comprovação científica para o tratamento contra o coronavírus, sem citar o nome.

"O pessoal acha que com CPI vai derrubar um presidente. Derrubar por quê? Estão apurando desvio de recurso? Não, né. Até porque o próprio Renan falou que essa CPI não será usada para apurar desvio de recurso. Está apurando o quê? Se eu estou usando máscara ou não?", questionou o presidente, na tradicional live de quinta-feira, referindo-se ao relator da Comissão Parlamentar de Inquérito, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Renan, e o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), assim como o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e outros integrantes da comissão críticos ao governo, como o senador Otto Alencar (PSD-BA), foram alvos nominalmente mencionados por Bolsonaro nesta quinta-feira, que chegou a referir-se ao relator como uma "figura desqualificada".

O presidente aproveitou para fazer a defesa de remédio que, embora não tenha eficácia comprovada -- há infectologistas que já falam em ineficácia comprovada -- para o tratamento contra a Covid-19, tem dividido opiniões no meio político e provocado fortes embates na CPI. Bolsonaro chegou a chamar de "canalhas" as pessoas que não defendem o "tratamento imediato".

"Eu não politizei isso aí. Quem politizou é o outro lado. Quem diz para não tomar e não dá alternativas são eles", acusou.

A CPI deve ouvir na próxima terça-feira, pela segunda vez, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Na quarta, é a vez do depoimento do ex-secretario-executivo da pasta Elcio Franco, enquanto na quinta senadores devem ouvir o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), que teve seu depoimento antecipado após operação da Polícia Federal.

O que mata não é quem manda dinheiro para estádio, é quem desvia, diz Bolsonaro (Poder360)

Presidente ataca cúpula da CPI; Defende Copa América no Brasil

No dia seguinte ao pronunciamento em cadeia nacional em que celebrou a compra de vacinas, Bolsonaro (ao centro) usou sua live para atacar a CPI da Covid no Senado e defender o "tratamento imediato" com medicamentos ineficazes contra a doença

O presidente Jair Bolsonaro se dirigiu à cúpula da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado para rebater críticas a sua decisão de trazer a Copa América para o Brasil. “Renan Calheiros, o que mata gente não é quem manda dinheiro para estádio, é quem desvia dinheiro do estádio”, disse em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta 5ª feira (3.jun.2021).

O mandatário chamou o relator da CPI de “recordista de inquéritos” no Supremo Tribunal Federal e afirmou que o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), seria um “PhD em desvio” de recursos.

Na live, o presidente sugeriu, ainda, que a comissão teria o poder de convocá-lo se aprovar um requerimento nesse sentido. Mas emendou, na sequência, que não aceitaria comparecer se fosse convidado por “uma figura desqualificada como Renan Calheiros ou Omar Aziz“.

Uma das tônicas da CPI nas últimas semanas foi o detalhamento sobre as tratativas do governo federal com a Pfizer no 2º semestre do ano passado. Na live de hoje (5ª), Bolsonaro alegou que, desde as primeiras comunicações, em agosto, a farmacêutica oferecia imunizastes que seriam entregues em 2021. Ele não especificou o mês para o qual a empresa prometia os primeiros lotes.

“Tem alguns idiotas que falam que aqui podia ter vacinado o pessoal em novembro do ano passado”, reclamou o chefe do Planalto.

PAZUELLO

No início da transmissão, ele discursou sobre procedimentos disciplinares nas Forças Armadas, mas não citou, em nenhum momento, o general da ativa e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, nomeado esta semana como secretário de Estudos Estratégicos da Presidência.

Nesta 5ª feira, o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, anunciou a decisão de não punir Pazuello por participar do ato político ao lado do presidente em 23.mai, no Rio de Janeiro (RJ).

Quando o assunto era o contrato com a AstraZeneca para a transferência de tecnologia da vacina contra a covid-19 para a Fiocruz, contudo, Bolsonaro elogiou o desempenho do oficial no governo.

“[O acordo de transferência de tecnologia] é fantástico e começou com o Eduardo Pazuello lá atrás, nosso ministro da Saúde”, comentou. “Não é que acabou o tempo, mas ele chegou no limite dele, achamos melhor colocar alguém mais técnico, mais voltado pra Saúde em si, porque tinha que ser feita muita coisa na saúde, tinha muita coisa errada lá”, completou.

Fonte: Reuters/Poder360

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