Novo julgamento de impeachment de Trump agrava discórdia entre republicanos
Por Susan Cornwell
WASHINGTON (Reuters) - O segundo julgamento de impeachment do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump sob a acusação de incitar a invasão do Capitólio agravou uma disputa entre seus colegas republicanos neste domingo.
Um republicano, o senador Mitt Romney, disse acreditar que o julgamento, que pode proibir Trump de se candidatar no futuro, foi uma resposta necessária ao apelo inflamado do ex-presidente a seus partidários para "combater" sua derrota eleitoral na invasão do dia 6 de janeiro.
Dez republicanos se juntaram neste domingo à Câmara dos Deputados no voto pelo impeachment de Trump sob a acusação de incitar insurreição e a Câmara deverá apresentar as acusações ao Senado na segunda-feira. Os líderes do Senado, atualmente dividido entre os partidos, concordaram em iniciar o julgamento em duas semanas, ganhando tempo para confirmar alguns dos indicados ao gabinete do presidente Joe Biden e, possivelmente, discutir seu pedido para uma nova rodada de auxílio financeiro para a população atingida pelo coronavírus.
"O artigo de impeachment enviado pela Câmara sugere conduta impugnável", disse Romney, crítico frequente de Trump e que votou pela condenação durante o primeiro julgamento de impeachment, à Fox News neste domingo. "Está bastante claro que durante o ano passado e agora houve uma tentativa de corromper a eleição dos Estados Unidos e não foi pelas mãos do presidente Biden, e sim pelo presidente Trump."
Na noite após a invasão dos apoiadores de Trump ao Capitólio - um ataque que deixou cinco mortos, fez os legisladores se esconderem e atrasou a atividade do Congresso por algumas horas, justo no momento de certificar a vitória de Biden nas eleições - vários republicanos condenaram a violência.
O líder republicano no Senado, Mitch McConnell, culpou Trump pelo ocorrido, dizendo que ele "provocou" a multidão.
Mas um número significativo de parlamentares republicanos, preocupados com a fervorosa base de eleitores de Trump, suscitaram objeções ao impeachment. Trump é o primeiro presidente dos Estados Unidos a sofrer impeachment após deixar o cargo.
O senador Tom Cotton, também republicano, disse que o Senado estava agindo além de sua autoridade constitucional ao conduzir o julgamento. "Acho que muitos americanos vão achar estranho que o Senado esteja gastando seu tempo tentando condenar e destituir um homem que deixou o cargo há uma semana", disse Cotton à Fox News neste domingo.
Romney disse que concordou com o que chamou de preponderância da opinião jurídica de que um julgamento de impeachment ainda é apropriado depois que alguém deixa o cargo. Ele disse que a prestação de contas exigia o julgamento, porque Trump havia liderado uma tentativa de "corromper" a eleição nacional vencida por Biden.
Nem todos concordam. "Acho que o julgamento é estúpido", disse o senador republicano Marco Rubio à Fox News neste domingo, dizendo que votará contra o impeachment na primeira oportunidade. "Eu acho que é contraproducente. Já temos uma fogueira neste país e é como pegar um monte de gasolina e jogá-la sobre o fogo."
O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que o julgamento será justo, mas em um ritmo relativamente rápido. "Será um julgamento justo, mas relativamente rápido", disse Schumer em entrevista coletiva em Nova York. Ele disse que não deverá tomar muito tempo porque "temos muito mais o que fazer".