Só há vilões no faroeste a caminho do final felizmente infeliz, por Augusto Nunes

Publicado em 02/06/2017 19:02

Santana rasga a fantasia dos estadistas de galinheiro

Em novembro de 2010, numa entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, o marqueteiro João Santana, deslumbrado com a vitória da dupla formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, garantiu que a seita lulopetista havia chegado ao reino dos céus pela rota do Planalto. Acabara de eleger uma mulher que tinha tudo para ocupar no imaginário brasileiro o trono à espera de uma rainha. E no banco de reservas, além do príncipe consorte Michel Temer, sentava-se ninguém menos que Lula, o Pelé da política.

Neste outono, nos depoimentos à Lava Jato, o delator premiado demonstrou que até Maria I, a Louca, era muito mais confiável e mentalmente equilibrada que a monarca provida de um neurônio só, transferiu o Pelé de araque para o banco dos réus e provou que Michel Temer fez bonito enquanto esteve alojado na corte infestada de vigaristas. O que nem Santana consegue entender é por que tanta gente acreditou por tanto tempo nas fantasias que criou para apresentar como salvadores da pátria três estadistas de galinheiro.  

Só há vilões no faroeste a caminho do final felizmente infeliz

Na próxima semana, o Tribunal Superior Eleitoral começará a encenar o desfecho da ação movida pelo PSDB contra a chapa formada em 2014 por Dilma Rousseff e Michel Temer ─ um faroeste à brasileira escrito, produzido, dirigido e protagonizado exclusivamente por vilões. Não há mocinhos nesse filme que começou logo depois da última eleição presidencial, quando o senador Aécio Neves teve a ideia de pedir a cassação da dobradinha vitoriosa, e se aproxima do final felizmente infeliz. Todos os protagonistas sairão perdendo. O país que presta será o vencedor.

Aécio recorreu à Justiça não por sentir-se vítima de práticas ilegais, nem por acreditar que o resultado fora fraudado: como revelou na conversa gravada por Joesley Batista, queria apenas encher o saco daquela gente que não parava de sacaneá-lo. A molecagem que deu no que deu. Neste começo de junho, Aécio está com o mandato de senador suspenso, corre o risco de ser alojado na gaiola e condenou-se à morte política. Descansará num jazigo semelhante ao que abriga Dilma Rousseff, despejada do Planalto pelo impeachment.

Os adversários que duelaram há dois anos e meio logo terão a companhia de Michel Temer. Antes das delações da Odebrecht e da JBS, o presidente hoje agonizante argumentava que não fazia sentido ser castigado pelo que fizera a parceira de chapa. Depois dos espantos deste outono inverossímil, está claro que o prontuário do vice só não superou em quantidade e qualidade a notável folha corrida de Dilma e a imbatível capivara de Lula. Este sim fez o diabo para desfrutar do poder durante 13 anos, cinco dos quais fazendo de conta que o país era governado pelo poste que fabricou.

Leia a íntegra no blog do Augusto Nunes, da Veja

Fonte: Blog do Augusto Nunes na Veja

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