Frango vivo: desempenho em dezembro e em 2019
A curva mostrando o comportamento médio do frango vivo nos últimos 24 anos (vide gráfico inferior) aponta que o melhor preço do ano é registrado em dezembro. Mas não em 2019, já que o exercício foi encerrado com a terceira menor remuneração do ano, ou seja, com um preço médio superior, somente, aos de janeiro e fevereiro.
A curva histórica, aliás, apenas reflete a sazonalidade de preços das carnes segundo os períodos de safra e entressafra. Porém, como o gráfico deixa bem claro, no ano que passou o frango vivo teve um comportamento inverso ao sazonal, visto que – contraditoriamente - os melhores preços foram registrados exatamente no trimestre em que se encontram mais deprimidos.
A explicação para esse comportamento anômalo vem das condições de mercado entre o último trimestre de 2018 e o início de 2019, período em que – sobretudo por restrições técnicas enfrentadas por alguns abatedouros – a oferta de frangos vivos no mercado paulista superou a demanda, gerando baixa remuneração. O efeito disso foi o desestímulo à produção e uma generalizada retração nos alojamentos, com subsequente queda da oferta e valorização bem acima do normal – no segundo trimestre, perto de 40% de incremento em relação ao mesmo trimestre de 2018, enquanto no terceiro e quarto trimestres esse incremento caiu para 8% e 6%, respectivamente.
De toda forma, a expansão mais lenta nos dois últimos trimestres do ano não empanou o bom desempenho do frango vivo no decorrer de 2019. Tanto que o preço médio registrado, de R$3,26/kg, representou valorização de 17,18% sobre o ano anterior, além de corresponder, em valores reais, à segunda melhor remuneração registrada nos últimos 10 anos (embora a diferença seja, agora, bem menor, o melhor resultado continua sendo o de 2013, ano em que o frango vivo paulista alcançou o valor - deflacionado pelo IGP-DI do IBGE – de R$3,43/kg).
Em que pese seu bom desempenho, não há como ignorar o fato de que, durante boa parte do ano, o mercado paulista do frango vivo esteve dissociado do mercado do frango abatido. E o exemplo mais gritante dessa dissociação foi observado no bimestre final de 2019, período em que a ave viva permaneceu totalmente alheia à valorização experimentada pelas três carnes (bovina, suína e de frango), pelo boi em pé, pelo suíno vivo e até mesmo pelo ovo.
À primeira vista estranho, tal fenômeno é decorrência natural da expansão do sistema integrado, base da indústria brasileira do frango. Significa que o mercado do frango abatido dependerá cada vez menos da oferta independente. Como tal, o mercado paulista da ave viva deixa de ser uma referência, como ocorria até recentemente, para as condições de oferta e demanda do setor, como um todo.