Produtores incentivam consumo de carne de bode no Paraná
Publicado em 25/11/2009 15:35
Produzir com foco no mercado. Com essa preocupação produtores rurais do município de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, se uniram e traçaram projeto para criação de caprinos. Desde a sua criação, há seis anos, a ação caminhou com foco no mercado consumidor.
“Não adianta produzir, se não tem para quem vender”, afirma a produtora e zootecnista Tatiana Gonçalves Mezzono. Para trabalhar de forma organizada, os produtores criaram a Coopercarnes. O início não foi fácil. O primeiro desafio foi vencer a questão cultural. O Paraná não tem tradição com a caprinocultura. A maioria da população é formada por descendentes de italianos e poloneses que, predominantemente, consomem carne bovina, de cordeiro e de ovelha. Os produtores decidiram investir na caprinocultura exatamente porque acreditavam ser um novo nicho de mercado.
O problema é que eles não tinham prática no manejo de cabras e tiveram que iniciar do zero. “Percebemos que havia muito a ser feito, tanto com o produtor quanto com o comerciante e o consumidor”, explica Tatiana. O primeiro passo foi buscar parcerias nos 42 municípios que formam o sudoeste do Paraná.
Logo no começo, foram capacitados 25 técnicos que, posteriormente, repassaram o conhecimento adquirido aos produtores rurais. O segundo passo foi vencer a resistência que havia na região para o consumo da carne de bode. “Precisávamos tornar a carne conhecida pela população e incentivar seu consumo”, diz a produtora.
Um dos caminhos encontrados foi a participação em feiras. "Conseguimos divulgar, derrubar mitos quanto à questão do sabor e à consistência da carne, apresentar sua variedade de preparo e promover cursos para chefes de cozinha”, informa Tatiana. Com isso, os consumidores passaram a cobrar nos açougues a carne de bode consumida nas feiras, o que obrigava o comerciante a buscar o produtor. “Para nós, isso era ótimo. No início, nosso conhecimento se restringia da porteira para dentro. Da porteira para fora, na parte de comercialização, não sabíamos como fazer”, lembra.
Com o apoio do Senar e do Senac, a cooperativa capacitou chefes de cozinha e donos de estabelecimentos no preparo e conservação da carne. Com o sucesso nas feiras regionais, os produtores passaram a buscar novos mercados. “Ao percebemos que o desafio local já tinha sido superado, começamos a procurar os restaurantes de Curitiba. Descobrimos que a carne de bode oferecida nos estabelecimentos vinha do Uruguai. Com persistência e oferecendo produto de qualidade, conquistamos uma fatia desse mercado”, relembra a produtora. Para fechar contrato com um restaurante árabe de Curitiba, Tatiana teve que aceitar um desafio. Por dois meses os freqüentadores, sem saber, consumiram a carne vinda do Paraná e depois a do Uruguai.
Pelo sabor e maciez da carne, os consumidores optaram pela carne vinda de Francisco Beltrão. Na Coopercarnes, o cabrito da raça Boer é abatido com, no máximo, seis meses de idade, o que evita uma carne rígida e de gosto forte. Até março de 2010, os produtores pretendem inaugurar o primeiro frigorífico do Brasil especializado em abater caprinos e ovinos. O investimento vai custar aos produtores R$ 5 milhões. Metade do valor será dos 25 produtores que integram a cooperativa. “Desde o início, há seis anos, cotizamos um valor mensal para essa finalidade”, explica Tatiana. A outra metade está sendo financiada pelo Banco do Brasil. Atualmente, a cooperativa terceiriza o serviço de abate de um frigorífico de São Paulo.
Foco no mercado
A Coopercarnes já recebeu duas missões árabes. “Eles querem uma quantia de carne que ainda não conseguimos produzir. Mesmo assim, eles garantiram que vão aguardar a cooperativa aumentar sua capacidade”, festeja Tatiana. O novo frigorífico terá capacidade para abater 500 animais por dia. Hoje, esse número é de 900 animais por mês, totalizando 15 toneladas de carne de cabrito abatida. Cada carcaça sai a R$ 225, o que gera um volume de aproximadamente R$ 21 mil por mês.
Para reforçar a marca e o produto, a cooperativa encomendou pesquisa na Universidade Federal do Paraná para mostrar os nutrientes que a carne de cabrito tem. “O estudo demonstrou que a carne é recomendável para cardíacos e diabéticos, já que possui alto valor protéico e baixos índices de colesterol. Essas são informações que vão ampliar o nosso leque de oportunidades”, disse a produtora. O próximo passo é investir em uma forte campanha de publicidade.
Para o técnico de Acesso a Mercados do Sebrae Nacional Francisco Cesarino, a Coopercarnes é um exemplo de projeto que nasceu com foco estratégico na comercialização. “São produtores que aprenderam a ultrapassar a porteira e irem para o mercado. Precisamos, cada vez mais, de empresas que tenham esse tipo de comportamento. Não adianta ter um ótimo produto se não tem destino final garantido”, afirma. Após a construção do frigorífico, a cooperativa será inserida no Projeto 'Comércio Brasil' do Sebrae. (Ag. Sebrae)
“Não adianta produzir, se não tem para quem vender”, afirma a produtora e zootecnista Tatiana Gonçalves Mezzono. Para trabalhar de forma organizada, os produtores criaram a Coopercarnes. O início não foi fácil. O primeiro desafio foi vencer a questão cultural. O Paraná não tem tradição com a caprinocultura. A maioria da população é formada por descendentes de italianos e poloneses que, predominantemente, consomem carne bovina, de cordeiro e de ovelha. Os produtores decidiram investir na caprinocultura exatamente porque acreditavam ser um novo nicho de mercado.
O problema é que eles não tinham prática no manejo de cabras e tiveram que iniciar do zero. “Percebemos que havia muito a ser feito, tanto com o produtor quanto com o comerciante e o consumidor”, explica Tatiana. O primeiro passo foi buscar parcerias nos 42 municípios que formam o sudoeste do Paraná.
Logo no começo, foram capacitados 25 técnicos que, posteriormente, repassaram o conhecimento adquirido aos produtores rurais. O segundo passo foi vencer a resistência que havia na região para o consumo da carne de bode. “Precisávamos tornar a carne conhecida pela população e incentivar seu consumo”, diz a produtora.
Um dos caminhos encontrados foi a participação em feiras. "Conseguimos divulgar, derrubar mitos quanto à questão do sabor e à consistência da carne, apresentar sua variedade de preparo e promover cursos para chefes de cozinha”, informa Tatiana. Com isso, os consumidores passaram a cobrar nos açougues a carne de bode consumida nas feiras, o que obrigava o comerciante a buscar o produtor. “Para nós, isso era ótimo. No início, nosso conhecimento se restringia da porteira para dentro. Da porteira para fora, na parte de comercialização, não sabíamos como fazer”, lembra.
Com o apoio do Senar e do Senac, a cooperativa capacitou chefes de cozinha e donos de estabelecimentos no preparo e conservação da carne. Com o sucesso nas feiras regionais, os produtores passaram a buscar novos mercados. “Ao percebemos que o desafio local já tinha sido superado, começamos a procurar os restaurantes de Curitiba. Descobrimos que a carne de bode oferecida nos estabelecimentos vinha do Uruguai. Com persistência e oferecendo produto de qualidade, conquistamos uma fatia desse mercado”, relembra a produtora. Para fechar contrato com um restaurante árabe de Curitiba, Tatiana teve que aceitar um desafio. Por dois meses os freqüentadores, sem saber, consumiram a carne vinda do Paraná e depois a do Uruguai.
Pelo sabor e maciez da carne, os consumidores optaram pela carne vinda de Francisco Beltrão. Na Coopercarnes, o cabrito da raça Boer é abatido com, no máximo, seis meses de idade, o que evita uma carne rígida e de gosto forte. Até março de 2010, os produtores pretendem inaugurar o primeiro frigorífico do Brasil especializado em abater caprinos e ovinos. O investimento vai custar aos produtores R$ 5 milhões. Metade do valor será dos 25 produtores que integram a cooperativa. “Desde o início, há seis anos, cotizamos um valor mensal para essa finalidade”, explica Tatiana. A outra metade está sendo financiada pelo Banco do Brasil. Atualmente, a cooperativa terceiriza o serviço de abate de um frigorífico de São Paulo.
Foco no mercado
A Coopercarnes já recebeu duas missões árabes. “Eles querem uma quantia de carne que ainda não conseguimos produzir. Mesmo assim, eles garantiram que vão aguardar a cooperativa aumentar sua capacidade”, festeja Tatiana. O novo frigorífico terá capacidade para abater 500 animais por dia. Hoje, esse número é de 900 animais por mês, totalizando 15 toneladas de carne de cabrito abatida. Cada carcaça sai a R$ 225, o que gera um volume de aproximadamente R$ 21 mil por mês.
Para reforçar a marca e o produto, a cooperativa encomendou pesquisa na Universidade Federal do Paraná para mostrar os nutrientes que a carne de cabrito tem. “O estudo demonstrou que a carne é recomendável para cardíacos e diabéticos, já que possui alto valor protéico e baixos índices de colesterol. Essas são informações que vão ampliar o nosso leque de oportunidades”, disse a produtora. O próximo passo é investir em uma forte campanha de publicidade.
Para o técnico de Acesso a Mercados do Sebrae Nacional Francisco Cesarino, a Coopercarnes é um exemplo de projeto que nasceu com foco estratégico na comercialização. “São produtores que aprenderam a ultrapassar a porteira e irem para o mercado. Precisamos, cada vez mais, de empresas que tenham esse tipo de comportamento. Não adianta ter um ótimo produto se não tem destino final garantido”, afirma. Após a construção do frigorífico, a cooperativa será inserida no Projeto 'Comércio Brasil' do Sebrae. (Ag. Sebrae)
Fonte:
Agrolink