Após sofrer críticas, PF nega em nota com Agricultura mau funcionamento geral da fiscalização
SÃO PAULO (Reuters) - Após ser criticada pela maneira como divulgou a operação Carne Fraca na última sexta-feira, a Polícia Federal divulgou nota conjunta com o Ministério da Agricultura nesta terça-feira em que agora nega um "um mau funcionamento generalizado" no sistema de fiscalização sanitário e afirma que as irregularidades verificadas foram "pontuais".
A Carne Fraca foi criticada pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e até mesmo pelo presidente Michel Temer, que afirmou que o "alarde" provocado pelas investigações gerou "embaraços" ao comércio internacional do Brasil.
A operação, que apontou a adulteração de produtos por frigoríficos --como a adição de produtos químicos para mascarar carne estragada--, assim como a corrupção de servidores responsáveis pela fiscalização, também foi criticada por associações do setor de carnes e por empresas citadas pela PF, como a BRF e JBS.
"Embora as investigações da Polícia Federal visem apurar irregularidades pontuais identificadas no Sistema de Inspeção Federal (SIF), tais fatos se relacionam diretamente a desvios de conduta profissional praticados por alguns servidores e não representam um mal funcionamento generalizado do sistema de integridade sanitária brasileiro", afirma a nota conjunta.
"O sistema de inspeção federal brasileiro já foi auditado por vários países que atestaram sua qualidade. O SIF garante produtos de qualidade ao consumidor brasileiro."
As irregularidades apontadas pela PF na sexta-feira levaram vários países a imporem restrições às importações de carne brasileira.
Na sexta-feira, quando a Carne Fraca foi deflagrada, o delegado da PF Maurício Moscardi Grillo, responsável pela operação, a maior da história da Polícia Federal, disse que durante as investigações, que duraram dois anos, os agentes não encontraram nenhuma empresa que não fizesse parte do esquema.
"Nós torcíamos para aparecer uma empresa correta (na operação). Mas não aconteceu", disse Grillo na ocasião.
(Por Eduardo Simões; Edição de Alexandre Caverni)
Supermercados chineses retiram carne brasileira das prateleiras após escândalo
PEQUIM (Reuters) - Alguns dos maiores supermercados na China retiraram das prateleiras produtos brasileiros de carne bovina e de frango, no primeiro sinal concreto de que o escândalo envolvendo a indústria processadora do Brasil está afetando os negócios em seu principal mercado de exportação.
A medida foi tomada pela Sun Art Retail <6808.HK>, maior rede de hipermercados da China, e pelos braços chineses das gigantes globais Wal-Mart e Metro , dias após a China banir temporariamente as importações de carne brasileira.
Temores sobre a qualidade da carne brasileira surgiram depois que a Polícia Federal deflagrou a operação Carne Fraca, na semana passada, acusando fiscais de receberem subornos para permitir a venda de produtos estragados e contaminados.
Uma porta-voz da Sun Art Retail, que opera 400 hipermercados chineses, disse nesta quarta-feira que a rede recolheu carne fornecida pela BRF e pela JBS de suas prateleiras a partir de segunda-feira. A carne bovina brasileira responde por menos de 10 por cento da oferta da Sun Art Retail, segundo ela.
O Wal-Mart também retirou produtos de carne brasileira de suas lojas, afirmou uma pessoas familiarizada com o assunto. Já a alemã Metro recolheu asas e coxas de frango de suas lojas na China, segundo um gerente da rede, que pediu para não ser identificado porque não estava autorizado a falar com a imprensa.
(Por Dominique Patton)
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