Café: Bolsa de Nova York testa reação nesta 3ª feira, mas sem forças fecha sessão com queda de mais de 50 pts
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a sessão desta terça-feira (20) com queda de mais de 50 pontos. O mercado externo do grão estende as perdas registradas na última sexta-feira repercutindo o otimismo com a safra 2018/19 do Brasil, maior produtor e exportador, e também com pressão do câmbio.
O vencimento março/18 fechou o dia cotado a 118,20 cents/lb com alta de 25 pontos, o maio/18 registrou 119,70 cents/lb com recuo de 75 pontos. Já o contrato julho/18 encerrou o dia com 122,00 cents/lb e desvalorização de 75 pontos, enquanto que o setembro/18, mais distante, fechou a sessão cotado a 124,35 cents/lb com recuo de 70 pontos.
O mercado externo do arábica chegou a testar reação pela manhã depois da queda técnica de quase 300 pontos na última sexta. No entanto, o campo negativa acabou prevalecendo no fim dos trabalhos desta terça com operadores no terminal voltando a assimilar as informações sobre a alta produção no Brasil na safra 2018/19.
Em um ano, o mercado externo recuou cerca de 20%. "A pressão em Nova York ocorre desde o segundo semestre do ano passado com a perspectiva de safra recorde se desenhando no Brasil. Além disso, os importadores nos últimos meses, antecipando um cenário de déficit global, aceleraram as compras e aumentaram seus estoques", disse o analista de mercado da Safras & Mercado, Gil Carlos Barabach.
A Safras & Mercado vê grandes possibilidades de a safra brasileira de café neste ano ficar próxima de 60 milhões de sacas. As colheitas de conilon e arábica, segundo Barabach, devem ser maiores do que a anterior. A produção de arábica ficará um pouco abaixo de seu potencial por conta do atraso da florada com condições climáticas adversas.
A Terra Forte estimou na semana passada que o país colherá uma produção recorde de 59,15 milhões de sacas de 60 kg, ante as ante 48,17 milhões da temporada anterior. Já a Cooxupé, maior cooperativa do Brasil, e uma das maiores do mundo, estima que a safra 2018 de café arábica do país fique entre 40 e 42 milhões de sacas.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima a safra geral brasileira entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas, com possibilidade de recorde. A autarquia atribui a alta produção à bienalidade positiva e condições climáticas favoráveis. O levantamento foi realizado no mês de dezembro.
Também deu pressão aos preços externos do arábica nesta terça-feira o câmbio. Às 11h52, o dólar comercial avançava 0,41%, a 3,2483 na venda, acompanhando o exterior e a desistência do governo em avançar com a reforma da Previdência. O dólar mais alto em relação ao real tende a encorajar as exportações da commodity, mas por outro lado pressiona as cotações.
Mercado interno
No mercado brasileiro, foi registrado um aquecimento das negociações nos últimos dias diante da recente valorização do dólar, segundo reporta o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP). Os preços dos tipos mais negociados estão ao redor de R$ 450,00 a saca. São esperadas mais transações nos próximos dias com a necessidade de caixa dos produtores para a colheita.
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Poços de Caldas (MG) com saca a R$ 478,00 – estável. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Varginha (MG) com queda 4,26% e saca a R$ 450,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Poços de Caldas (MG) com saca a R$ 468,00 – estável. A maior oscilação dentre as praças no dia ocorreu em Franca (SP) com alta de 1,10% e saca a R$ 460,00.
O tipo 6 duro anotou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 450,00 e alta de 1,12%. A maior oscilação no dia ocorreu em Guaxupé (MG) com avanço de 3,02% e saca a R$ 443,00.
Na sexta-feira (19), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 433,90 e queda de 0,13%.