Café: Otimismo com safra brasileira volta e Bolsa de NY tem queda acumulada de mais de 3% na semana
Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a semana com queda acumulada de mais de 3%. Os principais vencimentos saíram do patamar de US$ 1,25 por libra-peso e encerraram a sessão desta sexta-feira (2) próximos de US$ 1,20/lb. Pesou sobre o mercado informações sobre a safra 2018/19 do Brasil, câmbio e indicadores gráficos.
No mercado interno, a paradeira segue grande com preços pouco atraentes ao produtor. (Veja mais informações abaixo)
Nesta sexta-feira (2), o vencimento março/18 fechou a sessão cotado a 120,40 cents/lb com queda de 100 pontos, o maio/18 registrou 122,75 cents/lb com recuo de 100 pontos. Já os lotes com vencimento para julho/18 encerraram o dia com 125,10 cents/lb e desvalorização de 105 pontos e o setembro/18, mais distante, caiu 100 pontos, fechando a 127,50 cents/lb.
Durante toda a semana, o mercado do arábica fechou do lado vermelho da tabela no terminal externo. Primeiro, ajustes foram registrados depois que as cotações se aproximaram de US$ 1,30/lb na semana passada. Depois, o mercado passou a ter pressão forte do câmbio e também das informações de melhores condições de desenvolvimento das lavouras brasileiras da safra 2018/19.
"Esperamos uma safra recorde no Brasil, a questão é saber seu tamanho", disse um negociante. As informações são da Reuters internacional. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima produção nesta safra entre 54,44 e 58,51 milhões de sacas de 60 kg. O levantamento foi feito em dezembro passado e a estimativa atualizada será divulgada nos próximos meses.
O clima segue beneficiando as lavouras. De acordo com previsão com base no modelo Cosmo do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) são previstas chuvas volumosas nos próximos dias em Minas Gerais, maior estado produtor do grão. Também devem ocorrer precipitações ao longo da semana no Espírito Santo, Rondônia e Paraná nos próximos dias.
No entanto, o CNC (Conselho Nacional do Café) aponta que ainda é difícil ter um panorama definitivo da safra neste momento e que os movimentos do mercado são especulativos." Estamos na fase de enchimento dos grãos e, considerando a possibilidade de adversidades climáticas impactarem o desenvolvimento do fruto, não é possível garantir uma colheita substancial neste momento", explicou a instituição em relatório.
O câmbio também teve papel importante na forte queda acumulada da semana no arábica. O dólar comercial fechou a sessão desta sexta-feira com alta de 1,44%, cotado a R$ 3,2145 na venda. Na semana, no entanto, a valorização acumulada foi de 2,37%. Além das questões internas, deu suporte ao mercado na sessão de hoje a perspectiva de mais juros nos Estados Unidos neste ano após bons números do mercado de trabalho nos Estados Unidos.
"Os futuros ficaram ligeiramente mais baixos com negociações especulativas ligadas à força do dólar americano. Os gráficos apresentam uma tendência lateralizada no momento e os especuladores permanecem muito vendidos e pode querer reduzir parte dessas posições", disse em relatório durante a semana o analista de mercado e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.
Segundo dados do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), as exportações do país em 2017 totalizaram 30,7 milhões de sacas e receita cambial de US$ 5,2 bilhões. Em termos de volume, isso representa uma queda de 10,1% em relação ao ano anterior. Para 2018, o Cecafé observa que a recuperação nos embarques deve começar somente no segundo semestre.
Mercado interno
O mercado interno brasileiro seguiu com negócios isolados durante toda a semana. Produtores ainda consideram pouco atrativos os atuais patamares de preço, na casa de R$ 450,00, e a expectativa de boa produção na safra 2018/19 do Brasil também deixa o mercado cauteloso, segundo informou o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
"Colaboradores do Cepea acreditam que produtores devem voltar a demonstrar interesse em negociar maiores volumes de café apenas nos próximos meses, devido à possível necessidade de "fazer caixa" para a colheita da nova safra", disse o órgão.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Varginha (MG) com queda de 3,19% (-R$ 15,00) no período e saca a R$ 455,00. A cidade com maior valor de negociação no período foi Espírito Santo do Pinhal com saca a R$ 480,00 e queda de 2,04% (-R$ 10,00) no período.
No tipo 4/5, a maior variação na semana foi registrada na cidade de Varginha (MG) com desvalorização de 2,22% (-R$ 10,00) e saca a R$ 440,00. A praça com maior valor no período foi Poços de Caldas (MG) com saca a R$ 463,00 e alta de 0,65% (R$ 3,00).
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Varginha (MG) com queda de 2,25% (-R$ 10,00) e saca a R$ 435,00. O maior valor de negociação no período foi registrado em Araguari (MG) com saca a R$ 450,00 e baixa de 2,17% (-R$ 10,00).
Na quinta-feira (1º), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 439,89 e queda de 0,97%.