Epamig: Clima frio e seco favorece as principais regiões produtoras do Brasil

Publicado em 17/07/2017 10:07

Nas últimas semanas o frio e o ar mais seco têm sido as principais características do início do inverno 2017 na maior parte da região central do Brasil. Algumas regiões registraram frio recorde nos últimos dez anos. Tais condições, todavia, têm contribuído para os trabalhos de colheita do café, da cana e do algodão, que começou mais recentemente.

Em Minas Gerais, de acordo com o 5º Distrito de Meteorologia (5º DISME), o mês de junho foi marcado pela queda gradativa das temperaturas, principalmente da máxima, e da amplitude térmica, sugerindo maior presença de nebulosidade diurna durante a segunda quinzena do mês. Tais condições de frio ocorreram devido à atuação de uma massa de ar frio no Sul e Oeste do Estado. Foi observado também grande amplitude térmica nos últimos dias do mês, situação decorrente de predomínio de céu claro principalmente no período noturno.

O clima de junho

As chuvas foram até 10 mm inferiores ou superiores à climatologia do mês (Figura 1), assim, o volume total de chuvas foi próximo ao esperado para junho.

   
Figura 1 – Precipitação mensal acumulada (a) e anomalia de precipitação para junho(b). Fonte: SEÇÃO DE ANÁLISE E PREVISÃO DO TEMPO (SEPRE - 5º DISME) BELO HORIZONTE

Também de acordo com o 5º DISME (Figura 2a), em uma pequena área do Triângulo Mineiro e em grande parte do Norte e Noroeste do Estado o armazenamento de água no solo em junho foi inferior a capacidade de campo em aproximadamente 15%.  Com base na Figura 2b pode ser observado que praticamente todo o Estado,ao final do mês, apresentava déficit hídrico superior a 3 mm nas áreas com baixo armazenamento, nas três áreas citadas.

   
Figura 2 - Condição de déficit hídrico no dia 30 de junho de 2017. Fonte: SISDAGRO – www.inmet.gov.br

Na Figura 3 são apresentados os mapas com as anomalias de temperatura do ar máxima e mínima. Segundo o 5º DISME, ao longo de junho as temperaturas máximas estiveram acima da média em grande parte da faixa Norte e Leste do Estado.

Os valores abaixo da média no Triângulo Mineiro e em áreas da faixa central do Estado sugerem dias mais nublados que o normal ao longo do mês. De maneira análoga, a temperatura mínima acima da média está associada a maior ocorrência de noites mais nubladas em grande parte do Estado.

   
Figura 3 – Anomalias de temperatura: (a) máxima e (b) mínima no mês de maio/2017

Chuvas em agosto

O mês deverá ser tipicamente de inverno, com poucas chuvas, principalmente no Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil.  A chuva sazonal poderá ocorrer abaixo da média nos municípios de Cataguases e Juiz de Fora, na mesorregião da Zona da Mata, assim como também em Andrelândia, São Lourenço e Itajubá, na mesorregião do Sul de Minas. Nas demais regiões do estado as chuvas deverão ocorrer dentro da média esperada para o período.

Em São Paulo a chuva também poderá ser abaixo da média no Vale do Paraíba, na região Metropolitana e em Itapetininga. E no Paraná as chuvas poderão ficar abaixo da média nas regiões do Norte Pioneiro, Centro Oriental e Norte Central.

Temperaturas em agosto

Em todo o estado de Minas Gerais há probabilidade de que no mês de agosto a temperatura atmosférica ocorra dentro da média ou pouco acima desta. Há, porém, probabilidade de que as temperaturas ocorram acima da média na mesorregião do Jequitinhonha e Vale do Rio Doce. Na mesorregião da Zona da Mata a probabilidade se mantém para os municípios de Cataguases, Muriaé e Manhuaçu. No Norte de Minas deve ocorrer o mesmo nos municípios de Janaúba e Salinas. E a previsão se mantém também para o município de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro. De um modo geral, dentre todos os municípios do estado de Minas, Paracatu, Patos de Minas e Patrocínio são aqueles que apresentam maior probabilidade de registrar temperaturas acima da média.

O café e o clima

Assim como tem se apresentado favorável a colheita, o clima também colabora com o processo de secagem de café, principalmente nos terreiros secadores. Ainda assim, o produtor não deve esquecer de dar maior atenção ao café recém colhido e que é colocado no terreiro, isso porque a deterioração do café ocorre principalmente nos três primeiros dias, quando apresenta a mucilagem e maior teor de água, condição extremamente favorável à fermentação.

Para aqueles produtores que já encerraram a colheita deve ser dada maior atenção a execução das podas quando forem necessárias. É necessário lembrar que quanto mais breve forem as podas, maior será o tempo para o desenvolvimento vegetativo da planta e, consequentemente, mais rápido será o retorno econômico para o produtor.

Outro aspecto a ser observado é a poda por esqueletamento, sem desbrota, tem apresentado bons resultados e por isso tem sido a mais utilizada pelos cafeicultores nas últimas safras.

O tempo seco, típico de inverno, deve continuar devido a atuação de grandes centros de altas subtropicais sobre o continente, que exercem grande bloqueio atmosférico impedindo a formação de nuvens de chuva e desviando as frentes frias para o Atlântico. Contudo, frentes frias mais fortes, que conseguem avançar para além da região Sudeste, deverão se formar na segunda quinzena de julho e ao longo de agosto aumentando o risco de ocorrência de geadas no sul do país e nas áreas mais elevadas e montanhosas do Sudeste e Centro Oeste.

Prognóstico

A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foram elaborados com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Leva-se em consideração ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; o Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade - IRI; o Met Office Hadley Centre; o Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF; Boletim Climático da Amazônia, elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM), e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET/CPTEC-INPE.

Pelo fato do prognóstico climático fazer referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas, a EPAMIG e a Embrapa Café não se responsabilizam por qualquer dano e, ou, prejuízo que o usuário possa sofrer ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas no presente artigo, sendo de total responsabilidade do usuário (leitor) o uso das informações aqui disponibilizadas.

Williams Ferreira - Pesquisador da Embrapa Café/EPAMIG Sudeste na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais. 

Marcelo Ribeiro - Pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café.

Fonte: Epamig

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