Café: NY cai pela segunda sessão seguida nesta 4ª, mas vencimentos permanecem acima de US$ 1,40/lb

Publicado em 15/03/2017 17:52

Os contratos futuros do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam a sessão desta quarta-feira (15) com leve baixa, mas conseguiram se sustentar acima do patamar de US$ 1,40 por libra-peso. O mercado segue oscilando com base em indicadores gráficos uma vez que a falta de novidades fundamentais é consenso entre os analistas.

O contrato março/17 encerrou o dia cotado a 139,20 cents/lb com 40 pontos de baixa, o maio/17, referência de mercado, anotou 140,95 cents/lb com desvalorização de 30 pontos. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia a 143,15 cents/lb com recuo de 45 pontos e o setembro/17, mais distante, também caiu 45 pontos, a 145,40 cents/lb. Essa é a segunda sessão consecutiva de queda.

De acordo com a analista de mercado da Origem Corretora, Anilton Machado, há vários pregões que o café não consegue apresentar mudança. É um mercado de oscilação curta que acumula altas e baixas, mas sem sair do teto apresentado. Para ele, um fator que poderia estimular altas são os fundos, mas estes trabalham em posição cautelosa. O analista também não acredita em uma queda, definindo a situação como um "marasmo nos últimos dias".

A falta de novidades no mercado também foi destaque em relatório recente do analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville, que disse que "não há nada de muito novo para o mercado absorver". A demanda dos torrefadores não tem sido forte, embora vários deles estejam comprando futuros para corrigir os diferenciais de compras feitas anteriormente.

Em menor intensidade do que nas últimas sessões, a melhora do clima no cinturão produtivo do Brasil também contribui para a queda no mercado. Uma frente fria levou chuvas na terça (14) para a divisa de São Paulo e Minas Gerais. No entanto, ela perdeu forças e deve acontecer de forma pontual entre o Espírito Santo e Paraná nos próximos dias. Na sexta, o tempo volta a ficar mais instável nessas origens produtoras.

Segundo estimativa do presidente da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), Carlos Paulino da Costa, durante entrevista na 2ª Feira de Máquinas e Implementos Agrícolas, em Coromandel (MG), a produção de café no Brasil, maior produtor e exportador do grão no mundo, deve ficar abaixo do consumo interno e exportação neste ano.

"Dentro de uma média [levando em conta várias estimativas], a produção vai ser inferior ao consumo. A produção está mais ou menos entre 47 a 48 milhões de sacas e o consumo é de 52 a 53 milhões, entre exportação e consumo interno", disse Paulino.

» Cooxupé vê safra 2017 de café do Brasil abaixo do consumo interno e exportação

Mercado interno

Os negócios com café seguiram lentos durante o dia nas principais praças de comercialização do Brasil. Os preços ofertados não atendem às expectativas dos produtores e apenas negócios isolados são formalizados. Além disso, poucos cafeicultores ainda tem café disponível. "Quem guardou café é aquele que acreditava que, na entressafra, teria preços bons no mercado", disse Machado. A demanda, em contrapartida, também é curta, uma vez que os compradores utilizaram da mesma lógica para realizar as suas compras.

Para o presidente da Cooxupé, os patamares atuais de preço não remuneram bem os produtores. "Os preços entre R$ 470,00 e R$ 500,00 a saca não dão rentabilidade e alguns nem tem lucro. De modo que eles [produtores] têm que estar muito atentos a gestão de sua propriedade para poder sobreviver dentro desse preço".

O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação no dia em Espírito Santo do Pinhal (MG) com R$ 530,00 a saca e queda de 1,85%. A maior oscilação no dia dentre as praças ocorreu em Poços de Caldas (MG) com R$ 518,00 a saca e baixa de 3,00%.

O tipo 4/5 anotou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com 543,00 a saca e alta de 7,74%. Foi a maior oscilação dentre as praças no dia.

O tipo 6 duro teve maior valor de negociação nas cidades de Araguari (MG) (estável), Franca (SP) (estável) e e Média Rio Grande de Sul (-0,99%), ambas com R$ 500,00 a saca. A maior oscilação no dia ocorreu em Varginha (MG) com queda de 3,00% e saca a R$ 485,00.

Na terça-feira (14), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 490,58 com queda de 0,09%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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