Café: Bolsa de Nova York fecha semana com queda de mais de 2% com disparada do dólar antes do carnaval

Publicado em 24/02/2017 17:31

A semana para o café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) foi de baixa acumulada, principalmente por conta da queda acentuada registrada nesta sexta-feira (24). O vencimento maio/17, referência de mercado, saiu de 149,55 cents/lb na sexta passada (17) para 146,25 cents/lb na sessão de hoje. Isso representa uma queda acumulada de 2,21%. O mercado recuou acompanhando o câmbio, antes do feriado prologando de carnaval, mas oscilou durante toda a semana com base em indicadores técnicos e clima no Brasil.

Nesta sexta-feira, as cotações futuras da variedade na ICE iniciaram o pregão praticamente estáveis, mas logo recuaram forte diante da subida de mais de 1% do dólar ante o real, fator que impacta diretamente nas exportações. Com isso, os vencimentos mais próximos voltaram para o patamar de US$ 1,45 por libra-peso. "Tecnicamente os fechamentos externos para o café podem ser considerados de neutros a preocupantes. Sem fatos novos o mercado perde pegada e sustentação", ressaltou em seu boletim diário Dia a Dia no Campo o analista de mercado da Maros Corretora, Marcus Magalhães.

O vencimento março/17 fechou a sessão de hoje cotado a 144,40 cents/lb com 345 pontos de baixa, o maio/17 anotou 146,25 cents/lb com desvalorização de 370 pontos. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia cotado a 148,50 cents/lb com recuo de 370 pontos e o setembro/17, mais distante, caiu 365 pontos, a 150,80 cents/lb. Essa foi a terceira sessão seguida de baixa no mercado.

A disparada do dólar nesta sexta foi o principal fator responsável pela queda acumulada no mercado. Ontem, por exemplo, o contrato maio/17 estava cotado em 149,95 cents/lb – mais alto do que o fechamento na semana passada. Às 16h41, o dólar comercial avançava 1,75%, cotado a R$ 3,110 na venda, depois de ter fechado a R$ 3,0565 na véspera, menor nível desde 21 de maio de 2015. Segundo agências, os investidores se protegem diante do carnaval no Brasil.

"É normal o mercado se proteger em feriados longos, isso não significa mudança na trajetória de baixa (do dólar)", comentou à agência de notícias Reuters um profissional da mesa de câmbio de uma corretora nacional.

Com o dólar mais alto, as exportações brasileiras tendem a ganhar competitividade e, com isso, os operadores no terminal externo ajustam as cotações da variedade. Durante a semana, a divisa mais baixa, chegando a R$ 3,05, deu suporte às cotações do arábica no terminal externo com ganhos de mais de 200 pontos na segunda-feira, mas realizações de lucros foram registradas nos dias seguintes.

Tecnicamente, o mercado também demonstrou fraqueza, o que só ampliou as perdas na sessão. "O contrato de maio não conseguiu se manter acima de US$ 1,50/lb, que é o nível em torno da média móvel de 200 dias, e caiu abaixo da média móvel de 50 dias", reportou a Reuters. "As cotações não estão conseguindo forças para se deslocarem acima dos US$ 150,00 cents/lb", disse o analista da Origem Corretora, Anilton Machado, em relatório ontem (23).

Também dá pressão ao mercado do arábica na Bolsa as indicações de melhores condições climáticas para as lavouras de café nos próximos dias, após calor e poucas chuvas recentemente. O NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), dos Estados Unidos, por exemplo, aponta precipitações acumuladas entre 30 e 50 milímetros no Paraná, São Paulo, Cerrado e Sul de Minas Gerais até segunda-feira.

Em uma previsão mais estendida, a Climatempo prevê ocorrência de chuvas não generalizadas sobre o cinturão cafeicultor até o final de fevereiro. Os acumulados poderão variar de 50 a 100 milímetros. No entanto, o tempo permanecerá seco no norte do Espírito Santo. Apenas entre 28 de fevereiro e 4 de março chuvas mais abundantes deverão favorecer todo o Estado capixaba. As informações são do CNC (Conselho Nacional do Café).

Importação de café robusta

Na semana, o presidente Michel Temer decidiu suspender provisoriamente a importação de café robusta do Vietnã após parlamentares e produtores de café apresentarem dados para o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, e também para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira, apontando estoques de café suficientes para abastecer o mercado nacional e que a medida seria prejudicial à todos os produtores comercialmente, além da possibilidade de entrada de pragas no país.

Segundo o diretor interino do Departamento de Café, Cana-de-Açúcar e Agroenergia, da Secretaria de Política Agrícola da pasta, Silvio Farnese, a importação ainda poderá ser realizada pelas indústrias do país, mas será necessária uma pré-aprovação do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). A medida é a mesma que foi tomada no ano passado com as importações do Peru.

"A partir de agora, além de todos os trâmites com o MDIC [Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços] o pedido de importação terá que ser aprovado pelo Mapa, que fará uma anuência prévia, e terá prazo de até 60 dias para responder ao pedido dos solicitantes de importação", disse o executivo da Secretaria vinculada ao Mapa. "Isso pode ser revisto, claro, mas essa é a decisão no momento", ressalta Farnese. 

Leilão da Conab

Foram arrematadas 97,35% (146,14 mil sacas de 60 kg) de um total de 150 mil sacas de café arábica ofertadas no leilão público da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) realizado nesta quinta-feira (23) (aviso nº 036/2017). Os preços iniciais estabelecidos pela Companhia, dependendo do lote, foram de R$ 430,72 e R$ 480,00 a saca, sem ICMS incluso. Com a venda de quase toda a oferta de café, o governo arrecadou R$ 69,36 milhões.

Mercado interno

Os negócios nas praças de comercialização do Brasil seguiram lentos durante toda a semana, ainda que em algumas localidades os preços permaneceram em cerca de R$ 500,00 a saca, diante das quedas recentes nos preços internos e das dúvidas dos produtores em relação aos desdobramentos com a importação de robusta, que seria inédita no país. Com a forte queda externa nesta sexta-feira, nada mudou. "Apesar das baixas internacionais o mercado interno não ganhou corpo. A liquidez é curta", afirma Marcus Magalhães.

No fechamento semanal, predominou as baixas nas praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas.

O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Guaxupé (MG) com alta de 3,25% (-R$ 18,00), encerrando a R$ 535,00 a saca. A cidade com maior valor de negociação dentre as praças no período foi Espírito Santo do Pinhal (SP) com R$ 560,00 a saca e alta na semana de 1,89% (+ 10,00).

No tipo 4, a maior variação na semana também foi registrada em Guaxupé (MG), com desvalorização de 3,14% (-R$ 17,00) e saca a R$ 525,00. Ainda assim, a cidade segue com o maior valor de negociação junto com Franca (SP).

O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Guaxupé (MG) com queda de 4,85% (-R$ 25,00) e saca a R$ 490,00. A praça com maior valor no período foi Média RS com R$ 525,00 a saca e alta de 0,96% (+R$ 5,00)

Na quinta-feira (23), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 510,09 com queda de 0,11%.

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Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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