Bolsonaro fecha acordo com China e amplia espaço do agro BR nos demais países do BRICS
A nova fase da economia brasileira e um novo modelo econômico que busca ser implementado pela equipe do governo federal passam por um momento importante ao sediar a XI Cúpula do BRICS - formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - este ano. A presidência do bloco - que está com o Brasil - acontece a cada cinco anos e vem consolidar essa nova fase, segundo acredita o Secretário-Adjunto de Comércio e Relações Intenacionais do Mapa, Flávio Bettarello.
"É muito raro estes cinco líderes - o presidente Jair Bolsonaro; presidente chinês Xi Jinping; presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa; presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi - estarem juntos em uma mesma oportunidade e isso está acontecendo no Brasil", diz.
Foto: Reuters
Bolsonaro vem cumprindo agendas com os líderes e chefes de estado reforçando que seu governo busca, de fato, um comércio mais amplo e aberto, afirmando, nesta quinta-feira (14), que a política externa tem "os olhos postos no mundo", mas que coloca o Brasil “em primeiro lugar”.
Durante dois dias de conferência em pauta estão importantes acordos comerciais, investimentos, oferta, demanda, infraestrutura e novas dinâmicas para o comércio global. As relações bilaterais são as agendas mais fortes e têm trazido importante progresso para o Brasil, como explica o professor sênior do Insper, Marcos Sawaya Jank.
"Onde vemos muito avanço é no campo das relações bilaterais. Vemos a China um pouco mais aberta nos últimos anos, o ministro Paulo Guedes falando em livre comércio - apesar de algumas dificuldades que possam ser encontradas - e a reunião mais importante foi, de fato, a do presidente Jair Bolsonaro com Xi Jinping", diz.
Dos nove atos firmados com a China, ainda segundo Bettarello, três foram relacionados ao agronegócio, contemplando importação e exportação de frutas e um plano de colaboração agrícola. Além disso, o secretário do MAPA relata ainda que todas as agendas têm sido baseadas fortemente em ciência, tecnologia e sustentabilidade. O objetivo é o de firmar o Brasil como uma potência "agroambiental".
"Das dez recomendações que os empresários apresentaram aos líderes duas dizem respeito ao agronegócio. Uma delas é sobre a importância em avançarmos em biotecnologia e a outra sobre temas sanitários e fitossanitários não sejam utilizados como barreiras protecionistas. Então, a mensagem foi realmente da promoção de um comércio justo, equitativo, e nosso agro tem sempre muito destaque" explica o representante do ministério. No link abaixo, veja sua entrevista ao Notícias Agrícolas na íntegra:
Segundo o professor, as reuniões do BRICS, geralmente, não possuem fortes agendas comuns em agricultura, embora tragam algum avanço em determinadas negociações, como a questão das frutas anunciada nesta semana entre chineses e brasileiros. Os presidentes assinaram um acordo de exportação de melão à nação asiática - a primeira fruta a ser exportada para os chineses - enquanto, em contrapartida, o Brasil irá importar pêras de seu parceiro comercial.
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Jank destaca ainda o bom momento das proteínas animais e da intensa demanda da China pelo produto brasileiro. "Vemos uma China um pouco mais aberta agora por conta da guerra comercial e da Peste Suína Africana", o que já permitiu com que o Brasil acumule ainda mais plantas frigoríficas - de carne bovina, suína e de frango - habilitadas a exportar para o país asiático.
Somente na última segunda-feira (12), foram mais 13 novas habilitações, com a notícia sendo muito recebida pelo mercado brasileiro. Os impactos no aumento total de volume e de geração de receitas com essa nova ação ainda estão sendo calculados, porém, os preços do boi, por exemplo, têm renovado suas máximas históricas diariamente.
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Nas negociações com a Rússia foram discutidas as relações comerciais em torno do setor de fertilizantes, de onde o Brasil importa grandes volumes. Além disso, a retomada das exportações de proteínas - que apresentou uma baixa nos últimos anos - também esteve em pauta, com a apresentação de uma proposta no campo sanitário de aprovação do sistema já reconhecido para a habilitação das plantas, ao invés de habilitá-las uma a uma.
Com a Índia todo seu potencial consumidor de alimentos, além de uma preparação para uma visita oficial que Bolsonaro pretende fazer ao país no início de 2020, para a qual a ministra da Agricultura, Tereza Cristina já foi convocada. "A demografia do mundo vai se concentrar na Ásia e, principalmente, neste dois países (China e Índia). A China já quase estabilizou seu crescimento populacional, enquanto a Índia continua crescendo muito, provavelmente passando a China como o país mais populoso do mundo, e ambos verificam um grande incremento de renda. Então, cada vez mais pessoas na classe média, consumindo produtos importantes como as nossas proteínas", explica Betarello.
INVESTIMENTOS E INFRAESTRUTURA
Paralelamente às discussões sobre a compra e venda de produtos, a captação de recursos e o direcionamento de investimentos na infraestrutura brasileira também ocupam espaço nas reuniões. Segundo noticiou a agência Reuters, a China deverá anunciar um bilionário investimento no Porto de São Luís com a China Communications Construction Company (CCCC).
Este deverá ser, ainda de acordo com a Reuters, o "projeto de investimento estrangeiro direto anunciado para o país neste ano".
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Do total de exportações agrícolas do Brasil, 40% são destinados à China então, "faz muito sentido que eles anunciem investimentos como este, que a China faça isso", diz o professor Marcos Jank. "E todo investimento é bem vindo", completa. Jank, que é especialista em Ásia quando o assunto é agronegócio, diz ainda que as questões de investimento em infraestrutura e logística também deverão ter um espaço cada vez maior em agendas comuns dos BRICS.
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Em recente entrevista ao Notícias Agrícolas, Gustavo Spadotti, Supervisor do Grupo GTE da Embrapa Territorial, reforçou a necessidade que o Brasil tem de refazer suas estratégias logísticas para manter e ampliar ainda mais sua competitividade não só no setor agropecuário, mas em todos os demais. Assim, reconhece a necessidade que o pais tem de manterm também sua competência na captação de recursos.
"O Brasil tem procurado reformas estruturais que reduzam a insegurança jurídica do país e estas reformas estando prontas o potencial de captação de recursos frente ao mundo é muito grande. Hoje já somos o quarto país que mais capta recursos no planeta todo e isso tende a melhorar com todas essas reformas que estão sendo propostas", explica Spadotti.
Assim, "com a tomada de capital externo com taxa de juros abaixo do mercado brasileiro pode ser uma alternativa extremamente valiosa para conseguirmos deslanchar e destravam as principais obras estruturais que o Brasil precisa para garantir um escoamento em um cenário bastante promissor que temos pela frente", completa.
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ACORDOS E LIVRE COMÉRCIO
"Essa relação bilateral (entre China e EUA) em várias áreas, inclusive com aceno de agregarmos valor ao que produzimos, é muito bem-vinda", disse o presidente brasileiro ao lado do chinês, Xi Jinping, reforçando que a cúpula do BRICS tem, de fato, sido espaço para que os acordos e relações bilaterais seja firmados e consolidados.
A equipe do presidente brasileiro vem trabalhando, desde que assumiu o país, para ampliar e fortalecer o livre comércio, enquanto boa parte do mundo tem se voltado ao protecionismo. Surfando nesta onda, o Brasil alinha suas relações com a China, o ministro da economia Paulo Guedes fala em uma área de livre comércio e o secretário de Comércio Exterior da pasta, Marcos Troyjo, fala em ampliação da pauta exportadora para o país asiático.
Da mesma forma, China e Brasil assinaram, além dos acordos comerciais, um plano de ação para a agricultura contemplando áreas como investimentos, comércio, inovação científica e tecnológica e políticas agrícolas no intervalo de 2019 a 2023.
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"Eu sou um adepto de acordos. Com eles você tem ao menos as regras básicas nesse acordo. Então, não podemos esquecer que o agronegócio é de capital intensivo, e tudo que é de capital intensivo tem fatores que são determinantes para o avanço ou não do setor e dois deles são previsibilidade e segurança jurídica. Quanto mais previsível e seguro o ambiente de negócios, melhor são os investimentos, os retornos. Então, se há alguns acordos que dão mais segurança e previsibilidade, melhor se caminha", diz o CEO da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio). Luiz Cornacchioni.
AGRO DO BRASIL NOS EUA
Enquanto o governo federal firma acordos por aqui, nos Estados Unidos outras lideranças e instituições de classe estiveram em um evento realizado em Washington para fortalecer a imagem do agronegócio, como foi o caso de Cornacchioni.
O Diálogo sobre Alimentação e Agricultura Sustentável: um Modelo Baseado na Ciência foi realizado nestapela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) quarta-feira (13) com o objetivo de fortalecer a imagem do agronegócio brasileiro entre lideranças estrangeiras.
O evento teve como pauta principal, segundo o professor doutor Marcos Fava Neves, professor das faculdades de administração da USP e FGV e especialista em planejamento do agronegócio, construir uma agenda baseada no diálogo, convergência de ideias, esclarecimento de dúvidas e desmistificação de notícias falsas sobre o Brasil no exterior.
No link abaixo, veja a entrevista na íntegra de Fava Neves e Cornacchioni ao Notícias Agrícolas, direto da capital americana:
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