Agricultor brasileiro usa água corretamente na produção de alimentos, mas modelo em vigor eleva custos de produção

Publicado em 21/08/2015 10:35

Coordenador de Sustentabilidade da CNA diz que é preciso acabar com o mito de que o produtor rural é perdulário no uso da água na irrigação

Brasília (20/08/2015) - É preciso acabar com o mito segundo o qual o produtor rural faz uso indevido da água no plantio de grãos, uma vez que o “agricultor usa água para produzir alimentos e essa operação envolve um elevado custo econômico que provoca forte impacto no custo final da cadeia produtiva”, afirmou o Coordenador de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias Filho, durante os debates do seminário “Água em Debate, uso sustentável da água na agricultura: desafios e soluções”, ocorrido nesta terça-feira, (18/08) na sede  da entidade em Brasília.

Para o especialista da CNA, além do fato de o agricultor usar a água como um bem econômico na produção de alimentos, não é possível esquecer os custos financeiros adicionais, caso da utilização da energia elétrica na irrigação, cujo custo praticamente dobrou nos últimos dois anos, e já representa quase 40% do gasto final do agricultor nos projetos de irrigação.

Nelson Ananias aproveitou a oportunidade e informou que estudos recentes, da Universidade de Campinas/Instituto Esalq, (SP),  mostraram que o potencial de áreas irrigáveis no Brasil é de 47 milhões de hectares, e não de 60 milhões, conforme dados anteriores, tendo em vista as áreas de proteção ambiental e outras restrições para o plantio definidas no recente Código Florestal, aprovado em 2013 pelo Congresso Nacional.

Meta ainda conservadora - A área irrigada no Brasil atualmente alcança 6 milhões de hectares. E a meta oficial é aumentar esse total em 1,5 milhão de hectares no decorrer dos próximos quatros anos, informou durante o Seminário o Coordenador Geral de Infraestrutura Rural e Logística da Produção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Demetrios Christofidis. Segundo o representante do Mapa esta é “uma projeção conservadora e o país poderá superar a projeção”. O Brasil ainda está distante dos “gigantes” Índia e China que possuem as mais extensas áreas irrigadas do planeta.

De acordo com o representante da CNA, a agricultura irrigada tem vantagens comparativas em relação à de sequeiro. A agricultura irrigada gera um Valor Bruto da Produção (VBP) 110% a mais, em comparação ao modelo tradicional de plantio. Assim é que se o país conseguir irrigar todos os 47 milhões de hectares de terras disponíveis, será possível garantir um VBP de R$ 152 bilhões, montante superior em 73% aos números atuais.

Na opinião do Coordenador de sustentabilidade da CNA, existem vários desafios a serem vencidos para tornar a irrigação no Brasil ainda mais competitiva. Um deles está relacionado aos gargalhos existentes na logística. A situação atual impede o acesso às propriedades para aporte de insumos e escoamento da produção. Outro obstáculo está no custo da energia elétrica nos projetos de irrigação, cujas tarifas encarecem o custo final do agricultor.

O licenciamento ambiental é outro dado importante no modelo de irrigação. As normas vigentes dificultam a intervenção do produtor nos cursos d’água para promover a “reservação”. Segundo Nelson Ananias, “esta intervenção não somente garante água para o sistema produtivo, mas também para o abastecimento humano”. Enfim, avalia, “a água existe em quantidade suficiente no Brasil, o que falta é gerenciamento, mais pesquisas e valorização do produtor rural”.

Fonte: CNA

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