Soja: Segue instabilidade no mercado
Embora, o feriado prolongado na China (devido às comemorações do ano-novo lunar) não seja o melhor momento para referenciar este cenário, afinal de contas a demanda do gigante asiático tende a retrair pontualmente, é factível que a principal preocupação dos agentes em qualquer parte do globo, permanece sendo a solidez da demanda por commodities agrícolas. Com a estabilização das expectativas de colheita na América do Sul, após a regularização da umidade sobre as lavouras da região (ao menos temporária), o mercado questiona-se sobre qual será o ritmo de expansão da demanda das economias emergentes (principalmente China quando fala-se em soja) em 2011 e, com isso qual seria a área de plantio necessária nos EUA, de forma que o quadro fundamental do país possa ao menos estabilizar.
Definitivamente, se 2010 fora o ano em que a preocupação com a inflação alimentar esteve no foco dos agentes, 2011 será o ano marcado pela atuação dos governos através de políticas contracionistas de forma a reduzir o ritmo de expansão das economias emergentes. Realmente este aspecto é relevante na análise macro porém, cabe ressaltar que o impacto deste processo sobre a demanda por commodities alimentares naturalmente tende a ser mais limitado. Esta expectativa reflete na prática, o processo de proporções muito mais amplas que alicerça o aumento do poder de compra de populações emergentes e, com isso a alteração no padrão de dieta destes povos. Neste processo, um dos principais aspectos decorrentes é que, a elasticidade da demanda alimentar reduz-se sensivelmente. Assim sendo, embora o ritmo de expansão do PIB de economias como a China possa refrear de 10% para 9%, a Índia de 9,5% para 8% e o Brasil de 7,5% para 4,5%, dificilmente a expansão da demanda alimentar tende a sofrer maiores percalços. Frente a este quadro, a necessidade de incentivo à produção parece clara e, a suscetibilidade a riscos climáticos extrema.
Em função disso, o mercado referencia um dilema neste momento. O menor risco de oferta na América do Sul, combinado a possibilidade de retração sazonal na demanda externa norte-americana e uma maior incerteza macroeconômica, poderiam resultar em uma liquidação sazonal por parte de fundos para um posterior ajuste de carteiras ao que promete ser um intenso período de “weather market”? Ou a percepção macro favorável atrelado a demanda, decorrendo na necessidade primordial de incentivo ao plantio nos EUA continuará ofuscando qualquer movimento mais forte de realização como temos observado até então?
Sem dúvida a primeira hipótese não pode ser descartada, afinal de contas o saldo comprado de fundos é próximo do recorde histórico, assimilando posições com grandes rentabilidades e, um quadro macroeconômico relativamente mais conturbado (vejam o que o Egito causou nos mercados recentemente). Por outro lado, embora esta expectativa já tenha sido esgotada neste espaço, mantém-se a percepção de que, maiores perdas tendem a permanecer com grande suporte seja pela atuação comercial, seja pelo interesse especulativo.
Preços mais manteriam um ritmo agressivo na expansão da demanda, ao mesmo tempo em que, reduziria o incentivo econômico ao cultivo da oleaginosa. Em qualquer análise simples, este quadro parece um tanto distante da real problemática do mercado da soja neste momento (ao menos até que o realismo, apenas uma das muitas faces do mercado, permanecer direcionando os agentes).
Boa semana e bons negócios.