Açúcar, por hEDGepoint Global Markets: Brasil mantém tom baixista
Como previsto, a entrega de açúcar em março foi robusta, quase igualando os níveis observados em 2022. O Brasil, sozinho, foi responsável por um volume de 1,3 Mt. Aproximadamente 980kt estão programados para carregamento em Santos, com o restante distribuído entre Maceió e Paranaguá. A grande entrega e um movimento de “squeeze” no mercado levaram a um preço final mais baixo, em 22,58 c/lb - já esperado pela maioria dos participantes do mercado.
O momento em que o contrato de maio assumiu o primeiro plano mostrou-se desfavorável para os investidores altistas. Não apenas uma entrega mais alta ressalta o conforto de curto-prazo há muito debatido, mas os indicadores recentes que sugerem que as safras de açúcar dos principais produtores, Índia e Tailândia, estão superando as expectativas iniciais nos estágios finais da colheita da cana-de-açúcar aumentam a pressão de baixa.
Além disso, os dados da Williams indicam que fevereiro de 2024 deverá permanecer na faixa superior dos dados históricos realizados para as exportações totais brasileiras, podendo até mesmo superar os registros anteriores. Com aproximadamente 2,75 Mt já exportadas e embarques adicionais ainda a serem confirmados, é possível que a SECEX registre mais de 3 Mt em exportações no mês.
O desempenho robusto da entrega dos contratos de março também aumenta as expectativas para as exportações de março, dando mais força ao Brasil como principal contribuinte para o equilíbrio de curto prazo e sentimento baixista.
Portanto, não é de se admirar que maio não tenha registrado ganhos em sua primeira sessão, estabelecendo-se perto de 21 c/lb, o mercado ainda está cauteloso e os fundamentos estão apontando para um momento de baixa. O spread maio/julho permaneceu bastante estável durante a semana, sugerindo que ainda não há consenso com relação ao desenvolvimento da safra 24/25 do Centro-Sul, e esse ainda é o principal risco que pode levar a uma reação dos preços.
A falta de uma boa quantidade de chuva pode interromper o crescimento da cana, afetando a produtividade e resultando diretamente em uma menor disponibilidade de matéria-prima.
Conforme discutido anteriormente, as chuvas foram esparsas, mas melhoraram em fevereiro. Portanto, acreditamos que ainda é prematuro prever uma grande redução na safra, mas a seca de dezembro e janeiro não pode ser ignorada. Em resposta, ajustamos nossas expectativas de cana para baixo, de 620 Mt para 615 Mt.
No entanto, lembre-se de que ainda há tempo para a cana amadurecer, especialmente porque as usinas ainda têm algum volume de 23/24 para moer antes de iniciar a nova temporada, o que possivelmente permitirá um maior desenvolvimento. Sem mencionar que a idade média da cana é um pouco menor do que nas temporadas anteriores.
As condições climáticas permanecem, portanto, cruciais, com potencial de melhora, levando a um aumento no volume de cana e pressão nos preços, ao mesmo tempo em que representam um risco de alta se as condições piorarem.
Apesar da revisão da cana, nossa estimativa de produção de açúcar aumentou ligeiramente de 41,8Mt para 41,9Mt, atribuída a um mix de açúcar mais alto, potencialmente superior a 51% devido a investimentos em cristalização. Isso deve contribuir para que a região siga compensando o déficit do Hemisfério Norte. Embora os resultados de curto prazo deste último também tenham melhorado, o desenvolvimento de sua safra 24/25 permanece desconhecido e difícil de prever, especialmente na iminência do La Niña.
Em resumo, o mercado está se inclinando para o lado baixista da equação com a melhoria das perspectivas da safra atual do Hemisfério Norte e a capacidade do Brasil de abastecer o mercado global. No entanto, com a transição do contrato de março para o de maio, a próxima temporada começa a roubar os holofotes e muitos riscos ainda estão em jogo. Embora acreditemos que ainda seja cedo para prever uma grande revisão na disponibilidade de cana do CS 24/25, a seca de dezembro e janeiro não pode ser ignorada.
*A hEDGEpoint Global Markets é uma empresa especializada em gestão de risco, inteligência de mercado, e execução de hedge para a cadeia de valor global de commodities, com larga experiência nos mercados agrícolas e de energia. Está presente em cinco continentes e oferece aos clientes produtos de hedge baseados em tecnologia e inovação, mantendo o cliente como ponto central de todos os processos. A companhia trabalha com mais de 60 commodities e mais de 450 produtos de hedge em sua plataforma.