Supersafra e novos mercados exigem mais crédito e investimentos do produtor brasileiro, por Wolney Arruda
O agronegócio brasileiro segue na missão de garantir a segurança alimentar e energética em escala global, sem abrir novas áreas, apenas investindo em tecnologia, manejo e pesquisa. Mas produzir no celeiro do mundo não é tarefa fácil. O atual cenário do país tem provocado um ambiente de incertezas para os investimentos, obrigando alguns produtores colocarem o pé no freio e aguardar.
Além da insegurança jurídica provocada pelas invasões de terras, que afastam investimentos internos e externos, o produtor também está preocupado com as questões políticas de subsídios engavetados. Outras dúvidas ainda pairam pelo ar: o volume de recursos do Plano Safra 23/24 será suficiente? O produtor terá acesso ao crédito no momento necessário? Vou além, e os juros?
Sem crédito não há produção, por isso o produtor busca alternativas que estão próximas à realidade de quem vive no campo. Os relatos de quem vive dentro da porteira, não são compreendidos por quem pisa apenas no asfalto. A ideia de um banco feito por um produtor rural traz o olhar de quem conhece as intempéries da atualidade, e entende a missão de produzir alimento, emprego e renda.
No outro lado da cerca, no campo da economia, a queda expressiva dos preços dos grãos, como soja e milho, inflama esse impasse. A mercadoria segue parada no porto, o produtor fica apreensivo para negociar, as cotações não melhoram, o câmbio não coopera, uma sucessão de fatos que travam os investimentos.
Para quem produz carne bovina, a recente reabertura para o mercado chinês e a retomada gradual dos embarques dão um fôlego, mas deixam os pecuaristas em alerta com a centralização de mercado. Enquanto isso, os grãos mais baratos criam um cenário otimista para o invernista.
O mundo tem oito bilhões de habitantes, que precisam de alimento saudável e nutritivo. Lá fora, a guerra segue no leste europeu e em outros países. O Brasil tem a solução para a fome e também para o cessar-fogo. Parafraseando o professor emérito da FGV Agro, Dr. Roberto Rodrigues: “o agro é paz”. Alimento para todos é a chave para a pacificação global.
É preciso olhar esses exemplos e tornar essa jornada menos árdua. A tecnologia empregada nas sementes trouxe mais uma supersafra, as sementes resistentes e o manejo correto diminuiu a dependência climática. Por falar em clima, produzimos mais, em menos área. O último levantamento da Embrapa mostra que a soma das áreas protegidas e preservadas no Brasil totaliza 423 milhões de hectares, algo em torno de 49,8% do Brasil. Isso equivale a oito países da Europa. Não é um discurso ufanista, mas sim fatos que calam os argumentos.
Finalizo esse artigo em tom otimista. Dentro e fora da porteira, a nação verde e amarela é forte e guerreira. O produtor rural tem os insumos essenciais: FORÇA E CORAGEM para seguir com as máquinas a campo ou engordando a boiada. Afinal, nem a pandemia nos parou.
* Wolney Arruda, produtor rural e presidente do Banco Plantae, analisa as oportunidades do agro em tempos desafiadores