A importância da utilização de fungicidas multissítio na cultura da soja, por Caroline Wesp Guterres

Publicado em 07/02/2020 12:00

A resistência dos fungos aos fungicidas tem colocado à prova os manejos tradicionais para controle de doenças da soja. No Brasil, já é conhecida a menor sensibilidade de Phakopsora pachyrhizi, agente causal da ferrugem, aos principais grupos de fungicidas utilizados no manejo da doença (triazois, estrobilurinas e carboxamidas). Existem ainda, relatos de resistência de mancha alvo aos benzimidazóis, da mancha olho de rã às estrobilurinas e, mais recentemente, na Bolívia, do crestamento de cercospora às estrobilurinas. Dentre as práticas que contribuem para o aparecimento da resistência dos fungos aos fungicidas estão, além de características inerentes de cada patógeno, a utilização de fungicidas somente em ações curativas, a realização de intervalos muito longos entre as aplicações, a utilização de sub-doses ou doses muito maiores do que as recomendadas pelos fabricantes, o uso repetido do mesmo fungicida em aplicações sequenciais, a presença de plantas voluntárias na entressafra e a baixa utilização de fungicidas multissítios.

Os fungicidas multissítios são ferramentas essenciais no manejo de doenças. Estes reduzem os riscos de desenvolvimento de resistência em função de atuarem em diversos locais da célula dos fungos, contribuindo para a sustentabilidade do manejo e para o controle mais efetivo de doenças.

Além do uso de fungicidas multissítio, outras estratégias, como a semeadura em período recomendado, a utilização de cultivares de ciclo mais precoce e de cultivares com genes de resistência à ferrugem, a adoção do vazio sanitário e o uso de fungicidas de acordo com seu modo de ação, são importantes para prolongar a vida útil dos fungicidas sítio específicos disponíveis no mercado.

Caroline Wesp Guterres possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Passo Fundo (2002), mestrado (2005) e doutorado em Fitotecnia (Fitopatologia) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (2011) e trabalha como pesquisadora na área de Fitopatologia na Cooperativa Central Gaúcha LTDA, em Cruz Alta, RS.

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Por: Caroline Wesp Guterres

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