Por que não devemos nem sonhar em acreditar em Greta?, por Ricardo Augusto Felicio

Publicado em 30/09/2019 10:29

Começarei a dizer que este texto é voltado para pais que realmente se importam com os seus filhos, adolescentes e infantis. Contudo, ele também será escrito para ser lido por esses mesmos adolescentes e crianças. Esse aviso se faz necessário tendo em vista que, se sua mente já foi tomada pelo discurso catastrofista que se repete há décadas e décadas seguidas, pouco ou dificilmente ele fará o efeito necessário: que o mundo não vai acabar pela ação humana. Se ainda restar um pouco de lucidez, entendo que aí ele vai te libertar destas neuroses sistematicamente implantadas em suas mentes.

Desta forma, por que não devemos nem sonhar em acreditar em Greta Thunberg? Porque não sonhamos os sonhos dela! Nossa realidade no Brasil e em diversos lugares do mundo é muito diferente. Nós ainda temos que seguir um longo percurso em conseguir elementos essenciais nas nossas vidas, como água limpa, saneamento básico e energia elétrica, sem as extorsões de interesses internacionais especulativos que visam lucros exorbitantes e não a satisfação e atendimento humano. Necessitamos produzir alimentos cada vez mais baratos e acessíveis que criem rendimentos aos produtores.

Necessitamos de empreendedores que expressem os seus sonhos em uma realidade de execução, não interessando o tamanho destes empreendedores, do micro ao macro. Isto dá emprego, trabalho, renda, uma vida digna e ajuda a alcançar a felicidade. O prazer de olhar para os lados e dizer: venci. Para isto, ainda precisamos sanear leis absurdas e a corrupção que infesta os segundos e terceiros escalões, destravar um mundo já demasiadamente travado da realidade brasileira. Tudo que falo aqui não está baseado em ideologias laterais, mas em senso prático da realidade revelada a nós todos os dias, por quem tem um amor pelo país, um amor pelo próximo e um amor por Deus.

Para os pais, esta é a nossa missão, nossa labuta. Não deixar que os sonhos de vida das nossas crianças e adolescentes sejam tolhidos por ideias malucas e toscas sem nenhum fundamento. Os jovens têm medo de usar o mundo natural do qual fazem parte. Hoje, eles têm medo do Sol, da chuva, de fazerem qualquer coisa, porque isto agride o meio ambiente, como se este fosse uma porcelana intocável, guardada para um jantar especial que nunca ocorrerá. Nós temos inteligência e os recursos humanos mais formidáveis da era da existência humana disponíveis para manipular uma ínfima fração do planeta Terra, com total racionalidade. Não se pode confundir irresponsabilidades extremamente localizadas com o todo do planeta. Isto é inconcebível e deve ser considerado loucura. Loucura esta que não compartilhamos e não devemos aceitar, tanto vocês pais, que leem este artigo, quanto vocês filhos, que estão a trilhar o seu futuro.

O discurso de Greta é nocivo e perigoso. Transmite falta de esperança para quem já está bastante carregado desta mesma falta. Quer levar os jovens ao desespero, à falta de futuro e a um julgamento tosco de uma realidade que é bem diferente da que ela prega. Isto induz as crianças aos pensamentos mais terríveis, levando muitos jovens a cometerem até o suicídio, baseados em uma falácia ambiental sem precedentes. A narrativa também tem o objetivo de destruir a civilização e a propagação dos humanos na Terra. A partir de 2020, por exemplo, a população do Brasil entra no seu processo de autoextinção, tendo em vista que teremos uma taxa de reposição negativa da população. Eis o grande paradoxo, pois estamos nos “pré—ocupando” (com a devida ênfase à palavra) com as pessoas do futuro, meros espectros que não existem e por fim, não existirão, comprometendo o futuro e a vida das pessoas do agora. Isto é a sustentabilidade. Sustentabilidade que sustenta esse tipo de pessoa e seus familiares. Para quem tiver dúvidas, basta procurar o discurso feito por uma menina na mesma situação de Greta, em 1992, na Conferência do Meio Ambiente, no Rio de Janeiro. A menina era Severn Cullis Suzuki, com 12 anos – hoje aos 39 – tem filho, é bióloga e ganha a vida propagando sustentabilidade. É filha de David Suzuki, um dos maiores ativistas ambientalistas que já habitaram as salas de aula, espalhando o seu alarmismo e que foi devidamente retratado por Elaine Dewar, em “Uma Demão de Verde”. Notemos que eles prezam pelas famílias deles, não pelas nossas.

Enfim, este texto é uma mensagem de esperança. A água do planeta Terra não vai acabar. A maior parte da água doce está contida nas geleiras. Temos as águas dos oceanos que podem ser dessalinizadas, coisa que nem o Brasil precisa. Você pai, adolescente ou criança precisa saber que os maiores recursos hidrológicos do planeta Terra estão no Brasil, tanto pela circulação abundante de água que vem pela atmosfera naturalmente, que nada depende de árvores, quanto das maiores reservas de aquíferos mundiais. Dois deles, dentro da listagem dos maiores do mundo, estão no Brasil (SAG Amazônico e Guarani). Não vai faltar água, fique tranquilo! Também não vão faltar árvores, de nenhuma espécie, porque temos reservas imensas no país, além dos maiores e melhores engenheiros florestais do mundo, ou seja, matéria-prima e racionalidade estão juntas. Produzimos e deveremos produzir muito mais alimentos, e fazemos parte dos recordistas mundiais de produtividade e de enriquecimento do solo. Sim, nossos agricultores, de todos os graus, tornaram-se os mais especialistas e técnicos em proteção e nutrição dos solos, bem diferente do que se prega. As temperaturas atuais e as prognosticadas (tanto locais, quanto a média global) não são nenhum problema, pelo simples fato de que já aconteceram no passado (iguais ou maiores), e a vida no planeta continuou a existir. Então, não seria agora, nem no futuro, com muito mais recursos, tecnologias e estudos do que antes, que a vida acabaria. O ser humano é extremamente competente para criar novas saídas aos problemas de fato que surgirem. Fique tranquilo!

Certamente o planeta Terra experimentará temperaturas mais baixas e mais elevadas nas próximas décadas, séculos e milênios, porque é isso que acontece com esta variável do clima, pois ele muda naturalmente com o decorrer do tempo. E ainda assim, como já foi citado em relação à vegetação, os ursos polares, outras espécies animais e os humanos, todos sobreviverão, como fizeram e o fazem agora. Poderia citar dezenas de notícias técnicas boas aqui, mas meu objetivo é outro. Vocês crianças e adolescentes devem procurar a felicidade e esperança e não os problemas. Deixem que nós cuidamos disso. Em determinado tempo de suas vidas, vocês assumirão o seu devido papel de adultos, continuando o nosso trabalho e deverão zelar para que os seus filhos tenham as mesmas felicidades e esperanças. Não precisam se antecipar e somatizar problemas, muitos dos quais, inexistentes. Vocês devem estudar bastante, jogar bola, brincar de carrinho, boneca e bicicleta, realizarem acampamentos, sentar-se ao redor da fogueira, que pode ser acesa sem dó, tomarem banho de Sol e brincarem nas águas, areia, terra e grama. Esses momentos felizes deixarão saudades, mas serão muito importantes para a sua formação e seu caráter no futuro. Este futuro é construído pelos seus atos e decisões da sua vida e não de ambiente.

Esta é a minha mensagem para pais e filhos, unidos em família e em prol do Brasil. Fiquem todos na benção de Deus.

 

Ricardo Augusto Felicio é professor doutor e pesquisador no departamento de Geografia da Universidade de São Paulo.

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Por: Ricardo Augusto Felicio

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