Os danos ambientais do desperdício de alimentos, por João Barossi

Publicado em 13/09/2019 13:29

Novo relatório sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) revela que o desperdício de alimentos gera de 8% a 10% do volume total de gases de efeito estufa produzidos por seres humanos. Se compararmos o volume associado ao problema com a dos países, ele representaria o terceiro maior emissor global, depois de China e Estados Unidos.

O estudo demonstra, portanto, que o desperdício anual de 1,3 bilhão de toneladas, quase um terço do total produzido, não afeta apenas a segurança alimentar, o que já seria suficientemente grave. Prejudica, também, o meio ambiente e agrava os fatores causadores das mudanças climáticas. Um dos dados do trabalho permite dimensionar bem a questão: 38% dos recursos energéticos consumidos pelo sistema alimentar global são utilizados para produzir alimentos perdidos ou desperdiçados. Além disso, quase 30% das terras agrícolas do Planeta são usadas para produzir alimentos que nunca serão consumidos, representando uma área semelhante à do total do continente antártico.

O estudo da FAO observa, ainda, que a prevenção da perda de alimentos pode contribuir para reduzir as emissões do setor agrícola, diminuindo a pressão sobre os recursos naturais e evitando a necessidade de converter terras e expandir a fronteira agrícola. Assim, depreende-se que todos os esforços devem ser feitos no sentido de reduzir o desperdício, desde a colheita até a mesa do consumidor final.

Um dos momentos mais sensíveis da cadeia de abastecimento no tocante ao desperdício dá-se pelo obsoletismo dos entrepostos de comercialização e distribuição dos produtos, associado à logística e transportes ineficientes. O Novo Entreposto de São Paulo (NESP), que será implantado no bairro de Perus, na Capital, corrige esses problemas, pois será um dos mais modernos do mundo, a começar pelo Sistema de Logística Integrada. Todos os boxes estarão conectados a uma central, que gerenciará a entrada e saída de produtos, de maneira ágil, prática e eficiente.

Outros avanços são referentes aos Sistemas Integrados de Identificação e a Central de Caixas (rastreabilidade, higienização, padronização). O Big Data também estará presente no NESP. Com o cruzamento dos dados, será possível encontrar diversas soluções e alternativas logísticas. Haverá, ainda, uma plataforma de e-commerce, inclusive com aplicativos, e um sistema de pregão eletrônico exclusivo para compras de órgãos públicos. No tocante à infraestrutura, o NESP intensificará o uso de energias renováveis e contará com estações próprias para tratamento de água e esgotos. Os boxes terão controle total sobre os gastos de água e luz, por meio de painéis computadorizados, que realizam medições do consumo em tempo real, podendo, inclusive, controlar o quanto se quer gastar.

Considerando a gravidade apontada pelo novo estudo da FAO quanto à ameaça ambiental representada pelo desperdício de alimentos, São Paulo está prestes a se tornar um modelo de sustentabilidade na área do abastecimento de hortifrutigranjeiros e pescados, quando entrar em operação o novo entreposto em Perus.

*João Barossi é Diretor do Novo Entreposto de São Paulo (NESP).

Tags:

Fonte: João Barossi

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Crise no campo: estratégias para salvar o produtor rural da inadimplência e proteger seu patrimônio, por Dr. Leandro Marmo
O início da safra de grãos 2024/25 e as ferramentas que potencializam o poder de compra do agricultor
Produção de bioinsumos on-farm, por Décio Gazzoni
Reforma Tributária: algo precisa ser feito, antes que a mesa do consumidor sinta os reflexos dos impostos
Benefícios da fenação para o bolso do produtor
Artigo/Cepea: Quebra de safra e preços baixos limitam rentabilidade na temporada 2023/24
undefined