Carros da Ferrari na Fórmula 1 utilizarão etanol 2G da Raízen e Shell na temporada 2022

Publicado em 24/11/2021 16:47 e atualizado em 25/11/2021 11:56
Parceria inédita da Scuderia com as empresas levará para a F1 produto que está na vanguarda da sustentabilidade na mobilidade e com possibilidade de atrair mais consumidores
Francis Vernon Queen - Vice-pres. executivo de op. de etanol, açúcar e bioenergia Raízen

A partir da próxima temporada da Fórmula 1, com início marcado para março de 2022, a escudeira Ferrari vai utilizar o etanol de 2ª geração como combustível, na composição com a gasolina. O biocomsbutível será produzido por meio de uma parceria entre Raízen e Shell.

O vice-presidente executivo de operação de etanol, açúcar e bioenergia da Raízen, Francis Vernon Queen, lembrou que a Ferrari mantém uma parceria com a Shell desde 1950, de onde já nasceram novas tecnologias em combustíveis, como é caso V-Power usado atualmente pela equipe na Fórmula 1. A escuderia italiana será a primeira da categoria automobilística a usar etanol celulose, ou de 2ª geração, o que dará visibilidade global para o produto, já bastante procurado por ser vantajoso em termos de tecnologia e sustentabilidade.

Conforme disse Queen, o etanol de segunda 2ª geração, quimicamente falando, é o mesmo produto do etanol comum, o qual já apresenta vantagens em relação à octanagem e potência do motor. A única diferença é a sustentabilidade. De acordo com dados do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), o combustível tem capacidade de reduzir as emissões de CO2 da gasolina em 90%.

Atualmente, a Fórmula 1 utiliza 6% de mistura de etanol na composição da gasolina. No próximo, esse percentual será de 10%. A projeção é de que a categoria use 100% de combustível em 2025 e, conforme destacou Queen, o etanol de 2ª geração se encaixa nesse objetivo.

Ele também apontou que a Raízen hoje é o único produtor do etanol de celulose em escala comercial: “a gente quer dar visibilidade para esse produto e mostrar para mundo que tem escala de produção para a nível comercial”. O vice-presidente executivo também destacou que após a COP26, os países estão discutindo ainda mais as metas de descarbonização. Isso dá ainda mais notoriedade ao combustível, pois pode ser usado em veículos automotores, navio e já é procurado como opção sustentável na aviação.


Potencial da cana-de-açúcar

Outro detalhe destacado por Queen foi o potencial da cana-de-açúcar. “As tecnologias tradicionais das usinas não conseguem extrair todo o potencial da planta. Normalmente se faz a moagem e extrai o etanol. Mas ainda sobra muito subproduto”, afirmou. É aí que entra o etanol de 2ª geração, pois é fabricado com o bagaço e a palha. “A folha fica praticamente toda no campo, é um subproduto não utilizado”, completou.

O etanol de 2ªgeração é fabricado a partir da palha e do bagaço da cana, resíduos que antes sobravam na lavoura e no processo produtivo, que passam por um tratamento de hidrólise e dupla fermentação. De acordo com Queen, o Brasil é o único player global que consegue atender a demanda de produção em nível comercial.

Dessa forma, o objetivo agora é o aumento de produção. “A gente quer aumentar em até 50% nossa produção de etanol sem aumentar 1 hectare de área agrícola”, acrescenta o vice-presidente executivo. Ela afirma ainda que a Raízen pretende ser protagonista na transição energética global. “A gente acredita muito na cana-de-açúcar e seus produtos. O etanol é o único que compete com os combustíveis fósseis nas bombas de forma eficiente”, afirmou.

Nos próximos 20 anos a empresa pretende construir 20 novas plantas de produção de etanol. Atualmente está sendo construída uma segunda planta na cidade de Guariba-SP, com capacidade para produzir 80 milhões de litros por ano. Assim, a expectativa é de que em 2023 seja possível 120 milhões de litros por ano, atendendo um mercado que é bastante receptivo ao combustível, principalmente nos Estados Unidos e Europa.
 

Por: Jhonatas Simião e Igor Batista
Fonte: Notícias Agrícolas

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