Com seca mais severa em 40 anos, áreas de cana podem receber chuvas só no fim de maio
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Entrevista com Celso Oliveira - Meteorologista da Somar sobre o Clima para a Safra de Cana-de-Açúcar
A safra 2021/22 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil continua sendo impactada pelo clima adverso, o que tem feito com que usinas atrasem o início dos trabalhos de colheita e moagem em busca de um melhor desenvolvimento das lavouras. No entanto, a Somar prevê que chuvas volumosas para essas áreas produtoras possam ocorrer apenas no fim de maio.
“Na virada de maio para junho é que as chuvas começam a avançar. Isso acontece porque, embora estejamos em termino de La Niña, a chuva de meio de ano no Brasil é muito dependente da temperatura do Pacífico... Nesse período, teremos um aquecimento das águas que será suficiente para quebrar esse padrão mais seco”, afirma Celso Oliveira, meteorologista da Somar.
O meteorologista destaca que a partir da próxima semana começa a atuar um bloqueio atmosférico que impede a entrada das frentes frias pelo Brasil que poderiam trazer alguma chuva, ficando presas sobre o Sul do Brasil. “Quem está precisando de chuva pra ontem, essa notícia de precipitação somente de maio pra junho sem dúvida nenhuma é um banho de água fria”, pontua.
Veja o mapa com a previsão de chuvas no Brasil na semana entre 22 e 28 de maio:
Fonte: Somar
Neste último verão, o mês mais chuvoso foi dezembro, em cenário já adverso durante 2020. Dados do CPTEC/INPE mostrados pela Somar evidenciam o cenário adverso para a cana-de-açúcar. Na região ao longo do Vale do Rio Paraná, entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, os acumulados no primeiro trimestre totalizam cerca 350 milímetros, quando o normal seria de 600 mm.
“Desde 2012, a região recebe chuvas no trimestre abaixo da média. Se olharmos esse ano de 2021, a gente percebe que ele é parecido com 2014 e 2005, que também foram muito secos, além do início da década de 80... Esse ano pode ser considerado nessa região de Araçatuba e Três Lagoas o mais seco em pelo menos 40 anos”, pontua Oliveira.
O monitor de secas da Agência Nacional de Águas (ANA) de março, inclusive, apontou que áreas do Noroeste paulista chegaram a ter uma seca excepcional pela primeira vez desde que o monitoramento é realizado pela agência, mas outras áreas de cana também apresentaram alguma condição de seca.
“Toda a região produtora de cana-de-açúcar no Centro-Sul sentiu em março o efeito de estiagem, seja mais leve, seja mais forte. Estamos terminando o mês de abril e a gente sabe que a situação não foi muito melhor, as chuvas continuaram abaixo da média”, explica o meteorologista.
Veja o mapa do Monitor de Secas da Cana para o mês de março:
Fonte: ANA